Melhor discurso do Dia do Soldado foi o silêncio de Bolsonaro

O melhor discurso da cerimônia do Dia do Soldado, realizada há pouco no Quartel General do Exército. em Brasília, foi, sem dúvida, o silêncio de Jair Bolsonaro, que não falou na cerimônia.

Afinal, tudo o que ele diz é tão impregnado de agressão, ódio e golpismo que nada de bom poderia vir de sua boca peçonhenta.

Mas não se pode, apesar disso, acreditar que sua presença não contaminou o pronunciamento do comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, discreto, convencional e, em outras circunstâncias, pleonástico em dizer que as Forças Armadas estão “sempre pronto a cumprir a sua missão, delegada pelos brasileiros na Carta Magna” E que esta é “a defesa da Pátria e a garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem”, faltando, claro, dizer da cereja que a Constituição põe isso: ” por iniciativa dos poderes constitucionais”.

Talvez, porém, tenha sido o preço para evitar uma fala insufladora do Presidente.

O problema é que Jair Bolsonaro tanto tem politizado o que chama de “seu” Exército que pleonasmo virou dúvida, neste momento.

E o general, que poderia ter feito um pronunciamento mais incisivo sobre o compromisso da Força com a legalidade constitucional, preferiu, não se sabe por gosto próprio, prudência ou sensibilidade em não cutucar o comandante, parar por ali.

Na atual conjuntura, onde falar em corda em casa de enforcado não é prudente, fiquemos com outro pronunciamento como símbolo do Dia do Soldado: o do coronel PM da reserva Glauco Carvalho, que defendeu no Estadão a punição exemplar do colega que foi às redes sociais convocar atos de insubordinação em favor de Bolsonaro.

[Só afastar do comando] não basta para resolver o caso na PM paulista. Ele [o coronel Aleksander Lacerda] é meu amigo e foi meu aluno no Curso Superior de Polícia. A despeito disso, fico com a lei e com os princípios de minha instituição. Ele tem de ser punido sob o ponto de vista administrativo e sob o ponto de vista penal militar. (…) É preciso diferenciar oficial da ativa do oficial da reserva. O da reserva, até certos limites, pode se manifestar, ter vida partidária. O da ativa tem limitações severas em decorrência do papel na sociedade e por ele portar armas. Tratando-se de um oficial da ativa, o fato é de gravidade extrema. Ele tem de ser severamente punido (…) Se não, vamos instalar a balbúrdia na instituição. O Brasil está de ponta-cabeça. É surreal. E vejo coronéis querendo contemporizar… A tropa precisa ver que o bumbo bate no pé direito. O procedimento administrativo tem de ser célere. Fosse em outras épocas, ele estaria preso hoje ou amanhã para dar exemplo para a tropa.

O coronel Glauco bem que poderia fazer umas palestras na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, que fica aqui no Rio, na Praia Vermelha. Anda fazendo falta esta visão.

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