Oficialmente, Jair Bolsonaro, seu governo e sua base parlamentar, estão “tranquilos” diante do episódio da prisão do pastor e ex-ministro Milton Ribeiro.
“Se tem prisão, é sinal que Polícia Federal está agindo. Ele [Ribeiro] responda pelos atos dele” é, pelas palavras do presidente, o que vai acontecer.
Só que as coisas não acontecem assim e não aconteceria nem que os dois pastores tivessem sido mandados ao MEC por Bolsonaro pelo elevado espírito cristão presidencial.
Porque, tanto no áudio vazado quanto no depoimento dado pelo ex-ministro na fase inicial do inquérito, Ribeiro já deixou estabelecido que os pastores picaretas foram parar no MEC com um passaporte de Bolsonaro.
Os três – o ex-ministro, Gilmar Santos e Arilton Moura – sabem que serão tratados como lixo pelo Governo e que não pode contar com as movimentações que desfizeram processos como o de Flávio Bolsonaro e suas “rachadinhas”.
É por isso que, como escreve hoje Gerson Camarotti, no G1, “a maior preocupação é que o novo depoimento do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro comprometa o governo Bolsonaro ou, um cenário pior, que haja uma delação premiada do ex-ministro ou dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.”
Dificilmente isso acontecerá depressa, sem que a investigação coloque, concretamente, na mesa os benefícios e transações que tenham ocorrido com os recursos do Fundo de Desenvolvimento da Educação e/ou com arranjos eleitorais para beneficiar o ex-capitão.
Se a isso se somar uma acentuação do mau cenário eleitoral para Bolsonaro, não tenha dúvida que todos os fardos serão lançados às suas costas, já que, desde o bode expiatório bíblico, convém que alguém carregue os pecados também alheios.
É por isso que o “candidato a bode” vai reagir forte.