A “tigrada” do Judiciário

tigrada

Na coluna de Elio Gaspari, hoje, o recém-destronado da condição de “palavra final” sobre a história da ditadura militar diz que o general Golbery do Couto e Silva, eminência nem tão parda do regime, teria comentado sobre um documento palaciano:

“Estamos sofrendo uma ditadura dos órgãos de segurança. (…) toda vez que a cousa começa a acalmar o pessoal decide e cria troço, prende gente. Porque, você compreende, é para permanecer, para mostrar serviço. (…) A verdade é que eles fazem o que querem.”

É quase impossível transplantar a frase para os dias de hoje, substituindo-se o “órgãos de segurança” pelo bolo persecutório formado pelo Ministério Público, pela Polícia Federal e por voluntariosos juízes de primeira instância, à frente o juiz Sérgio Moro.

Como a “tigrada” militar, este núcleo age com a mais completa convicção de impunidade com que a bandeira do “combate à corrupção” os cobre, tal como a do “combate ao comunismo” dava sombra aos  meirinhos da ditadura.

Em ambos os casos, a “causa” dava justificativa “moral” para os arreganhos de poder, as “cognições sumárias” de culpa e para a tortura, certo que de modo “civilizado” ante os paus-de-arara do regime ditatorial militar. Na ditadura judicial, substituiu-se-lhes pelas “alongadas prisões de Curitiba”, que fazem brotar, como então, confissões que, verdadeiras ou falsas, vão possibilitando tramar-se uma teia até onde as desejem as aranhas.

À parte a imperdoável cumplicidade dos chefes do poder militar com esta abjeção, vê-se claramente que os escalões inferiores na máquina repressiva tomaram os freios dos dentes e levaram os seus superiores – a alguns, “com gosto”, inclusive – a referendar obrigatoriamente o que faziam.

Ou vê-se algo diferente no Supremo Tribunal Federal , onde, invariavelmente, legitimam-se os arreganhos de 1ª instância?

Gaspari diz que a intenção de “seletivizar” os assassinatos, submetendo-os à autorização da cúpula formal do regime frustrou-se porque, acostumados ao gosto de carne humana, os tigres não se contentavam em devorar apenas o que lhes fosse autorizado.

Também aqui é notória a dificuldade de livrar deste apetite os que não são “subversivos perigosos”, mas apenas e sempre comedores de migalha do poder empresarial. Quer-se comer também os cachorros e a carne tucana resta como a única que inapetece às feras.

A advertência que o episódio da revelação da chancela presidencial às execuções do regime militar, para Gaspari dirigida, “as vivandeiras [de quartéis] e napoleões de hospício de hoje”  deveria dirigir-se ao cardinalato de toga: “na ditadura praticaram-se crimes, e aquilo que pretendia ser ordem era uma enorme bagunça”.

A tigrada está aí, solta e com apetite insaciável, sob o olhar assustado dos que achavam que poderiam ser seus domadores.

A CIA achou que Geisel dominaria a ‘tigrada’

Elio Gaspari, na Folha

A história do Brasil continua a ser escrita pelos americanos. O documento da CIA que revelou o encontro do presidente Ernesto Geisel com três generais para discutir critérios para os assassinatos de dissidentes políticos avacalha os 40 anos de política de silêncio que os comandante militares cultivam em relação às práticas da “tigrada” dirigida pelo Centro de Informações do Exército, o CIE.

O documento mandado pelo diretor da CIA ao secretário de Estado Henry Kissinger revelou que, duas semanas depois de sua posse, Geisel fez uma reunião com o chefe do Serviço Nacional de Informações, João Baptista Figueiredo, e os generais Milton Tavares de Souza, comandante do CIE, e seu sucessor, Confúcio Avelino. Tavares de Souza, o “Miltinho”, era um asceta, radical, porém disciplinado. Confúcio, um medíocre.

Na reunião, “Miltinho” revelou que já haviam sido executadas 104 pessoas. Segundo a narrativa da CIA, a matança ficaria restrita aos “subversivos perigosos” e cada proposta de execução deveria ser levada ao general Figueiredo, para que ele a referendasse. Esse projeto de controle do Planalto sobre o CIE ficou na teoria, ou na imaginação da CIA.

