Ao disparar sua arma – provavelmente uma pistola, porque se fala num acidente com “carregador de munição”, algo inexistente para revólveres – o pastor e ex-ministro da Educação (!!!!) Milton Ribeiro detonou uma crise que ainda não tem sua repercussão conhecida, mas é gravíssima.
Evidente que há perguntas factuais que, 24 horas depois do acidente, não estão respondidas: se e porquê Ribeiro tinha uma concessão de portar uma arma, porque achava que poderia transportá-la num avião – mesmo descarregada isso é impossível, por razões óbvias, a quem não seja um agente policial em missão – e que teria de ser feita por despacho, com guia, ciência prévia da Polícia Federal, desmuniciada e lacrada.
Mas há outras, e estas não são como Milton Ribeiro, agora apenas um pastor, estava levando uma pistola como proteção. E a resposta, claro, está ligada às agora reveladas 127 visitas dos pastores picaretas que negociavam propinas por recursos do MEC em sua gestão.
Por que e por quem Ribeiro se sentia ameaçado ao ponto de trocar a proteção da Bíblica pela de uma? Ele recebeu ameaças? Quando, como, de quem, ameaças de que tipo e vinculadas a que teor de chantagem?
Estas são as questões policiais, mas há as políticas.
A primeira, a exposição prática daquilo a que nos leva a política de armamento indiscriminado. As armas estão onde qualquer um pode estar, até numa prosaica fila de pessoas que vão despachar bagagem no aeroporto, prontas a – acidental ou deliberadamente – atirar em lugares de aglomeração de pessoas: aeroportos, rodoviárias, festas e, quem diria, até em cultos religiosos.
E este é o segundo ponto, especialmente importante porque Jair Bolsonaro tenta manipular os fiéis evangélicos como sua massa de manobra: em que estão metitos os pastores que fazem de Jair o messias de seu ministério, à procura de vantagens tão inconfessáveis que os obrigam a andar com um pistola por toda parte?
É a bênção ou a bala?