Sem investimento estatal, não há saída para a crise no Brasil

quedainv

Os dados mostrados na ótrima reportagem de Adriana Fernandes no Estadão mostram mais que o atual estado desesperador do país em matéria de investimentos públicos – isto é, em infraestrutura (energia, transportes, habitação, saneamento e tudo o mais onde, sem o Estado, nada ou quase nada se faz).

Revela algo pior: a nossa condenação a “marcar passo”nos próximos anos, sem perspectivas de um crescimento econômico compatível com nossas necessidades, potenciais e mesmo a vocação de um país em tudo de imensas dimensões.

Mesmo que tivéssemos claras perspectivas políticas de mudança de governo que recusem o “pensamento único” de que “o mercado” vai trazer os investimentos necessários ao Brasil – o que nunca aconteceu – quem assumisse o comando do país com esta determinação se chocaria com barreiras imensas.

A primeira delas, o grau de endividamento que, com todos os cortes e mesmo com a queda de juros não cessa de subir. A verdade, que é a necessidade de restabelecer impostos de maneira seletiva (tributação de lucros e dividendos, sobre movimentações financeiras a partir de certo valor que não onere assalariados, gradação dos impostos de transmissão hereditária de bens, etc).

Mesmo com recursos, porém, haveria problemas.

Programas de investimento paralisados –  e estamos cheios deles – custam mais caro (e muito) do que em andamento, porque implicam custos de remobilização de meios, degradação de estruturas abandonadas, perda de equipamentos estocados.

As grandes empresas de engenharia, atingidas em cheio pela Lava Jato, têm pouca capacidade financeira para esta retomada, cujos pagamentos só se dariam em médio prazo.

Isso se não se exigirem novos procedimentos licitatórios, sempre e cada vez mais vagarosos, complicados e arriscados para o gestor público, hoje amaldiçoado como corrupto, em geral.

A destruição que se fez no Brasil vai ser cenário para toda uma geração. Moro e o Judiciário, como Fernando Henrique e o PSDB nos darão uma década perdida.

 

 

 

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31 respostas

  1. Brasil… o túmulo da “utopia liberal”.

    Vai ser engraçado ver o “rebolation” da mídia para esconder que aquilo que 100% dos economistas dos jornais falaram nos últimos 10 anos era apenas propaganda partidária e ideologia burra… pura balela…

    A “mão invisível do mercado” pelo jeito não vai nos salvar… nunca veio… nunca virá… o caminho difícil, pelo jeito, é o único caminho: CONSTRUIR UM PAÍS, INVESTIR DURANTE DÉCADAS, FOMENTAR O CRESCIMENTO, ESPERAR…

    Como seria fácil se as coisas acontecessem como o imbecil do Rodrigo Constantino diz: “É SÓ ELIMINAR O ESTADO E ESPERAR A MÁGICA ACONTECER”… claro… as empresas vão entrar em uma guerra de preços e qualidade… lutando para fornecer o melhor produto ao menor preço para a população… investindo cada vez mais para gerar o melhor produto… e com isso nosso desenvolvimento está garantido… que maravilha! Quando começa esse “carnaval de desenvolvimento” prometido???

    Se os liberais estivessem certos a vida seria muito fácil… é só não fazer nada que o país se auto-desenvolve… claro… é a mágica… mas em lugar de sair um coelho saiu um rato de esgoto da cartola.

    Até agora essa política liberal só trouxe fracasso para o país… mas a qualquer momento seremos a Suíça… é só esperar…

  2. OGlobo disse em editorial ontem que “é preciso detalhar como Emílio Odebrecht atendeu ao pedido de dona Marisa Letícia para concluir a reforma do sítio de Atibaia, mal iniciada por outros, menos qualificados que a maior empreiteira do país. Bem como os pagamentos pelos bons serviços prestados por Lula aos negócios da empresa, disfarçados de remuneração por palestras.”

    “Detalhe: a Globo, que tenta manter Lula preso para prorrogar o golpe que destrói a economia nacional e entrega o petróleo, também contratou palestras de Lula.”.

    Ou seja, se a hipótese da Globosta fosse verdadeira, ela seria suspeita de financiar o Sítio de Atibaia em troca de refinanciamento de dívidas junto ao BNDES.

