Bolsonaro joga com a hipótese de que “manifestações populares” vão exigir a aprovação de uma reforma previdenciária que lhes tira pensões ou posterga aposentadorias?
Imagina, por acaso, a Paulista tomada por uma multidão com faixas dizendo “Quero trabalhar até morrer”, “Abaixo meus direitos” ou “Me paguem só R$ 400 de BPC”?
É óbvio que não, mesmo sendo um lunático como é. Não queima pelega de 100, como dizem os gaúchos.
Sua guerra não é com o déficit público, é com os partidos e os políticos, de onde lhe pode vir alguma necessidade de partilhar poder.
“Fez a sua parte”, conforme ele próprio diz e, agora, que suas excelências se virem diante do desgaste público.
Pouco se lhe dá se e qual reforma seja aprovada. Não lhe é vital.
Mas é para Paulo Guedes, que não tem outro peixe para vender ao “mercado”.
Será que ele percebe que sua filha “Momo” previdenciária está sendo largada na sarjeta?
O posto Ipiranga, numa metáfora de péssimo gosto – e nada inédita para quem se lembra do outro que dizia ter “aquilo roxo” – disse nos EUA que Jair Bolsonaro “have balls”.
Ele, que mostrou não tê-las ao ser completamente atropelado pelas fartas concessões feitas na proposta de polpudos reajustes aos militares, terá, também, para reverter essa balbúrdia que tomou conta da tramitação da reforma?
Será que acredita que falanges bolsonaristas no twitter, como os seguidores de Jim Jones, levarão multidões suicidas a pressionar os parlamentares?
Há um cheiro de Bebianno no ar.
12 respostas
A bebiannização de Guedes levará a crise para o planalto. Sem o apoio do mercado, resta a Bolsonaro suas falanges virtuais. Serão elas suficientes para garantir-lhe o poder? estarão disponíveis os militares para apoiar o governo? estará Mourão disposto a levar a bandeira mercadista avante em troca da faixa presidencial.
Acho que o governo Bolsonaro termina após a votação da reforma previdenciária, independente do resultado. Mas o fim será rápido, se a reforma fracassar. A derrubada do capitão custará um valor elevado aos partidos de centro e de direita. Eles terão que se ver com os órfãos de Bolsonaro por muito tempo.
Lembremos que o Mercado bancou (me perdoem o trocadilho) temerariamente (me perdoem de novo!) o governo ilegítimo de Temer até seu último dia, mesmo com o desgaste do Joesley, mesmo contra a rasteira da Globo e seus tucanos do coração, mesmo com a Ponte para o Futuro toda esburacada……O Golpe serve primeiro ao Mercado e depois a seus milicianos de dentro e de fora do Estado.
Não discordo, Policarpo. Mas não custa lembrar que hoje assistimos (com toda a passividade que o verbo enseja) uma disputa quase nunca prevista: a de uma ala ideológica contra a ala pragmática
do golpe.Os últimos sempre dispuseram de tanta força nos bastidores que jamais ousaram pensar em alguma contrafação às suas ordens. Mas os ideológicos, ainda que menos pujantes, acenam com o seu único trunfo: a brutalidade. Por serem selvagens, acostumados a respeitar uma única lei, a do mais forte, acham que não devem obediência a “burguesotes” que tremem frente ao primeiro grito e borrariam as calças diante do primeiro tiro. Com a ascensão de seu representante, acham que agora não lhes cabe mais o papel de coadjuvante do poder que sempre tiveram, e embasam este desejo na capacidade de violência de que são capazes, seja ela verbal ou física. Todos os modelos de fascismo, do mais antigo ao mais moderno, tem esta leitura do mundo. Junto ao ressentimento, dos que se julgam prejudicados por não receberem o que lhes é devido, este sentimento constrói todos os grandes conflitos do planeta. Estimular tais impulsos foi, sem dúvida, o aspecto mais nefasto do golpe.
