Finalmente, o Procurador Geral da República tem uma reação à evidente ação subversiva de Jair Bolsonaro, ao atacar e ameaçar o sistema eleitoral do país diante da comunidade diplomática, em Brasília.
É verdade, porém, que foi uma reação em que usa declarações gravadas em vídeo anterior ao fato e absolutamente “genérica”, que tem o evidente objetivo de tentar arrefecer as reações da corporação que chefia e não de cumprir o seu dever de ofício de apurar e representar contra o presidente da República, de quem só ele pode cobrar o cumprimento da lei, por previsão constitucional.
Aras age, outra vez, com uma inadmissível covardia para quem tem o papel de custos legis, defensor da lei e, no caso do chefe do Executivo, o único que detém o privilégio da propositura de ação penal, e indica que vai assumir uma linha de contemporização diante das reclamações apresentadas, possivelmente com alguma crítica política e nenhuma sanção penal ao comportamento presidencial.
É assim que estamos, um país desagregado, onde seguir, transgredir e ser chamado às responsabilidades da lei passou a ser uma questão de conveniência e oportunidade.
Temos um estado de anomalia, no qual só e fracamente no Supremo Tribunal Federal repousa alguma esperança que a ordem constitucional seja mantida e permita aos brasileiros, pela via eleitoral, eliminar a infecção autoritária que ameaça nossa sobrevivência como democracia.
Chegamos a uma situação em que tergiversar frente a isso é algo que não admite alternativas.