TCU diz que governo ‘não tem plano’ para vacinar. E é surpresa?

Ontem, perguntou-se aqui se um Ministério da Saúde que, em nove meses, não conseguiu resolver um problema simples como o de registrar corretamente o número de casos e óbitos – não, não é curiosidade mórbida, mas o mecanismo possível para identificar os hubs de expansão da doença e a necessidade de reforço em suporte hospitalar – teria capacidade de coordenar com eficácia um programa de vacinação de dezenas de milhões de pessoas, agindo rápido e otimizando a disponibilidade de vacinas que, ainda inexistentes, certamente serão escassas.

Hoje vem a prova de que não tem, com a reportagem da Folha sobre o relatório do Tribunal de Contas da União relatando que o Governo não tem plano real contra Covid-19 e tudo que foi apresentado até agora, além de vago, contém omissões, contradições e ineficácia.

Segundo os auditores do Tribunal, não há um planejamento “minimamente detalhado” para o combate à pandemia, e “representantes da pasta comandada pelo general Eduardo Pazuello não compreendem como função do ministério a articulação com os entes subnacionais (governos estaduais e municipais)”.

Faltam seringas, equipamentos de proteção individual foram comprados mas não distribuídos, respiradores mecânicos que faltam para leitos de UTI estão armazenados em São Paulo, sem uso, e há carência de anestésicos necessários à intubação de pacientes, para ficar nos pontos materiais mais chocantes.

O mais grave, porém, é aquela falta de articulação, que está alimentando as situações mais fantasiosas, como a corrida às vacinas do Butantan, que não existem em quantidade suficiente para atender sequer as necessidades de São Paulo, quanto mais às de estados e município que, às centenas, anunciam ter pedido o imunizante desenvolvido com os chineses.

Ah, a propósito, o site do Ministério, 15 horas depois da “atualização de ontem” continua indicando que ninguém morreu e que ninguém ficou doente, ontem. Para que essa angústia, não é?

 

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