Só há um ator político no Brasil de hoje que pode, com apenas alguns gestos, criar uma pacificação imediata para o país.
Os altos comandos e os comandantes das Forças Armadas.
Basta-lhes fazer uma declaração, pública e formal, que os militares têm compromisso com a Constituição e, como está nela escrito, estão submetidos ao comando supremo do Presidente da República, o sr. Luís Inácio Lula da Silva.
Sem o delírio de que podem vir a contar com um inviável apoio das Forças Armadas, ruem todas as esperanças golpistas que ainda sobrevivem e o “salve-se quem puder” das responsabilidades pelo 8 de janeiro passa a ficar por conta das responsabilidades pessoais de quem participou ou nutriu aquela selvageria, não das instituições.
E, de fato, é assim, porque não podem as Forças responder pelos desvarios de seus integrantes, mesmo os mais altos.
Não é uma questão de escolha ou de coragem dos generais, é seu dever de preservar Exército, Marinha e Aeronáutica.
Já está clara a natureza criminosa dos acampamentos montados à frente dos quartéis e a proteção que lhes deram torna inacreditável que não soubesse que ali eram urdidos crimes e até atentados a bomba.
Não é aceitável que um comandante do QG do Exército diga que não sabia o que se passava ali. Se não era cúmplice, era relapso e incapaz e precisa receber estas responsabilidades.
Não é aceitável que militares da “cozinha” do Planalto, integrantes do GSI, apenas dispam a farda e vão participar da invasão da Praça dos Três Poderes e se “defendam” dizendo apenas que “não quebraram nada”.
Não é aceitável que os chefes das 3 Armas deixem passar uma imagem pública de confronto e insatisfação com o presidente da República.
É preciso mostrar a obediência das Forças Armadas ao regime constitucional, até porque não há outro caminho para elas.
As porteiras do golpe estão fechadas, aqui e lá fora, e resistir ao que é óbvio é sempre a porta do desastre.
Em 1987, Bolsonaro criou um impasse para o Exército, com a “Operação Beco Sem Saída”, na qual planejava explodir bombas em quarteis para exigir aumento no soldo. Agora, seus adeptos montam bombas nas portas de quartéis para implantar o terror golpista.
Contemporizou-se com os planos criminosos em nome de um pseudocorporativismo. O então tenente, 35 anos depois, põe as corporações militares num segundo beco sem saída.
Dele, só podem sair se puserem a legalidade acima o “passar pano” verde-oliva.