O anúncio, agora à noite, da venda de US$ 2,1 bilhões em ativos pela Petrobras é sinal de que a empresa se prepara para uma entrada agressiva para obter mais que os 30% garantidos pelo regime de partilha no leilão do campo de Libra.
Ao contrário do que se anda plantando de notícias por aí, a nossa petroleira vai para o leilão decidida a ter ao menos 50% +1 do consórcio que vier a ser formado para a exploração.
A venda de 35% do Parque das Conchas, campo de petróleo pesado ao largo da costa do Espírito Santo, para os chineses da Sinopec seguiu uma dupla lógica.
Primeiro, é um campo não operado pela Petrobras, mas pela Shell, que detém 50% da área. Sua alienação não implica, portanto, em necessidades de remanejamento de contratos de afretamento de sondas e plataformas, nem desmobilização de equipamentos e pessoal ou de qualquer mudança na cadeia logística. Operação meramente financeira, portanto.
Segundo, por se tratar da primeira aquisição de peso da Sinopec, pode significar um aprendizado operacional interessante para a chinesa, pois é área já em produção e em plena expansão, com o desenvolvimento da segunda fase de exploração. Com 35% do campo, mesmo minoritários, os chineses têm acesso ao conhecimento operacional e isso tem um preço caro.
Caro também porque a Shell tem o direito de opção e, em tese, poderia exercê-lo, pois aposta pesado nesta área, ao ponto de ter vendido os 20% que tinha no bloco BM-S-8, no pré-sal, para a Queiroz Galvão e para a Barra Energia, brasileiras.
Por US$ 1,54 bilhões, isso representou 75% do total de ativos alienados.
Não posso afirmar com certeza, agora, mas creio que, entre os ativos petrolíferos não operados, esse era um dos maiores, senão o maior.
É uma transação que, pelo seu volume, teve – disso tenho certeza – o aval presidencial.
O restante das vendas representa, essencialmente, um aprofundamento do foco da empresa em extração de petróleo no Brasil: participação em campos de petróleo no Golfo do México, em duas termoelétricas movidas a diesel no Rio Grande do Norte e da Innova, uma empresa do pólo petroquímico de Triunfo (RS), que exigiria investimentos pesados, da ordem de R$ 700 milhões, para sua ampliação.
Claro que vender ativos, ainda mais uma participação em campo de petróleo, não é o ideal para uma empresa. Mas esta venda praticamente resolve as necessidades de caixa da Petrobras para entrar forte no que é o negócio mais importante hoje: o controle do maior dos campos petrolíferos descobertos nos últimos anos no mundo.
Libra é campo para pico de produção de um milhão de barris diários, metade de tudo o que é produzido hoje no Brasil.
Rentabilíssimo, mas requer pesadíssimos investimentos.
O bônus elevado que a ANP vai fixar para o campo – R$ 15 bilhões -tira caixa da empresa para fazer frente a esse investimento, que tem prazos e metas.
E a Petrobras, que já tem um endividamento pesado sobre sua geração de caixa – que a desvalorização cambial impactou fortemente – não pode captar recursos indiscriminadamente, sem comprometer sua capacidade financeira.
Esse era o caminho que restava.
Não é, como disse, o ideal.
Mas é o possível para fazer frente ao que é necessário.
Fazer com que o petróleo do pré-sal, no seu maior campo, seja nosso.
PS. – A propósito, também hoje a Petrobras anunciou a descoberta de mais petróleo em águas profundas ao largo da Bacia Sergipe-Alagoas, área sobre a qual dissemos que se ouviria muito ainda falar. E vamos ouvir ainda mais.
Uma resposta
O petróleo, o aquífero guarani, a amazônia, o BB e a CAIXA, as riquezas minerais, a soberania e a liberdade de nossa linda gente, são nossos… Todos nossos. Ele podem levar o Serra e o FHC e essa imprensa podre. Vai Corinthians !
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