Depois de agradecer a Deus pela vida e pela missão de presidir o país, numa cena inacreditável, Jair Bolsonaro puxou o coro de “imbrochável, imbrochável”.
O fato de ter saído do palanque oficial para um palco lateral não significa que lá tenha sido deixada a condição de presidente da República.
Nem dá para falar do ufanismo insano, de dizer que somos “um paraíso”, “melhor país do mundo”, a “gasolina mais barata do planeta” e “inflação despencando” e outras afirmações que só seriam possíveis se ele tivesse desembarcado de Marte na semana passada. Nem para falar de que vivemos, antes, algo próximo de perda de liberdades, ataque à propriedade privada e a um “comunismo”.
O que ficará do discurso presidencial é, outra vez, o machismo mais canalha, tanto para quase se afirmar priápico, quanto para a grosseira “comparação” de primeiras damas e para recomendar que os homens procurassem “princesas”.
Talvez alguns tenham achado estranho que ontem, eu tenha afirmado que isso não é um deslize, é uma opção eleitoral. Aí está a prova.
É um discurso para seus “fiéis”, não para parcelas mais amplas da sociedade e seu efeito será o de agudizar, ainda um pouco mais, a impressionante rejeição do candidato no eleitorado feminino.
O “imbrochável” presidente, porém, não foi capaz de falar de conquistas de seu governo para esta sociedade.
Talvez porque, neste aspecto, como governante, foi um “Belo Antônio”.