O aviso

Quem assistiu a audiência de ontem do comitê da Câmara dos EUA que investiga a invasão do Capitólio e tratou do que fez (e do que não fez) Donald Trump entre o comício em que incitou seus apoiadores a irem ao Congresso para protestar contra a homologação dos resultados da eleição presidencial e, três horas depois, do fim daquela insurreição violenta, que matou nove pessoas, entendeu que o ex-presidente norte-americano não ficou paralisado por qualquer ataque de catatonia que lhe tenha vindo, mas em estado de espera diante dos acontecimentos, para ver até onde a sublevação chegaria.

A audiência teve momentos terríveis, como a das comunicações, por rádio, entre os agentes da segurança do vice-presidente Mike Pence, a quem os insurretos queriam enforcar e cercaram numa ala do Capitólio, para que mandassem mensagens de amor a suas famílias, duvidando que fossem sair vivos dali e inúmeras narrativas de como ele permaneceu inerte durante todo o tempo, embora vendo ao vivo a ação violenta de seus partidários vandalizando a sede do Legislativo.

Adam Kinzinger, ex-veterano da Força Aérea e integrante republicano (como Trump) da comissão, descreveu: “O presidente Trump não apenas deixou de agir durante os 187 minutos entre deixar o Ellipse [ o parque junto à Casa Branca onde reuniu-se com os apoiadores que se dirigiram ao Capitólio] e dizer à multidão para ir para casa. Ele escolheu não agir. A conduta de Donald Trump em 6 de janeiro foi uma violação suprema de seu juramento de posse e um completo abandono de seu dever para com nossa nação”.

Não é possível que entre nós, que temos um notório imitador de Trump na Presidência, as cenas não assustam, até porque no enredo dos nossos vizinhos do Norte, faltaram as Forças Armadas e sobraram assessores e parentes apelando para que se interrompesse os ataques, enquanto aqui teríamos Carluxos e Dudus excitados por mais violência.

Aos militares brasileiros, recomendaria ler a manchete do The New York Times, que reproduzo na ilustração: “Trump traiu seu juramento”.

E os senhores, trairão?

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