A certeza de que o “sigilo” ilegalmente imposto à divulgação das agendas palacianas dos pastores-picaretas Arilton Moura Correia e Gilmar Santos iria cair fez o Planalto recuar e divulgar que por 35 vezes em três anos, os dois estiveram na sede do Governo, certamente não para oferecer assistência espiritual aos donos do poder.
Ambos foram fazer lobby e não orações e foram tantas vezes que não é possível, tanto a eles quanto aos “visitados” darem respostas genéricas cobre o que foram fazer.
Muito menos porque foram recebidos e quais os interesses envolvidos na interlocução direta de Arílton e Gilmar, que não têm funções públicas, com ministros palacianos e quem intercedeu para que obtivessem tantas agendas impossíveis a qualquer mortal.
A alegação de que ambos estavam sendo investigados pela Controladoria Geral da União cai, igualmente, por terra, porque continuaram tendo acesso franqueado aos principais gabinetes da República.
Tudo isso teria de ser inquirido e revelado por uma CPI, mas justamente por isso ela foi bloqueada e sabotada pelo Governo.
Por mais pontas que haja para serem puxadas, neste caso, a investigação não avançará se não for feita à frente da opinião pública, como a quebra do sigilo das agendas palacianas não teria sido feita sem a pressão da reação ao impacto que a sua ocultação causou.
A menos que pareça uma “testemunha-bomba” – isso não é impossível, como a CPI da Covid o demonstrou – o caso tende a ficar sob o abafamento que está evidente que se faz sobre ele.
Porque não se trata do encobrir o que Gilmar a Arílton fizeram, mas de ocultar um esquema que fez, com eles e com outros, Bolsonaro se tornar o “príncipe do fundamentalismo” religioso, que é de fato, embora não de direito, o seu partido político.
Gilmar e Arílton são a pena por onde se puxará uma galinha ou um galinheiro inteiro.