    1. Detalhe: A Globo sustentava amante e filho de FHC no exterior enquanto recebia empréstimos do BNDES do governo FHC.

      Globo acusa Lula de fazer palestras em troca de apoio… mas ela própria contratou palestras de Lula. E acusa a Odebretch de receber empréstimos do BNDES em troca de favores… algo que ela mesmo fez. A diferença que ela acusa sem provas… enquanto as suspeitas contra a Globo estão fartamente documentadas.

    2. Se a Globo e seus empregados do MPF tivessem como provar qualquer relação suspeita entre as “benesses” de reformar uma cozinha de sítio ou um triplex fajuto e eventuais “favores” do governo às empreiteiras, Sérgio Moro não precisaria ter passado todo esse tempo juntando “convicções” cretinas para prender Lula sem provas. A Globo criou uma realidade paralela para poder esquecer justamente seus próprios crimes e os de seus aliados do PSDB, DEM, etc.

  3. “O golpe iniciado em 2016 é “uma tsunami política que tem um objetivo muito claro: remover qualquer traço de potencial soberania do Brasil, eliminar o Brasil do cenário geopolítico mundial como uma voz dissidente nas Américas e sabotar os Brics”. A avaliação é do neurocientista Miguel Nicolelis em entrevista ao Tutaméia.
    Para ele, a situação atual é muito pior do que a vivida nos idos de 1964: agora o golpe “carrega dentro dele a semente da destruição, a obliteração total de qualquer vestígio de soberania brasileira”.”
    https://www.revistaforum.com.br/miguel-nicolelis-esse-golpe-e-muito-pior-que-o-de-1964-pois-carrega-a-semente-da-destruicao/

  4. Uma rápida avaliação do desastre econômico que o golpe sujo deu ao país já o condena o golpe e os golpistas para sempre. Irreparável.Sem falar que ainda mais grave é a desmoralização das instituições que nunca prestaram mas agora chegaram e excederam ao seu limite e nos jogam para um limbo civilizatório nos próximos anos.
    O que moro/globo/stf fizeram é desastroso, sendo que o desastre econômico o menos grave deles.
    Onde estão os economistas que não orçam, não avaliam, o que seria muito fácil, o prejuízo que deve já estar na casa de dois trilhões de reais (R$2.000.000.000,00), ou seja, o dobro do 1 trilhão que o governo pt fez de investimentos de infraestrutura em dez anos? Só em destruição de empreiteiras, em obras interrompidas, em entrega do pré sal e da petrobrás…
    E insisto, isto ainda não foi o mais grave.
    stf e moro levados pela globo fizeram o que uma guerra civil faria.

  5. “Isso se não se exigirem novos procedimentos licitatórios, sempre e cada vez mais vagarosos, complicados e arriscados para o gestor público, hoje amaldiçoado como corrupto, em geral.”

    Pois é, Brito. Essa cultura de demonização do serviço público e da política faz um desserviço à sociedade. Pensamento pequeno, tacanho, maniqueísta de mundo, desses manifestoches, que caem na pilha do PIG. Muitos agentes públicos sérios dispostos a contribuir, anônimos, sofrendo esse preconceito, desde à época do Collor.

    Houve um resgate de autoestima com Lula, mas hoje estão destruídos novamente. E, pior, dentro do Estado, há servidores com síndrome de vira-latas e/ou de Estocolmo, concordando com o estereótipo.

    LAMENTÁVEL!!!

  6. acho que muitos sonham transformar o Brasil num EUA a golpe de canetada, ignorando o processo histórico passado e vingente

    1. Acho difícil transformar o Brasil nos EUA destruindo nossos projetos estratégicos, entregando nossas riquezas, aniquilando os projetos de defesa nacional. Acho que o objetivo é transformar o Brasil em Porto Rico.

