
Enquanto a”lacrosfera”, com o seu terraplanismo cultural, discute a pintura indígena da moça do bloco, o mundo de verdade está girando com muito mais rapidez do que percebe a crônica política, econômica e social.
As relações entre o governo e o Legislativo, que nunca foram boas, estão completamente esgarçadas e está se desenhando um cenário de impasse para os únicos projetos econômicos em curso, as reformas tributária e na administração – leia-se servidores – pública. Sem base própria e sem articulação, o governo virou passageiro e não condutor do processo legislativo.
Nem sequer espaços de barganha tem, porque as emendas agora são de desembolso compulsório e o Planalto virou um “Forte Apache”.
Na economia, segue o rali cambial esta manhã, com o real devolvendo todos os centavos que as intervenções do Banco Central conseguira baixar na sua cotação e também a bolsa, a confirmar-se o mercado fortemente baixista nos EUA, no premarket, e nos pregões europeus e asiáticos. O dólar está se valorizando em relação a quase todas as moedas e o Euro está fraco como pouquíssimas vezes se viu.
O “agora vai” extinguiu-se e se os indicadores de atividade econômica ficarem no “zero a zero” já estarão como nos melhores sonhos do mercado.
Por fim, a greve dos petroleiros, que se sustentou e cresceu apesar do estrondoso silêncio da mídia, mostra que há sinais de uma retomada da mobilização contra a política privatizante (ou “desmantelante”) do Governo, ao ponto de hoje, em alguns jornais, os incorrigíveis antipetrobras virem com uma imaginária revolta da população com a “falta de combustíveis” igualmente imaginária.
Daqui a três dias, é Carnaval e a irreverência e ânimo populares vão para a rua sem as repressões que moralistas e politicamente corretos pretendem lhes impor.
E, depois da quarta-feira de cinzas, talvez não se vistam mais de fantasias.