Os patifes

Jair Bolsonaro chamou de “patife” o governador João Dória, hoje, em uma de suas investidas ‘espalha vírus” na periferia de Brasil.

Ontem, havia dito quase o mesmo (covarde é um dos sinônimos de patife) do Ministro Luís Roberto Barroso, de quem disse não ter “coragem”.

De alguma forma, Bolsonaro tem razão, inclusive se estender a si mesmo o adjetivo.

Patifaria, aliás, é o que não falta a este país e por toda a parte.

Políticos, empresários, prefeitos, deputados, senadores, governadores e o próprio presidente da República, salvo exceções, com as vantagens que podem auferir da pandemia do que em detê-la.

Nunca se falou tanto em moralidade e dela nunca se desdenhou.

Porque não há moralidade possível quando se desdenha da morte de 350 mil pessoas alegando que “a economia não pode parar” enquanto os maiores beneficiários e suas famílias permanecem no isolamento em que sempre viveram, em suas torres de marfim, deixando que os pequenos negociantes, sem apoio, gritem “reabre, reabre!” por eles.

Perdeu-se a vergonha na cara, como é próprio dos patifes, quando um ministro do STF converte-se em pastor da morte, quando um procurador geral da República vira patrono do dízimo e quando um ex-juiz e falecido “herói nacional” nacional sai de seu silêncio dourado para apoiar a candidatura de um palerma grosseiro, Danilo Gentili, aquele que esfregava notificações nas “partes” gravando o desaforo.

Não por acaso, quando foi condenado por injúria, ganhou a solidariedade presidencial.

Sim, senhores, patifarias sobram, na ribalta e nos bastidores, onde se trama de tudo contra os direitos da população e contra as liberdades.

Generais provectos, decrépitos, agarram-se a sonhos de poder e, depois de conduzirem as Forças Armadas a uma aventura desastrosa, que atingiu em cheio sua imagem pública, esmeram-se em arrumar para si e para seu grupo espaços, mando e ganhos no governo quase “ex” civil.

Médicos picaretas que insistem em propagandear e distribuir em redes hospitalares medicamentos ineficazes, eventualmente tóxicos, tudo para agradar o governo ou praticar sua “medicina ideológica”.

A velha direita brasileira, que agora rebatiza-se de “centro” não demonstra o mínimo pendor em aliar-se à esquerda para consertar as lambanças que fez ao dar os braço à extrema direita e agarra-se ao sonho de que tomará de Bolsonaro o que lhe entregou em 2018, ainda que esteja claro que ele tem a hegemonia do campo conservador.

E, para isso, como patifes, escondem-se numa ideia de “frente ampla” que ignora, desdenha e ataca a principal figura da oposição brasileira. Não entende e não aceita que a alternativa a ela é a completa milicianização do Brasil.

Logo não poderá escolher, porque terá sido dessangrada por este processo que, antes de ser político, é psiquiátrico, porque a patifaria está se tornando a matriz da vida brasileira.

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