No dia 11 de abril, quando o telegrama foi transmitido a Washington, circulava no Planalto um documento desconhecido, do qual sabe-se apenas a reação do general Golbery do Couto e Silva, chefe da Casa Civil de Geisel: “Estamos sofrendo uma ditadura dos órgãos de segurança. (…) toda vez que a cousa começa a acalmar o pessoal decide e cria troço, prende gente. Porque, você compreende, é para permanecer, para mostrar serviço. (…) A verdade é que eles fazem o que querem.”

Depois de abril, pelo menos 15 guerrilheiros do Araguaia foram mortos, e tanto Geisel como Figueiredo, “Miltinho”, Confúcio e Golbery sabiam que essa matança estava em curso desde outubro de 1973. (Executavam-se inclusive os jovens que atendiam ao convite de rendição e colaboravam com a tropa.)

Em janeiro de 1974, Geisel ouviu de um oficial do CIE uma narrativa das operações no Araguaia, onde haviam sido capturados 30 guerrilheiros. Geisel perguntou: “E esses 30, o que eles fizeram, liquidaram?” Resposta do tenente-coronel: “Alguns na própria ação. E outros presos depois. Não tem jeito, não.”

Semanas depois, ao convidar o general Dale Coutinho para o Ministério do Exército, ouviu dele que “o negócio melhorou muito, agora, melhorou, aqui entre nós, foi quando nós começamos a matar. Começamos a matar.” Geisel respondeu: “Esse negócio de matar é uma barbaridade, mas eu acho que tem que ser.”

A metodologia narrada pelo serviço americano foi seguida no extermínio da direção do Partido Comunista Brasileiro. Antes de 1974 os comunistas eram perseguidos ou presos, mas não eram assassinados. Em abril, três dirigentes comunistas haviam sido capturados e mortos pelo CIE. No ano seguinte, outros sete.

Com a destruição das siglas metidas em terrorismo, o CIE neutralizou a única organização esquerdista que agia na esfera política. Para isso, dispunha de pelo menos uma preciosa infiltração e conhecem-se casos de tentativas de recrutamento, pela CIA, de capas-pretas que viviam na clandestinidade.

À falta de dirigentes, em 1975 a “tigrada” continuou matando militantes em sessões de tortura. A ideia de controlar o CIE colocando-o sob a supervisão do Planalto simplesmente não funcionou.

Em 1976, depois da morte do operário Manoel Fiel Filho no DOI de São Paulo, Geisel demitiu o comandante do 2º Exército, general Ednardo D’Ávila Mello, e defenestrou Confúcio. Mesmo assim, só restabeleceu o primado da Presidência sobre as Forças Armadas em 1977, quando mandou embora o ministro do Exército, Sylvio Frota. (No dia da demissão de Frota, doidivanas do CIE pensaram em atacar o Palácio do Planalto.)

Para as vivandeiras e napoleões de hospício de hoje, o documento da CIA ensina que na ditadura praticaram-se crimes, e aquilo que pretendia ser ordem era uma enorme bagunça.

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30 respostas

  1. Esqueçam o 1%, esqueçam os 15% a única coisa que vai mudar esse país vai ser a ação dos outros 85% restantes de brasileiros, os eternos silenciados da nossa história. Quem conseguir seu silêncio ou ao contrário sua justa reação ganha a parada. Ou eles se mexem ou vamos ver outros 100 anos de República oligárquica.

    1. Curioso que você não se incluiu nem no 1%, nem nos 15 e muito menos nos 85 (101%?)! Quando você diz “Ou ELES se mexem…” Será que não era pra dizer “Ou NÓS nos mexemos?”. Ou você é gringo e está só observando a tragédia desse distante país conhecido pelo exótico nome de Brasil, tomado por uma neutra curiosidade assim, digamos, sociológica?

      1. 1º) matemática: 14% +1% = 15% e 15% + 85% = 100%.
        15% é a soma do que eu gosto de chamar de “mínima” “classe média” brasileira ou, para melhor exemplificar, a tal “abominação” de que nos fala Marilena Chaui, mais os muito ricos.
        85% da população brasileira é formada por miseráveis, muito pobres, pobres e a verdadeira classe média que todos e em seu conjunto formam por sua vez a classe trabalhadora brasileira de que fazem parte também, e para espanto deles, uma parte expresiva da daqueles 14% da “mínima” “classe média”. Mas sabemos se existe muita diversidade mesmo no 1% existe muito mais ainda nos 99% restantes da população, seja em termos de renda, padrão de consumo, formação cultural, consciência política etc etc etc. Mas é fato que o pais foi construído com essa dicotomia, com esses dois paises que convivem milagrosamente (mas sabemos como e a que preço!) no mesmo território, sob uma mesma bandeira, com o mesmo idioma comum e muitos desencontros, muitos desenganos, muitas esperanças defraudadas.

