Pafúncio e Marocas: Moro e Bolsonaro seguem em ‘DR’

Dos baús da memória, vieram-se, sei lá porque, os personagens Pafúncio e Marocas, protagonistas de uma tirinha de quadrinhos publicada em jornais e revistas, nos anos 60, com a relação sempre esquisita de um casal já de alguma idade: ele, um preguiçoso e irresponsável; ela, autoritária, mal-humorada e sempre a fazer queixas do marido.

Pois não é que a relação entre Jair Bolsonaro e Sergio Moro tem um quê daquela trama?

Vejam só: Bolsonaro filia-se hoje ao PL como quem é admitido formalmente numa roda de malandragem: é é a galera do “vamo si dá bem“, sem qualquer objetivo programático que não seja o de cumprir a regra de filiação partidária que se exige de candidatos e distribuir os pratos de plástico para trinchar os cargos de governos e o “molho” que deles escorre.

Vem então, correndo, Moro, armando um “lançamento” de um livro autobiográfico no qual, além da autolouvação (“as minhas escolhas foram as melhores possíveis“, diz) faz intrigas palacianas, como quando diz que, diante das restrições impostas pelo STF ao uso dos famosos relatórios do COAF, também usado no caso das “rachadinhas” de Flávio Bolsonaro, que “o presidente pedia a mim que ignorasse aquela séria ameaça ao sistema nacional de prevenção à lavagem de dinheiro”.

Moro teve, querendo, todas as oportunidades de não se envolver em um esquema familiar que, desde antes da posse, fedia. E, depois, um ano e meio, quase, para recusar-se a participar. Só agora, porém, quando Bolsonaro parte para – como ele mesmo diz – um novo “casamento”, ele sincroniza estas acusações com a festa, como uma ex-conja enciumada.

Pafúncio, mesmo canalhão, acabava ganhando as simpatias. Marocas, uma mala sem alça, perdia fácil.

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