    2. Só se foi fantasia ou ilusão. Porque o sonho aqui é um pesadelo… de anexar o brazil como quintal do uncle sam.

  7. “Moro e o Judiciário, como Fernando Henrique e o PSDB nos darão uma década perdida.”, digo, tomara que você esteja mais certo do que errado, pois já há contas de que o tempo perdido será bem maior, e se houver retomada imediata dos tais investimentos públicos, o que não se avizinha como possível. Qualquer mudança, só em janeiro, e teremos um longo caminho para percorrer até a inversão dessa queda abrupta que estamos presenciando. Isto porque, além de sua previsão por onde se retomaria o crescimento, vejamos: “… investimentos públicos – isto é, em infraestrutura (energia, transportes, habitação, saneamento e tudo o mais …), há algo que precede tudo isso, a definição das prioridades, ou por onde começar, por qual área, em qual região, haverá a aplicação inicial dos investimentos para o reinício da engrenagem da economia. Não tenho dúvida alguma que haverá disputa por essa definição, e só então teremos o que você disse, Fernando, ou seja: “Programas de investimento paralisados – e estamos cheios deles – custam mais caro (e muito) do que em andamento, porque implicam custos de remobilização de meios, degradação de estruturas abandonadas, perda de equipamentos estocados.”. Por isso, uma década é pouco para haver resultados práticos, que influam na vida diária dos milhões de trabalhadores desempregados e subempregados, ou algo perto de 27 milhões de pessoas. Triste realidade.

  8. eu só queria que alguém me explicasse como essa turma do rentismo vai continuar ganhando com essa politica de “gastos enxutos”

    1. O rentismo ganha sempre porque especula em todos os mercados possíveis, aqui e no exterior. Jogadas manipuladas com as apostas bolsa/câmbio/juros fazem a festa. A rentabilidade de alguns dos fundos de investimento para grandes fortunas é astronômica.A grande vantagem é que eles podem faturar alto sem se preocupar em olhar se as empresas nas quais investem estão com bons fundamentos econômicos, se o mercado consumidor vai bem, nada disso. Lucram com a volatilidade da economia e fazem suas apostas numa roleta mais do que viciada. Quando os lucros não forem tão teressantes, fogem da noite para o dia para outros cantos do mundo.

      1. eu agradeço sua resposta
        isso tudo é grego pra mim
        não consigo compreender como pode existir esse tipo de gente
        eles sugam tudo e todos, e o resto que se dane, é isso né?

        1. É isso. O nome é o neoliberalismo selvagem instalado nos mercados há algumas décadas. E que resultou, inclusive, na crise de 2008. Os mercados e as operações mais sofisticadas são feitos por meio de algoritmos que movimentam a especulação no mundo todo, ao mesmo tempo. A riqueza produzida é em grande parte fictícia e serve apenas para ampliar a desigualdade, como temos visto acontecer globalmente.

          1. que coisa mais medonha

            como essa gente consegue dormir?
            pra que querem tanto $$$?

            grata por suas respostas :)
            abraços

  9. Ou seja, FHC nos anos 90 e o austericídio iniciado em 2015, acelerado sem cessar a partir de 2016 estão acabando com nosso futuro. Além disso tem o “desinvestimento” que o Parente conduz na Petrobrás, cujo acaba de anunciar que vai colocar a venda 60% dos ativos em refinarias dutos e “otras cosas”. Um brasileiro pode não ficar indignado com esta situação de suicídio pátrio?

  10. Dez anos? Não creio.
    O Brasil não sai mais desta sinuca de bico sem uma verdadeira conflagração.
    Para que haja investimento estatal é necessário impostos. Como não dá para aumentar os impostos de quem sempre pagou, teria que se começar a taxar o andar superior. Isto implica em conflagração.
    Outra possibilidade seria aumentar a dívida pública, mas as taxas de juros teriam que zerar, se não o andar de cima ficaria com tudo via juros. De novo conflagração.
    Em suma, ou vamos à guerra assumindo que o país é nosso (maioria) e não do andar superior, ou teremos pela frente inúmeras gerações passando fome.

  11. “Moro e o Judiciário, como Fernando Henrique e o PSDB nos darão uma década perdida.”
    Caro Fernando, permita-me corrigir o tempo verbal, já nos deram uma década(ou mais) perdida.A esta altira do campeobato, a vaca já foi pro brejo.

  12. Não vejo como analisar a situação econômica do Brasil, como se fôssemos um país “normal”. Acho que não vamos perder uma década, estamos é perdendo o país. Na minha opinião não existe a menor chance de um país com o tamanho do nosso preservar seu território, sem ter recursos de defesa, sem uma economia forte, sem ter um POVO que o AME. O Brasil de hoje não tem nada disso e nem inúmeras outras coisas que constituem uma nação. Vamos nos fragmentar na próxima década, isto sim.