        2º) Se coloquei a ênfase no ELES é porque ELES, os 85%, SÃO a maioria da população e o ponto que queria justamente chamar a atenção era para essa MAIORIA ora silenciosa ora silenciada cuja voz não foi ouvida ou quando ouvida foi desconsiderada a expressão dos seus anseios de sua VONTADE. Primeiro, porque olhe-se por onde se olhe a história brasileira sempre foi caracterizada pelo domínio inconteste pelo monopólio do poder pelas diferentes oligarquias (que um famoso escritor chamou de os donos do poder) e pelo predomínio de uma forma de poder político autoritário, anti-democrático e anti-popular. Segundo, porque em democracia a regra mais básica mas ao mesmo tempo mais fundamental é a regra da MAIORIA e para um regime político ser considerado democrático, a vontade geral expressa nas urnas em eleições livres tem que representar a vontade de número maior que 50%+1% da população que pode exercer o direito ao voto. Portanto, a presença dessa maioria como sujeito histórico depende de uma forma política democrática, que nunca foi totalmente aceita pela MINORIA.

        3º) quanto a MIM posso dizer que você erra em gênero, em número e em grau. E nem EU e nem VOCÊ individualmente podemos alterar sozinhos esse quadro, agora não me sobra nenhuma dúvida de que NÓS podemos sim fazer muito.

  2. Gaspari testemunha ocular dos crimes . Provavelmente em seus livros sobre o assunto , não transparece nada neste sentido . Ele vai explicar qualquer coisa , neste caso específico ele esquece que o ” domínio do fato ” é concreto .E que a cadeia de comando era muito próxima e tinha os relatórios e reuniões semanais com Golbery . Se teve a trigada ontem , a de hoje segue o mesmo mantra . O apoio dos superiores .

    1. TESTEMUNHA OCULAR E ESTIMULADOR DOS ASSASSINATOS ATRAVÉS DAS SUAS MANIFESTAÇÕES MIDIATICAS!
      ESSE AÍ TEM AS MÃOS MANCHADAS COM O SANGUE DE TORTURADOS…
      JÁ SERGINHO MORO É OUTRO CASO…. É CASO PARA O TRIBUNAL DE DIREITOS HUMANOS DA ONU…
      SERGINHO VAI ARRASTAR TODO O JUDICIÁRIO E COMPARSAS (MPF, PF,…) PARA O LIMBO!
      CEDO OU TARDE PAGARÃO PELOS SEU ATOS!

    2. Domínio de fato de quais superiores ? além dos os ”gringos” e suas petroleiras, banca e mídia? Existem outros? Quais?

      1. Quem a NSA não pegou com dossiês, nem as malas de dinheiro convenceram, o avião cai e o sujeito suicida. O poder das corruptor das corporações é o supremo.

  3. Será que vamos ter de esperar outro tanto tempo, até que a CIA libere as informações sigilosas, para sabermos dos crimes cometidos pela “tigrada” de hoje ? Corrijo, para a confirmação oficial, pois desta vez já sabemos.

  4. Triste, não descobrir, pois qualquer um com uma inteligência mediana já sabia, mas ver provas da subserviência de nossos generais de 64, que apenas eram traidores a mando da CIA, serem santificados por uma imprensa laranja. Mas e hoje? Como será que estamos? Eles precisam provar portanto seu lado nacionalista, no entanto abraçam mais um golpe nitidamente regido pela CIA. Ora companheiros, juízes formados em Harvard, procuradores formados em Harvard, essa lambança no judiciário que comente crimes já reconhecido pelo STF e continuam a cometer, e vem general ameaçar o STF de cumprir a lei? A mando de quem? Cantar o hino nacional em dias de jogos não faz ninguém ser nacionalista. Duque de Caxias tem se revirado, desde 64, em seu túmulo heróico, só de costa ele toleraria isso.

