A noite de sexta-feira foi animada pelas gozações à troca dos memes publicados por Eduardo Bolsonaro, avisado em sua volta ao Brasil depois da Missão Spray em Israel.
Além de revelar ridícula “conversão” da família à vacina que nos faria “virar jacaré”, é a expressão pura da mentalidade doentia de quem encara o mundo como um confronto bélico, uma guerra permanente e de extermínio.
Mas, paradoxalmente, encarna, na reação horrorizada que provocou, sentimentos antagônicos à barbárie que a “bolsoarte” exposta na imagem estúpida.
Ao transformar em morte a ideia da vida, traduz fielmente a escolha que o país tem diante de si.
Não é ideológica, é civilizatória.
É a saída de um delírio de perseguição e violência que transformou classe média, mídia, instituições da República e tudo o mais diante da exposição horripilante de sua criação monstruosa.
Se pessoas que sofrem de transtornos explosivos, nos quais se abandona o racional pela fúria e, em seguida, caem no arrependimento, as sociedades, em geral, lançam o mal em alguém que os encarna e, assim, absolve o todo social.
Este é o fenômeno que está se processando aqui e que encontra em Lula, agora que se lhe retirou a interdição legal, a sua expressão.
Ele, como a vacina, é a promessa do restabelecimento do convívio social, o fim do lockdown do debate, do distanciamento entre as pessoas pelo risco de contágio ideológico, porque ideias passaram a ser vírus que deveriam ser eliminados.
Ainda é pouco, como as doses de imunizante, mas vai chegar.