    1. Concordo. O período FHC nos deu uma década perdida mas ainda havia patrimônio nacional. E nem de longe vivíamos uma situação de desmonte da indústria nacional e de todos os possíveis horizontes de desenvolvimento tecnológico e científico que sofremos em dois anos de golpe. Hoje, a cadeia de óleo e gás e o setor de engenharia pesada, assim como a indústria naval, que foram turbinados nos governos petistas, não regrediram aos estágios anteriores mas entraram em modo de extinção.

      Os projetos que envolvem ciência e tecnologia, como bem lembra Miguel Nicolelis, não só perderam tudo o que se construiu nos governos Lula e Dilma, mas estão sendo destruídos. A base espacial de Alcântara, que colocava o Brasil em pé de igualdade com três ou quatro outros grandes países com capacidade para colocar satélites próprios em órbita, já foi entregue. E por aí segue.

      O roteiro é de destruição total não só da economia mas do patrimônio e da soberania nacionais. Muito já conseguiram fazer nesse sentido em dois anos. Mais dois anos e nada restará em pé. Pedro Parente cuida de estraçalhar a Petrobrás, esquarteja-la e vender aos pedaços. Os juros reais continuam fazendo a festa dos especuladores, junto à farra no câmbio e na bolsa.

      A insegurança jurídica e o custo da corrupção que alimenta as máfias instaladas no Executivo, Legislativo e Judiciário travam as decisões de negócios produtivos. O Eduardo Guardia teve a ousadia de admitir, em Nova York, que o BNDES não pretende “dar crédito barato aos brasileiros”. O prestígio internacional do Brasil foi reduzido a cacos. Enfim, como imaginar que em uma década poderíamos reverter esse apocalipse ?

      1. Desfazendo o caos instalado. Exige mais endividamento, mas a Economia cresce rápido e a Dívida pode ser paga sem problema. Lula já fez isso.

        1. Espero que sim mas o grau de destruição de valor agora é maior do que aquele encontrado por Lula.

    2. Concordo com os comentarios. A prova de que o pacto democrático acabou é a prisão de Lula ( o representante da conciliação politica entre as classes sociais no país) e o anestesiamento de grande parte da população. O país passa por um processo de degradação das suas instituições, ruptura social e aprofundamento da recessão economica, O alto endividamento não permite investimento público ( que está congelado) e o investimento externo simplesmente não virá (os juros americanos estão em alta e a instabilidade política não atrai investidores). Não é a toa que o real foi a 3a. moeda a perder mais valor frente ao dólar nesses últimos dias (só ficou atrás do bolívar Venezuelano e da moeda russa). Enquanto isso ás máfias que se instalaram no poder, tratam de dilapidar o mais rápido possível o patrimonio nacional. A revista Exame em 26 de abril último informa que “a China aproveita crise para investir e ganhar força no Brasil”, segundo a reportagem “Vulnerável após uma recessão profunda e com o setor da construção em frangalhos, o Brasil está estendendo o tapete vermelho para essas empresas. Para a China, esta é uma oportunidade de garantir o acesso a recursos naturais e também de se fortalecer em uma região que tradicionalmente permaneceu sob a influência comercial dos EUA”, e continua a reportagem ” Em 2017, o investimento chinês foi o maior em sete anos, US$ 24,7 bilhões, de acordo com o Ministerio do Planejamento do Brasil” e completa “O apetite pelo Brasil também aumentou porque o presidente Xi Jinping decidiu incluir o País em seu plano “Um Cinturão, Uma Rota” para investir US$ 1 trilhão em infraestrutura global”…. Como se vê, nosso país está literalmente à venda pra quem quiser comprar, e barato….

  13. Se fosse só a queda nos investimentos do Estado, poderia se dizer que é a babaquice do neoliberalismo… mas e o aumento da dívida pública? Onde vai parar o dinheiro da dívida pública se não é em investimento? É muito mais do que uma década perdida, F. Brito, porque anda-se uma pra frente e cinco pra trás.

  14. Para que um País invista em obras de infraestrutura, diminuindo assim o flagelo do desemprego, ele precisa de alguma reserva para isso. O problema é que o Brasil “queima” todos os seus recursos no custeio da devoradora e insaciável máquina pública.
    Assim a crise social só deve aumentar.

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