Acho que o que você chama de ala pragmática eu chamo de ideológica e o que você chama de ideológica eu chamo de pragmática. O núcleo ideológico e formulador de estratégias políticas são o Mercado, seus porta-vozes na Grande Imprensa e seus cardeais políticos, foram eles que desenvolveram a estratégia de judicialização política, politicalização da justiça, de guerra midiática e a política de terra arrasada na esfera econômica. Os pragmáticos são os políticos do baixo clero e todo tipo de oportunista que emergiram dentro e como resultado daquelas estratégias. E aqui cabe todo tipo de aventureiro: dos milicianos do MBL aos milicianos de Rio das Pedras, dos malucos do Olavo aos admiradores do Tio Reinaldo, do porno jornalismo da Veja aos artistas porno “stricto senso”; aqui é o vale tudo, são os aloprados, os estupidos, dos que fazem qualquer papel, só não rasgam dinheiro. O drama que nos envolve é que as estratégias maquiavélicas do Mercado, da Grande Imprensa e os Cardeais Políticos eram tão desesperadas e tão radicais, era tudo ou nada, nós ou eles, que abriram a porteira para os aloprados e os demais estúpidos que, não nos esqueçamos, nos 45 do segundo tempo com a vitória de Bolsonaro, salvaram a estratégia daqueles “gênios” (sim é assim que os meninos do mercado, a grande imprensa e certos cardeais políticos se veem).
Interessante a coluna de Reinaldo Azevedo de hoje sobre o MCBretas. Então, nós temos um ex-juizeco da Lava-jato que adora os holofotes e tem pretensões políticas e um outro que é bombado de academia e cultua o corpo. Não creio que esse seja o perfil discreto e sério de integrantes do Poder Judiciário não, senhores ministros do STF. Desta feita, não me surpreende que eles desrespeitem tanto a lei.
Todo mundo está dizendo que bozo foi aos EUA e entregou um monte de coisas de graça. Ora, ora, ora! Bozo foi pagar uma dívida. Tudo isto estava acertado de ante-mão desde o golpe de 2016, incluído aí a sua eleição.
Os vira latas são bons pagadores….
Sim .E não esqueçamos também que ele foi em Israel em 2016 para ”batizar’. Por certo ele deve a Israel uma fatura pelo ‘batizado’. Ou seja, o bicho tem dois credores: EUA e Israel.
Sandra Israel e EUA são a mesma coisa, com um detalhe impressionante, ISRAEL é que manda nos EUA.
Eu já acho que Israel não passa de um posto avançado dos EUA no Oriente Médio.
Já vimos esse filme recentemente com a Sra. Dilma. O país quebrando. Desemprego aumentando. E o que a Dilma fez? depois de alterar o sistema de concessão de auxílio desemprego na calada na noite. Nomeou o Levy para fazer um “ajuste fiscal” no lombo do povo. Mandou um pacote para o Congresso votar com o recado de que “pronto, já fiz a minha parte, coloquei um do mercado no comando da economia e agora é com vocês aprovar o pacote”. E os parlamentares é que teriam que se explicar para os seus eleitores nos seus redutos, e ficar com o custo político negativo do pacote. E a articulação política da Dilma para aprovar o pacote de maldades? Nenhuma. Ela brigou com todo mundo, inclusive com o PT, não indo em um encontro de comemoração do partido. O país quebrando na mão dela, mas o Congresso que arquesse com o custo político do ajuste, pois “já fiz minha parte em mandar o pacote”. O mesmo que Bolsonaro faz agora. Com o argumento de que “sou a Presidenta eleita com 50 e tantos milhões do votos”, ela praticamente disse: “Ou é meu pacote ou nada”. Pois bem. Ela aprendeu na pele as observações de Maquiavel: “Aquele que não chega por méritos próprios não fica muito tempo”.
A pesquisa Ibope mostrou que a “baixa classe média” é que está abandonando o Bolonsaro mais rapidamente. Ou seja, a multidão de zumbis que encheu as ruas. Muito se diz que o governo Bozo acabará sem a reforma. E com ela ? Como ficará sua imagem quando a ficha do povo começar a cair ?