O mercado mete pé no pescoço do BC: “se não der mais juros, é petista!”

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O mercado já fez chegar aos seus cronistas que, se depois das previsões ruins para a economia mundial e piores para as brasileiras, o Banco Central não conceder um aumento generoso nas taxas de juros, isso terá sido porque o seu presidente, Alexandre Tombini, terá ‘cedido às pressões do petismo’.

A coluna de Fábio Alves, no Estadão, diante de uma manifestação de Tombini onde diz que serão levadas em consideração na reunião do Conselho de Política Monetária as avaliações divulgadas horas atrás pelo FMI (ué, não deveriam ser levada em conta?)  descreve, quase desenhando, o discurso chantagista do mercado:

A surpresa com a nota divulgada hoje, comentando as projeções do FMI, levanta suspeitas de que o BC sofre ingerência política, de que interesses contrários à alta de juros – necessária para controlar expectativas ainda elevadas – exerceram pressões de última hora sobre ele, Tombini.

Depois de guiar as apostas de investidores para uma elevação da Selic de 0,50 ponto – como era até ontem -, essa reviravolta com um comentário que abre espaço para não subir juros ou, se subir, num ritmo mais brando, vai solapar ainda mais a credibilidade das palavras de Tombini ou de outros diretores do BC sobre os próximos passos da política monetária.

Não é preciso um discurso de esquerda para responder a isso, basta o equilíbrio do insuspeito e experiente George Vidor, ontem, em O Globo, usando as conclusões de uma instituição nada “bolivariana, a Standard&Poors:

A tentativa de segurar a inflação por meio de taxas de juros excessivamente altas é admissível por um breve período de tempo. Se tal política se estende por meses a fio, efeitos colaterais negativos passam a comprometer esse esforço. Equivale a um tiro no pé. Mas esse fenômeno não costuma ser levado em conta pela cartilha da maioria dos analistas financeiros e geralmente é associada a uma visão de economistas complacentes com a inflação e que desprezam a política monetária. Mas, desta vez, a crítica partiu nada menos de uma instituição respeitada pelos mercados financeiros: a agência internacional de classificação de risco Standard&Poor’s.

Feroz em toda parte do mundo, no Brasil o mercado financeiro é ainda mais, é sanguinário.

Exige superávits – que são necessários – mas não tem o menor pudor em esconder que os encargos financeiros (leia-se, taxa de juros) representam quase quatro vezes o déficit na conta receita/despesa não financeira. E tem que ser coberto da mesma maneira, com a emissão de dívida.

Tivemos anos e anos sob Fernando Henrique Cardoso com as despesas estatais sufocadas, investimento perto de zero e a entrada, afinal dilapidada, dos recursos de uma privatização sem freios. No entanto, nossa dívida subiu como nunca por conta de juros estratosféricos, muito mais até do que os que temos hoje.

Não serão juros altos – e isso se provou ao longo do final de 2014 e de todo 2015 – que vão segurar a inflação brasileira. Não existe inflação de demanda no Brasil, nem mesmo de demanda por crédito que poderia ser  constida por isso.

Se não podemos controlar fatores externos, como a queda acentuada no preço das commodities, há fatores internos que podem ser amenizados no curto prazo: o retorno ao um mínimo de estabilidade politica – e por isso  trabalham tanto contra ela – o alívio na pressão de custos sobre a energia provocada pela seca de dois anos que parece estar sendo encerrada, além da absorção do impacto da variação cambial, praticamente concluída.

O Governo precisa, sim, focar no destravamento dos setores que possam replicar rapidamente no nível de atividade econômica, como a infraestrutura e a construção civil. Geram emprego e renda que se refletem em outros setores da economia.

 

 

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19 respostas

  1. Intervencao no banco central ja!
    Auditoria da Divida Ja!

    Sob qual pretexto o BC pretende reduzir ainda mais o nível de emprego e salários, assim como os lucros de empresas especializadas na produção de bens e serviços?

