A festa da vitória de Artur Lira é o melhor critério que o novo líder do Centrão poderia dar para que a opinião pública saiba do que é verdade e do que é jogo de cena dos novos dirigentes do Legislativo brasileiro.
Ao final da votação, palavras de grandeza enfunavam a máscara do deputado. Duas horas depois, eram os perdigotos trocados com os colegas, as amigas, e com o ministro Luiz Eduardo Ramos, que amealhou-lhe os votos que o festim comemorava.
Artur Lira é assim, um Eduardo Cunha festeiro e com palavras bem articuladas.
A história de que os deputados pretendem instituir uma nova rodada de auxílio emergencial “sem mexer no teto de gastos” é apenas para boi dormir, feito a máscara de Lira.
O país está sem perspectivas econômica que permitam prever aceleração da atividade e, pior, começa a ficar sem a expectativa de que isso aconteça, o que esfria negócios, retarda investimentos e põe o pé no freio de contratações de pessoal.
Do lado da receita, portanto, não há céu azul, diante dos próximos meses cheios de restrições ao setor de serviços.
Além disso, deixo ao leitor imaginar se o Centrão vai concordar com corte de subvenções e isenções fiscais ou com cortes em despesas não essenciais como, por exemplo, os R$ 3 bilhões em emendas que receberam por seus votos.
No Orçamento que espera aprovação – e que ainda vai dar panos para manga – não há espaço para um novo auxílio, exceto se, como o cuidado de Lira e seus colegas de festa, a austeridade fiscal for como a sua máscara antivírus: usa-se em público e joga-se fora no particular.