“Se você tirar o Centrão, tem a esquerda, pra onde é que eu vou? Tem que ter um partido se eu quiser disputar as eleições de 2022.(…)“Quer eu converse com o PSol e PCdoB, que não é Centrão? Tem 513 deputados e 81 senadores, essa é minha lagoa, esses são os peixes na lagoa que tenho que convencê-los a votar nas minhas propostas”.
A sincera resposta de Jair Bolsonaro para explicar sua provável filiação ao Partido Liberal, propriedade de Waldemar Costa Neto, para disputar a eleição é assim, crua e grotesca.
Nada a ver com ideias, programas, projetos, “aquela burocracia lá, talquei?”.
É pegar um partido na prateleira, é menos que escolher um time de futebol, no que se supõe, ao menos, uma paixão.
Mas as nossas camadas dirigentes na política transformaram tudo em um geleia de frutas podres, fazendo os partidos mergulharem num pântano onde os interesses invidividuais (e, não raro, escusos) fosse régua de suas atitudes.
Quem tem ideias é “ideológico”, quem é “ideológico” não presta, porque não cede, como uma vara de bambu, aos ventos do “mercado”.
O resto são os pragmáticos, que procuram os partidos por legendas para disputar as eleições e cargos e vantagem para disputarem novas eleições, ganhando dinheiro antes e depois de cada uma.
Como fez Bolsonaro em todo o seu périplo na direita, em uma dezena de partidos.
Ali, no pântano, todos eles se acertam no farto ambiente da putrefação do Estado brasileiro.
“Temos de crescer junto”, como disse em um áudio o homem que arrendou o PL ao Presidente, Waldemar Costa Neto.
São os bagres da política, com seus barbilhões longos e envolventes. Não é fácil a convivência com eles sem afundar-se na lama em que habitam.
Mas necessário e possível, se a água se oxigenam, agitadas pela organização e mobilização da sociedade.
Quem quiser navegar somente pelas águas superficiais do purismo jamais transformará a lagoa. Acabará sendo abocanhado pelas bocarras que vêm lá de baixo, as mesmas que profetizavam o fim da “velha política.