Nos primeiros tempos da pandemia, a conta dos economistas é que, no último trimestre do ano o Brasil e o mundo estariam “bombando”, como a tirar o “atraso” do primeiro semestre desastroso.
Não estão, embora não falte especulação no mercado financeiro. A maior delas, o dólar, que o mercado financeiro, em março, estimava de R$ 4,20 nas edições de março do Boletim Focus de março deste ano para, agora, em R$ 5,35. E Deus sabe como, pois terá de cair 5% em dois meses e dias, porque fechou hoje a R$ 5,61.
Mas sobram pontos de interrogação sobre a economia mundial que vão além da já imensa incógnita da eleição presidencial norte-americana.
A segunda onda da pandemia na Europa acende todas as luzes de alarme.
Hoje, o numero de casos confirmados no continente chegou perto dos 190 mil, quase cinco vezes mais que os piores momentos registrados em março e abril. Seguro, portanto, que a atividade da economia europeia, com todos os seus reflexos sobre o mundo, tende a decair, embora não tão fortemente quanto no segundo semestre deste ano.
A nossa, por aqui, está reagindo cada vez com menos força: o IBC-Br, tratado como “prévia do PIB”, teve uma alta de 1,06% no mês de agosto ante julho, abaixo da de julho sobre junho, de 2,15%.
A Fundação Getúlio Vargas, que também antecipa o PIB em seu Monitor, diz que “o ritmo de retomada parece ter desacelerado” com o crescimento de agosto ter sido de 2,2%, ante 4,6% no mês anterior.
O final do ano merece prognóstico reservado, mas o do início de 2021 é, definitivamente, sombrio.
Dificilmente seguir-se-á injetando recursos via auxílio emergencial, ainda que pela metade, como neste final do ano. A pressão sobre os juros, oficialmente fixados abaixo da inflação agora crescente, vai cobrar preço pesado pelo financiamento de curto prazo que se adorou, que concentra R$ 650 bilhões em vencimentos até abril de 2021.
A debatedo “rompe-teto” e auxílio-emergencial estendido vai aumentar a tensão.
Tudo está muito longe do “já passou” que tentam nos vender Jair Bolsonaro e Paulo Guedes.