Marco Antônio Martins, do G1, publica números obtidos por um levantamento feito pelo Instituto Igarapé, sobre o número de registro médio por dia de armamentos feitos no Sinarm – Sistema Nacional de Armas da Polícia Federal – para o uso de civis, mas o faz de uma forma que não ajudar a dar a dimensão exata da tragédia armamentista que varre o Brasil.
É que os números são apresentados na forma de “média de registros diários”: passamos de 43 e 46, em 2017 e 2018, para 378 normas registradas em 2019, 2020 e janeiro/fevereiro de 2021.
Impressiona, mas não nos choca como deveria, porque é apavorante.
43 armas/dia, em 2017, são 15.695 no ano; 48 armas/dia ao longo de 2018, são 16.790. Já a média diária de 378 armas de 2019 para cá nos leva ao inacreditável número de 298.620 novas armas em poder da população civil brasileira.
Tirado, pela mesma média, o que se referiria a janeiro e fevereiro de 2021, para poder comparar períodos de dois anos, são 42.485 novas armas no biênio 2017/2020 contra 276.318 no biênio 19/20.
550% de aumento!
O texto fala ainda que esta é apenas uma amostra, porque o ritmo de aquisição de armas segue crescendo – “o número de novos registros de armas de fogo no Brasil aumentou 90% em 2020 em comparação com o ano anterior (2019)” – e pode se multiplicar várias vezes se a decisão da Ministra Rosa Weber suspendendo o decreto de Jair Bolsonaro que dá autorização para 6 a 8 (no caso de cidadãos comuns e policiais) e até 60 armas para “caçadores, atiradores e colecionadores” for derrubada.
Estamos falando em chegar ao final do governo Bolsonaro com meio milhão de novas armas em poder de civis e só alguém muito tolo não percebe que isso é a criação de uma base bélica para milícias de alcance nacional.
E em militares que, não sendo bobos, são omissos ou cúmplices da quebra do monopólio do Estado sobre forças armadas. Assim ,e minúsculas, com “M” de milícia.