O Dr. Moro, o “contexto” e o vício de lidar com medrosos

convic

A imprensa destaca o “bate-boca” entre o juiz Sérgio Moro e os advogados de Lula na audiência em que se ouviram as supostas testemunhas do caso do apartamento do Guarujá.

É natural: como os personagens que Moro julga, em geral, têm aqui e ali seus rabos presos, todos se acovardam na sua presença.

E ele seleciona bem aqueles que merecem sua cortesia, com se viu em depoimentos como o da mulher de Eduardo Cunha ou outros, mais antigos, como o de Paulo Roberto Costa.

Fica-se no “clima” para não destacar o essencial: ninguém tem qualquer informação objetiva ou fato comprovável para sustentar aquilo que o procurador Deltan Dallagnol sustentou em rede de televisão, com seu vistoso powerpoint, alegando que Lula controlava toda a cadeia de desvios da Petrobras e que o apartamento no Guarujá seria a paga pelos acertos que se faziam.

Além de ofender a honra de Lula, ofendem a lógica: os bagrinhos roubaram bilhões; o suposto chefão, um apartamento triplex que são três casinhas de pombo empilhadas.

Ainda assim, o Dr. Moro insistiu em permitir que a promotoria fizesse perguntas meramente de opinião aos interrogados, o que provocou a correta reação da equipe de advogados de Lula em protestar contra elas.

Em casos penais importam os fatos, não subjetivismos.

Delcídio do Amaral, que serviu de apoio para a aceitação da denúncia contra Lula, admitiu, no interrogatório não ter provas do envolvimento de Lula, apenas a “convicção”.

Perguntado se teve alguma conversa sobre ilícitos sobre Lula, disse que “”Não, ele nunca me deu liberdade para isso.”

Portanto, não pode dar testemunho pessoal sobre a intervenção de Lula em qualquer falcatrua. Nem tem, como admitiu, qualquer informação que ligue o apartamento no Guarujá ao que o Dr. Dallagnol chamou de “propinocracia”.

Alegou que fazia uma uma “delação de político”, por ter sido líder do governo e “saber como a roda gira”. A sua roda, Delcídio, a sua.

Mas o que destaca a imprensa do delator “político”?

A “convicção”. Na Folha: “para ele (Delcídio) , Lula tinha “conhecimento absoluto de todos os interesses que rodeavam a gestão” da estatal.”

É isso que o Doutor Moro acha válido como “contexto”, ainda que sem fatos.

Ao que me recordo, a última vez que isso foi praticado como forma de julgamento foi aquela da fábula onde, mesmo com os argumentos de que bebia rio abaixo, o lobo condenou o cordeiro a ser devorado porque, no contexto, alguém estava sujando a sua água.

 

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14 respostas

  1. Esses sacatrapos do lava a jato em um outro pais e não numa republiqueta de quinta categoria, estaria no mínimo afastados dos cargos que desonram e submetidos a punições diciplinares. Canalhice não é nem de longe um termo que define as ações desses “tucanos disfarçados de togados”, deveria ter um outro mais apropriado porque nesse caso a palavra canalhice se torna até em elogio.

  2. > Além de ofender a honra de Lula, ofendem a lógica: os bagrinhos roubaram bilhões;
    > o suposto chefão, um apartamento triplex que são três casinhas de pombo empilhadas.

    Corrijam-me se eu estiver errado, mas o pior dessa historia do triplex e’ que o imovel nao foi sequer vendido — ainda pertence `a construtora!

    Se estivesse no nome de alguem, poderiam argumentar que era um laranja. Mas se o imovel nunca foi transferido para uma pessoa, como pode ser do Lula?

    Se eles podem dizer que aquele imovel nao-vendido era do Lula, porque nao dizem que todos os imoveis nao vendidos do Brasil sao dele?

    A unica diferenca e’ que ele teve a intencao de comprar. Mas a intencao nao consuma o ato, nao e’ mesmo?

    Alguem me explica a logica da denuncia, por favor???

    1. Pois é.Eu acho que a defesa deveria questionar justamente este ponto:como Lula poderia usar OAS como laranja?Lula é socio majoritario da OAS?Se a empreiteira vender o imovél, como ele irá reaver seu suposto patrimonio oculto?Porque D Marisa entrou com uma ação tentando reaver o dinheiro investido em uma cota no imovél que foi declarada no IR, ela estaria tentando brincar com a justiça, chamando a atenção para um patrimonio oculto, quando o usual neste tipo de transação ilegal é justamente se distanciar do objeto de ocultação, como no caso de Paraty House em que os Marinhos usam até offshore?

  3. É uma palhaçada. O Jucá falou tanta coisa naquela gravação e ninguém se preocupa em investigar. A quem eles pensam que enganam?
    Á, mas o PSDB não pode ter recebido propina da Petrobrás, pois era oposição. É mesmo? E em 2002? O próprio Delcídio estava lá no PSDB. Aí não interessa?

  4. Acho que o nome mais apropriado para esse juiz seria Filoclêon, aquele juiz da comédia de Aristófanes que achava que julgar era o mesmo que condenar e que acabou condenando o cachorro da própria casa.

    1. Muito boa comparacao!!!

      Segue um trecho para quem quiser ver a semelhanca entre Moro e Filoclêon:

      ***

      A comédia começa com um diálogo entre Sósias e Xantias, escravos de Filoclêon. Incumbidos de guardar o velho, não deixando com que ele vá para o Tribunal, os dois personagens explicam aos espectadores a doença que ataca Filoclêon.