    Os beneficiários exclusivos do aumento de juros são os bancos e investidores financeiros, curiosamente o único grupo cujas expectativas de inflação o Banco Central se preocupa em consultar.
    http://www.viomundo.com.br/denuncias/frente-brasil-popular-nao-da-mais-para-sustentar-a-bolsa-de-meio-trilhao-de-reais.html

  2. Resumo da ópera: crise em 2016, nada de crescimento em 2017 e em 2018 o PT dirá que o culpado foi o “Deus Mercado”.

      1. O preço da gasolina baixando no mundo e subindo aqui. E ó você pagando a petralhagem na Petrobras!!!

        1. Alisson, te passei, em outro comentário, o preço atual do litro de gasolina em vários países ditos de primeiro mundo e “sérios”(Alemanha, Suíca, Bélgica, França, Reino Unido, Dinamarca, Suécia, Noruega, etc). A Venezuela está disparada na frente de todos, a 2 centavos de dólar o litro. E falam mal do Maduro… Definitivamente, é o país MAIS SÉRIO e com a economia MAIS EQUILIBRADA do mundo… Alisson, vc deveria se mudar com malas e trouxas para a Venezuela, já que o preço do combustível é a sua medida para avaliação da economia de um país…

        2. Vamos ver se os gringos dos EUA conseguem segurar o preço da gasolina com o subsídio ao óleo de xisto

  3. É uma honra ter uma imagem minha encimando um post do Tijolaço! Fico muito grato, e feliz de dar uma pequena contribuição à luta.

  4. Um governo fraco sem credibilidade e com o país atolado em dívidas e sérios problemas fiscais o que mais poderia querer? Acha que o capitalista é sensível aos graves problemas sociais que temos? Os donos do R$ só estão trucando o governo; e este, sem nada para oferecer tem que baixar as calças e literalmente mostrar bunda.

    1. Só complementando. Particularmente vou achar ótimo já que venho fazendo uma poupança em fundos de investimento já pensando na minha aposentadoria; embora ainda tenha muito tempo de labuta. Vocês acham que trabalhador também não financia a incompetência do governo? Eu financio e quero ganhar muito por isso.

    2. Governo fraco e déficit fiscal não são motivos para elevação das taxas de juros básicos

      Até porque, o esforço em superavit nominal, aumenta com a disparada do estoque da dívida.

      E o governo se enfraquece politicamente, ainda mais.

      O que o Brito poderia colocar, é que para além do “bolsa-rentismo”, a elevação da Selic provoca ancora cambial com o influxo de capitais especulativos de curto-prazo.

      Claramente, a estratégia burra e paliativa dos governos é e sempre foi, desde que a dívida pública mobiliária federal tem a maior parte dos seus títulos indexados pela Selic, a valorização artificial do câmbio com consequente redução do déficit em transações correntes.

  5. E querem Banco Central independente…do povo, obviamente; e dos governos que foram eleitos por ele…precisa desenhar?

  6. O “mercado” que seja colocado no seu devido lugar. Elegemos o PT, não “o mercado”. Se quiséssemos juros na estratosfera teríamos votado nos irresponsáveis do PSDB!, que todos sabem, governam (só) para o 1% da população (para “o mercado”).

  7. Um governo fraco, tendencias direitistas como esse da sra Dilma, esperar o que? nada além do entreguismo total aos banqueiros.

  8. O inferno para Dilma começou quando ela teve a ousadia de baixar os juros a 7% ao mês. Isso deixou o jornal da City londrina colérico, a exigir a imediata demissão do… Ministro da Fazenda! Os juros brasileiros não são taxas de economia, são dinheiro dado a assaltantes para comprar a famigerada “proteção”. E quando eles podem, eles exigem mais e mais. Se não pagar, eles arrebentam tudo com suas metralhadoras midiáticas.

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