    1. Caxias heróico? Grande piada. A Revolução Farroupilha (na qual levamos um pau mas comemoramos mesmo assim) foi de latifundiários, que eram escravagistas da mesma forma que o poder imperial. Alguns queriam dar alforria aum grupode grandes lutadores, os “Lanceiros Negros”. Mas Caxias combinou com David Canabarro para desarmar os negros e mandá-los acampar no Cerro de Porongos. Para lá Caxias mandou Chico Abreu “atacar os revoltosos mas poupar os brancos e os índios”. FRancisco Abreu atacou os negros desarmados e assassinou cerca de 800.

  5. Sendo a narrativa expressão da verdade, no Brasil o povo só a fica conhecendo, através de outros Países.

  6. Se um dia pudêssemos levantar a cortina e ver quem dava as ordens em 64 e agora veríamos que quem comandava verdadeiramente a tigrada de ontem e de hoje era a mão de Washington.

  7. Aconteceu crimes e Geisel foi conivente com a mídia. A mídia apoiou o golpe de 64 e depois fingiu que foi censurada pelos militares canalhas Como Figueiredo, Golbery. Roberto Marinho, família Mesquita do Estadão etc.

  8. Esse gaspari é o paspalho-vivandeiro-de-quarteis. Com todo o poder que, inclusive, lhe deu forças para defenestrar até mesmo o então ministro da guerra (guerra, hein: torturador impune), o tal pastor-alemão (créditos ao Juca Chaves) não poderia ter estancado todos os assassinatos de imediato? Ou, como era o preferido dos verdinhos (né, general-de-pijama-agrião), até antes de ser “ungido”? Ora, ora e ora, assassinos, sim, todos eles, sem exceção. E esses verdinhos-de-agora também estão se mostrando – ainda e sempre – assassinos (des)qualificados, tanto do estado democrático de direito, quanto da democracia em geral. Diz o ditado: “quem sai aos seus não (se) renegera. Quadrilha é muito pouco: batalhões nazi-fascistas.

  9. talvez a história precise ser escrita por estrangeiros, pois os nossos historiadores não o façam.
    e essa tigrada ainda insiste em defender o indefensável. e nós e que temos um ‘bandido’ de estimação.
    e isso os deixa revoltados. porque ninguém em sã consciência defende os verdadeiros bandidos deles.

  10. Nao me canso de repetir a historia é contada pelos “vencedores”, jamais pelos vencidos

  11. Pouca coisa mudou,de 64 até agora.Saíram os das fardas verde oliva,e entraram os de TOGAS.Mas a DITADURA de 64,é idêntica a de agora,com a diferença que os DITADORES de hoje,falam LATIM.

  12. O problema vivido pelos generais, no Planalto, então, era, e é, o mesmo problema vivido pelo Império do Mal com a CIA. O governo do império, há décadas, enfrenta o voluntarismo do governo paralelo que permitiu criar-se com a CIA. Hoje, o governo formal não tem mais poder absoluto sobre sua comunidade de inteligência, que passou, em muitos casos, a criar suas próprias fontes de financiamento, como é o caso da heroína, na Ásia, da cocaína, na América do Sul, além de outras fontes criminosas, afora o gigantesco orçamento de que dispõe junto ao governo americano. Quando não convém, a CIA não dá satisfações de seus atos. No Brasil, guardadas as proporções, foi o que aconteceu com a comunidade de informações, que, igualmente, tomou o freio nos dentes, transformando os senhores do regime, quase sempre, em seus vassalos. Quando Geisel conseguiu, por fim, dar limites a essa gente e fazer com que murchasse seu poder, também sustentado pela CIA, eles passaram a cometer barbaridades, como todos os que viveram naquele período devem recordar. Depois, e isto é flagrante para quem foi policial ou militar, durante e após esse período, os remanescentes, guardados dentro dos limites dessas instituições, tornaram-se queixosos do ocaso de suas glórias e estrepolias e, não raro, passaram a ser problema dentro das respectivas instituições, influenciando e, não raro, ditando como as coisas deveriam andar, criando descaminhos. Mas, o importante a ser notado é que, assim como a CIA, que estimula o desvario, a cria torna-se independente do corpo da mãe e passa a agir conforme o voluntarismo de seus agentes. O câncer permaneceu quieto, após a redemocratização, mas, não foi extirpado. A CIA continuou presente e atuante, ora fazendo o seu jogo, ora o dos senhores de Washington. O que vemos hoje é apenas a condução de um plano feito por gente tarimbada nesse mister, por energúmenos, intelectualmente limitados, na PF, no judiciário, no MPF, FFAA, com falhas culturais enormes e provenientes da doentia e apátrida elite e seus satélites sociais, com métodos não menos criminosos, renovando o jogo de dominação. E novamente, parece ser uma característica desse tipo de criação, a criatura toma o freio nos dentes e seus supostos superiores hierárquicos, dentro da combalida estrutura estatal em franca decadência, já não têm controle sobre os sociopatas, canalhas, sádicos, criminosos comuns e fanáticos ali arregimentados.

