Prévia da inflação mostra que escalada de preços não terminou

Veio significativamente acima do esperado o IPCA-15, prévia da inflação de agosto divulgada hoje pelo IBGE: 0,89%, taxa que, ainda que possa ter uma ligeira desaceleração para a medição final, nada indica que possa ficar abaixo de 0,80%.

Pelo segundo mês consecutivo, é a maior taxa registrada no período desde 2002.

A taxa anualizada, que ficou em 9,3% no IPCA-15, vai chegar a 9,5% no IPCA fechado do mês e o INPC, que mede o consumo para famílias de renda de até 5 salários mínimos, se aproximará de 10,5%.

Há bom grau de certeza nestas expectativas, porque os itens que mais pesam na “inflação dos pobres” subiram muito: a alimentação (que voltou a subir mais de 1% ao mês), o transporte e a manutenção da habitação vieram todos altos.

Não é nenhum alarmismo – aliás o próprio Guedes o admitiu – em que venhamos fechar 2021 com a inflação acima de 8%, mas que o dobro da já soterrada meta de inflação de 3,75%.

Mantida a proporção e se deixarem o “pepino” da energia elétrica – veja no próximo post – todo para o ano que vem, teremos um INPC pouco acima de 9%.

Isto é mais do que o dobro do previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias e mais que a “folga” inflacionária usada no cálculo do “teto de gastos”, que foi de 8,3% (IPCA de junho), com a qual o governo contava para seu “pacote de bondades”. Isso porque boa parte das despesas obrigatórias, previdenciárias e assistenciais, é indexada melo mínimo que, neste caso, deveria subir para R$ 1,2 mil e não para o R$ 1.147 previstos na lei.

Isso equivale a um acréscimo de pouco menos que R$ 20 bilhões de reais.

O desgaste da inflação sobre Bolsonaro não vai ser resolvido com a lenga-lenga de culpar os governadores e o ICMS, que já estava nos preços desde sempre.

PS. O post foi escrito pela manhã e já no início da tarde Paulo Guedes confirmou estas previsões: ““Principalmente com a inflação subindo como está subindo agora, acaba com o espaço de ampliação dos programa sociais; acaba o espaço; até mesmo, dependendo do nível da inflação, eu já posso começar o ano furando o teto”. Pois é…

 

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