      Diz Xantias:
      “Se vocês estão curiosos por saber, façam silêncio: vou dizer qual é mesmo a doença do meu senhor: é a paixão pelos tribunais. A paixão dele é julgar; ele fica desesperado se não consegue ocupar o primeiro banco dos juízes. A noite ele não goza um instante de sono. Se por acaso fecha os olhos, o próprio espírito fica olhando para a clepsidra. A paixão dele pelo voto no tribunal é tão grande que faz ele acordar apertando três de seus dedos, como se oferecesse incenso aos deuses, em dia de lua nova. (…) Logo depois do jantar ele pedia as sandálias, corria para o tribunal em plena noite e adormecia lá, colado a uma coluna como uma ostra à concha. (…) Com receio de não ter a pedrinha para o voto, ele tinha no jardim de sua casa um canteiro de pedrinhas, que renovava sem parar. Este era a sua loucura”[2]

      O texto traz um personagem de comportamento patológico. Sua obsessão com o tribunal, com o poder de julgar, sugere algo não revelado. Sutilmente, Aristófanes nos questiona acerca dos motivos determinantes que levam o julgador à corte. Na visão do teatrólogo grego, certamente não é o amor à justiça… Mais a frente, Filoclêon exige que possa sair:
      “Que é que vocês estão querendo fazer? Vocês não vão mesmo me deixar julgar? Dracontidas vai ser absolvido!”[3]

      Fica claro que, mesmo sem ouvir as partes, Filoclêon já pensara em condenar o réu. Filoclêon tinha ganas de condenar, sempre.

  5. “QUALQUER COISA PODE SER TERCEIRIZADA”
    O relator do projeto, deputado Laércio Oliveira (SD-SE), disse que seu parecer defenderá a “terceirização plena”. O que isso significa? “Qualquer coisa pode ser terceirizada”, afirma.
    Oliveira critica o projeto de lei da terceirização que está atualmente no Senado. Diz que é “muito ruim” e “sofreu muitas alterações que prejudicaram o texto”.
    O deputado afirmou que as definições de atividade-fim e atividade-meio, estipuladas nas atuais regras da terceirização, precisam ser revistas. “Há certas atividades que você não consegue definir o que é atividade-fim e o que é atividade-meio”, declarou.
    APOIO EMPRESARIAL
    A regulamentação da terceirização é uma demanda dos setores da indústria e do comércio. Empresários dizem que a “desburocratização” será capaz de aumentar a geração de empregos.
    Nesta 2ª feira (21.nov), o Poder360 conversou com 38 membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão. Desses, 23 declaram ser favoráveis à terceirização.
    O Conselhão é formado principalmente por empresários. Na nova formação, dos 96 membros, 51 são empresários –o que representa 53%.
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    Tags : Câmara dos Deputados Congresso empresários Laércio Oliveira terceirização

  6. E a lei? Não vale nada. Se não há lei, para que o judiciário? Se o juiz não cumpre a lei, para que judiciário. Que tal a globo decidindo tudo, como já faz? República bananeira, não pelo povo, mas por aqueles que revogam a lei.

  7. Para a promotoria, era “convicção”; para o juiz-promotor, é “contexto”.

    Provas? Moro vai condenar o ex-presidente pelo “contexto”.

    1. Para alguem como moro, que na condição de assessor de Rosa Webber no STF redigiui o voto em que esta diz que a literatura permita que condenasse sem provas, ão se espere que agora vá se importar com provas. É um agente à serviço de potência estrangeira e desempenha a tarefa de perseguição judicial fascista à Lula e à esquerda, num processo de desestabilização do país para tolher o projeto de desenvolvimento autônomo que estava em curso e submetê-lo ao comando imperialista, com a tutela interna de plutocracia escravocrata. Combate à corrupção é pretexto.

  8. Analisando todos os fatos até agora e julgando pelo “contexto”, Moro está protegendo os aliados do Temer e do golpe e tentando condenar a esquerda via powerpoint, domínio do fato e convicções. Ainda sob a ótica do “contexto”, o PSDB não tem e nem terá qualquer investigação por parte do juiz Moro, mesmo pairando sobre eles várias denúncias. Mas, fora do contexto, podemos afirmar que não temos mais justiça, trmos justiceiros fora da lei, que condenam sem provas.
    Mas tenho certeza de que, se investigarem para valer, sem cores partidárias, Moro será detonado por aqueles que apoia.

  9. O linchador de curitiba age somente porque tem um sócio que amarra as vitimas para o linchamento publico: a rede plimp plim.
    Esta semana conversando com um jovem advogado que nao entende nada de politica, ele diz:
    ”As instituições estão de um jeito que eu nunca antes imaginei”. Pois é.
    Como diz o Nassif: revela-se uma sólida aliança entre o PGR, Moro, Globo e STF. Todos eles agem no mesmo sentido para finalizar o golpe.
    Chamo a atençao para uma coisa, a unanimidade da Midia que causou a derrota de Hillary – e vitoria de Trumps. Uma midia, ainda que uníssona e a 120 decibeis pode sofrer de ”falta de objetividade”. Caia no vazio e o americano médio nela não acreditou. Aqui pode passar o mesmo e precisamos saber o momento de atacar.

  10. O partido do poder judiciário e do mpf ganham rios de dinheiro para fazer política contra um só partido e os outros, Lula processo um por um aqui e em órgãos internacionais….

  11. Pergunta ao povo brasileiro:

    Você aceitaria e acreditaria no discernimento de Moro se ele apitasse uma partida de futebol do seu time?

    Pois é…

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