  13. Esse Gaspari é um tremendo filho da puta,assim como todos os canalhas dessa podre globo e os 5 generais bandidos que arrebentaram com o país, e seus sucessores, asseclas e togados, até os dias de hoje.
    Quem a partir desse escândalo,agora descoberto, ainda for simpático a qualquer coisa que leve o nome globo, ou a qualquer força armada apátrida e entreguista como as nossas, merece bastante viver num país de merda, em que se transformou o brasil minúsculo.

  14. Alguém sabe a história por trás dessa foto ? Gostaria muito de saber se, o bichinho conseguiu fugir dos tigres ?

  15. O que está passando batido na chamada ‘blogosfera progressista’ é que no golpe atual não interessa ao alto comando (Deep state estaduninse: NSA, NRO, CIA, FBI, DEA, DoJ, finança estadunidense e internacional, indústria bélica estadunidense, etc.) que a milicalha assuma a linha de frente do golpe no Brasil, pois isso escancararia que já estamos numa ditadura, hoje tendo à frente os togados, de paletó e colete, enquistados e encastelados no sistema judiciário brasileiro, todo ele cooptado pelo alto comando.

    O documento da CIA, divulgado por um “pesquisador” identificado com a direita golpista, oligárquica, plutocrata, escravocrata, cleptocrata, privatista e entreguista, que trabalha num veículo do PIG/PPV, não traz novidades, mas apenas mostra uma prova – difícil de se refutar – de que TODOS os generais que ocuparam o Planalto não apenas sabiam, como comandavam a tortura e matança de opositores políticos. Que a CIA e outras agências e departamentos de espionagem e investigação dos EEUU faziam (e fazem) parte da coordenação e comando dos golpes de Estado na América Latina não é novidade. O ‘x” da questão é; “Por que e com quais interesses a CIA e seus prepostos no Brasil divulgam neste momento, e com esta ênfase, um documento expondo Ernesto Geisel e João Figueiredo como mandantes de torturas e assassinatos de opositores?”

    É importante observar que foi no governo de Ernesto Geisel que se celebrou o acordo nuclear Brasil-Alemanha, ao qual os EEUU sempre se opuseram. Os EUA também não apoiavam a expansão das empresas de construção civil (Mendes Júnior, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Correia, Queiroz Galvão, etc. ) no Oriente Médio e menso ainda exportação de armas e material bélico brasileiro naquela região. O PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) foi lançado no governo Geisel e se caracterizava pela presença forte do Estado na organização e coordenação dos grandes pilares da economia, o que contrariava interesses dos EUA; Geisel presidiu e fortaleceu a Petrobrás, contra a qual SEMPRE se colocaram os EEUU. Os EUA sempre quiseram que as FFAA brasileiras se reduzissem a uma polícia, para reprimir o “inimigo interno”, ou seja, o povo, os que se insurgissem contra as oligarquias, contra a opressão e e exploração. No governo FHC, segundo a cartilha dos EUA, as FFAA foram sucateadas.

    Enfim: é preciso muito cuidado ao analisar essa iniciativa da CIA e seus prepostos no Brasil em divulgar este documento, desconstruindo a imagem que muitos tinham em relação aos dois últimos generais-ditadores. Não estou aliviando para o falso e hipócrita Elio Gaspari, que certamente sabe de muito mais coisas do que revelou na sua gordurosa bibliografia. Mas é bom desconfiarmos e questionarmos as razões que levaram o alto comando a assumir que assassinavam ou ordenavam aos generais brasileiros assassinar opositores.

