Bolsonaro aos jovens: ‘Eu não crio emprego; vocês corram atrás”

Pai de quatro filhos adultos, que nunca precisaram “correr atrás” de emprego, todos com bem pagos mandatos parlamentares, Jair Bolsonaro disse hoje a apoiadores que a juventude se interessa em “ser doutrinada” nas escolas e ficar cobrando empregos ao governo:

Você [que é jovem] tem que correr atrás…Eu não crio emprego. Quem cria emprego é a iniciativa privada. Eu não atrapalho o empreendedor”…

É óbvio que cuidar de emprego para a juventude não se faz através de empregos públicos, mas é claro que o poder público tem de zelar pela criação de emprego para os jovens, dando a eles qualificação técnica e, mesmo para os que não as têm, apoiando setores com baixa exigência de formação e de experiência, como passo inicial para aqueles que não têm condição de avançar na educação sem conciliá-la com a atividade econômica.

O que chama a atenção na fala presidencial, porém, é a falta de empatia do presidente dos brasileiros para com aqueles que se amontoam em filas para buscar, em tempos de desemprego, a conquista ainda mais difícil de um emprego sem ter um currículo profissional antecedente. Eles, mais do que ninguém, sabem que a falta de experiência de trabalho é uma barreira praticamente intransponível para conseguir uma vaga de trabalho, a mais humilde que seja.

Milhares deles, volta e meia, dormem nas calçadas nas filas das pouca ofertas que há e, com pouca idade e nenhuma experiência dividem com os mais velhos a angústia de terem gasto o que não têm com a passagem para mutirões de empregos, apenas para serem recusados.

Mas onde é que Bolsonaro iria aprender a angústia de ver um filho que precisa trabalhar e não consegue? Os dele conseguiram – e dos bons – porque têm um sobrenome, não com uma anotação em carteira.

Emprego de filhinho de papai é mole…

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