Governo gastará água do NE para aliviar caos elétrico no Sudeste

A Folha anuncia que, hoje, o Governo Federal autorizará a “flexibilização de restrições (da regulação dos níveis) do São Francisco” para garantir recursos energéticos adicionais para reduzir “a degradação dos reservatórios das hidrelétricas das regiões Sul e Sudeste”.

Traduza-se: vai impor sacrifícios às populações do Norte de minas e do semiárido baiano, que usam o rio para navegação, irrigação e abastecimento, além de provavelmente reduzir a vazão dos canais de transposição do Velho Chico que já estão em operação.

O reservatório de Três Marias, o mais à montante do São Francisco, ainda tem 50% de sua capacidade, mas solta oito vezes mais água do que recebe a cada dia, Seu papel no controle de vazão do São Francisco é mais importante que sua capacidade de geração de energia, muito pequena, mas essencial para a chegada de água em volume que permita a Sobradinho e Paulo Afonso, que respondem por 90% da capacidade hidroelétrica instalada na região, funcionarem a plena carga, o que não está acontecendo.

As maiores represas do Sudeste/Centro-Oeste estão muito abaixo da reserva do sistema, que é de 22,8%, hoje.

Furnas, que responde por quase 70% da geração da bacia do Rio Grande, tem apenas 18,3% de sua capacidade e libera 4 vezes mais água do que recebe, uma queda de oito centímetros diários e em seu imenso lago, que tem apenas um metro e meio apenas mais do que marca em seu mínimo estado de acumulação, que ocorre em novembro.

Nova Ponte, Itumbiara e Emborcação, as maiores da bacia do Rio Paranaíba – na qual respondem por 3/4 da acumulação de água – estão ainda pior: todas em torno de 12% de reservas.

E a represa de Serra da Mesa, em Goiás, no Alto Tocantins, ainda tem mais – 29,4% de sua capacidade – mas esvazia rapidamente, liberando 13 vezes mais água que recebe (940 m³/segundo saem, contra 73 m³/segundo que saem).

As três bacias, somadas, correspondem a 80% da capacidade de todo o sistema Sudeste / Centro-Oeste e este, por sua vez, por 70% de toda a capacidade de reserva de água para geração elétrica.

Não é preciso mais para descrever a dramaticidade da situação, que está sendo responsável pela operação, na base do “custe o que custar”, o que, segundo apura o Estadão, vai significar, em algum momento entre o trimestre final de 2021 e abril de 2022.

Portanto, a crise hídrica caminha para bater firme: na torneira, no interruptor e no bolso. Ou nos três.

 

 

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