    1. ——–Mas é bom desconfiarmos e questionarmos as razões que levaram o alto comando a assumir que assassinavam ou ordenavam aos generais brasileiros assassinar opositores.—————–
      Vc tem alguma dúvida que a milicada era assassina ??? o “forte” nacionalismo que relata do ASSASSINO geisel seria um motivo para USA divulgar esse documento ?,se o ASSASSINO geisel fosse o alvo,não esperariam todo esse tempo (e ele já morto ) para divulga-lo.
      Estranho esse seu “raciocínio.

      1. Leia com atenção o que escrevi, pois afirma o oposto que que está no meu comentário.

        Os EUA não têm amigos, mas interesses; isso foi dito por um ex-presidente daquele país. Foram os EUA não só os mentores, mas coordenadores e financiadores do golpe de 1964, por meio de IBAD. IPES, suas representações diplomáticas e suas agências e departamentos de inteligência, espionagem, investigação e organização de ataques terroristas contra opositores (CIA, NRO, NSA, FBI, DEA, DoJ, etc).

        Ernesto Geisel, que foi ditador e mandou torturar e assassinar opositores, como fizeram os generais que o antecederam, teve o tapete puxado pelos estadunidenses, que bancaram a ditadura até então, exatamente porque, com o PND e medidas nacionalistas tomadas por seu governo, saiu do script estabelecido pelo Tio Sam.

        Você distorce minha mensagem, pois eu não afirmei que Geisel, morto há mais de 15 anos, seja o alvo dessa investida da CIA, ao divulgar o documento. A questão é mais complexa. Além de não interessar aos EUA que militares encabecem um golpe clássico, pois já conseguiram se apropriar de nossas riquezas e setores estratégicos e aniquilar qualquer projeto de desenvolvimento inclusivo e soberano de nosso País, cooptando o sistema judiciário e fazendo uso das oligarquias locais, os estadunidenses temem que haja no sio das FFAA uma ala nacionalista que breque a implantação plena do projeto neocolonialista que estão implantando com ferocidade no pós-golpe, de 2016 para cá. A divulgação do documento da CIA confunde a Esquerda Democrática e impede qualquer aproximação dela com a suposta ala nacionalista das FFAA. E sem apoio de parte da arma, sabemos todos, o golpe dificilmente será revertido; eleições fraudadas, em que o Ex-Presidente Lula seja impedido de participar, não levarão ao poder um presidente capaz de propor e implementar um refendo revogatório.

  16. Qual o verdadeiro interesse da CIA divulgar estes fatos no presente momento? Querem que eu desenhe?

  17. Recordo que durante a “gloriosa de 64”, naquele tempo, como agora, a nossa putada da classe média não só apoiava como incentivava os Fleurys da vida à pratica de assassinatos. Na verdade, Fleury era vinculado a traficantes de drogas e ele próprio um grande usuário. Quando lembramo do Perrela e do Aócio, percebemos que nisso, houve uma evolução !!!! Fleury queria ter controle sobre o traficante que poderia entrar e sair do país. Os “superiores” dele fizeram uma advertência e nada adiantou, fizeram uma segunda e nada ainda. Pouco depois, morreu na praia em circunstâncias até hoje náo bem esclarecidas!!! Há um livro chamado Memorias de uma Guerra Suja, escrito por um hoje devoto evangélico seguidor do “sinhor Jisuis”, um homem de aspecto bonachão, como quê um carinhoso vovô, que na verdade era um matador profissional, segundo as próprias palavras dele., Naquele livro, já há algum tempo em circulação, ele mostra a encomenda de toda as mortes e que os corpos eram jogados dentro das caldeiras das usinas, aquelas mesmas que fornecem o material para construção de nossos amados carros!!!.Essas caldeiras ficam ligadas 24 horas por dia!!!! E ninguém, nenhum patrão ou operário, sabia? Aliás, operário, parece não saber trocar nem a própria fralda!! Mas só agora, com a Corte mostrando, está sendo dada a devida atenção.a tudo isso aqui na colônia!! PS: Bolsonaro, outro representante de toda essa putaria, sem Lula, é líder nas candidaturas à presidência. Dentro do Congresso e no microfone, fez rasgados elogios a um torturador e defende abertamente os assassinatos, e foi e é apoiado por grande parte daqueles que o escutam!!!. A saber, a putada toda da classe média, vai votar nele!!!! A história está se repetindo!! O Brasil está é muito fodido isso sim.Com Supremo e com tudo!! Lula Livre!!!

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