Quando Francisco Franco deu o golpe que derrubou a República na Espanha, uma onda de solidariedade se espalhou no mundo e 35 mil jovens, de 53 países, acorreram ao chamado da Resistência espanhola;
Foram lutar contra as tropas franquistas e contra as chacinas promovidas com o auxílio de Hitler, que usou o solo espanhol como campo de prova de seus Stukas, bombardeiros de mergulho responsáveis pela destruição que ficou imortalizada no quadro Guernica, de Pablo Picasso.
Entre eles, dezenas de brasileiros e nomes que se tornariam famosos mundialmente: André Malraux, George Orwell e, como correspondente de guerra ao lado dos republicanos, Ernest Hemingway, que usou o conflito como base para seu clássico “Por quem os sinos dobram”, que tornou mundialmente conhecidos os versos do poeta inglês do século 17, John Donne:
“a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”
Pois acreditem que um juiz de Madri está mandando retirar um pequeno monumento em homenagem aos brigadistas erguido no campus da Universidade Complutense de Madri. Mandou retirar o monumento alegando falta de licença urbanística para sua colocação. Duas simples placas de aço, com uma estrela, símbolo das Brigadas Internacionais, ocupando menos dois metros quadrados no próprio campus da universidade!
Por trás da insólita decisão há uma luta política. Um candidato derrotado à Reitoria havia se oposto à homenagem e qualificado sua colocação de “uma tentativa unilateral de reescrever a História”, porque o pai do atual reitor, José Carillo, era Santiago Carillo, ex-secretário do Partido Comunista Espanhol e ele próprio combatente antifranquista.
O monumento já havia sido alvo de pichações de vândalos em 2011.
Agora, se o recurso apresentado pela Universidade não for acolhido, vai abaixo com ordem judicial.
Algo para lembrar os versos de Pablo Neruda, diplomata chileno servindo em Madri, em 1936, quando explodia a guerra e começavam os massacres:
Generais traidores: / olhai a minha casa morta / olhai a Espanha rota / mas de cada casa morta sai metal ardendo / em vez de flores / mas de cada buraco da Espanha / sai Espanha. (…) Perguntareis por que a sua poesia / não nos fala do sonho, das folhas / dos grandes vulcões do seu país natal? / Vinde ver o sangue nas ruas / vinde ver o sangue nas ruas / vinde ver o sangue nas ruas!