Emocional, sem perder a lucidez, o arquiteto Jose Lira, brasileiro que se encontrava diante do local onde ocorreu o trágico morticínio de ontem em Paris, relata, no Facebook, acontecimentos e sentimentos daqueles instantes.
É testemunho delicado e sereno, destes que merecem ser lidos, porque nos reportam para o lugar de quem está em meio à loucura, mal compreendendo o que se passa mas, em tudo o que se passa, cuidando que ali há pessoas, não número de vítimas ou dramas a serem objeto de exploração barata.
“Quero preservar a vida, este
poder de sentir, de agir, de pensar”
Jose Lira, de Paris, via Facebook
Nessas horas parece que tudo nos escapa. Não sabemos o que fazer, o que pensar, não sei o que dizer, mas muitos amigos me escrevem, preocupados, as noticias terríveis aqui de Paris amplificam-se com a distância, também graças à voz dessa mídia muito ruim hoje no Brasil, nos ouvidos desse público que gosta de tragédia, de sangue, de medo. Teve gente que até inventou que um arquiteto brasileiro morreu nos atentados… Escrevo pra dizer que estou bem, e compartilhar um pouco do que sinto. Talvez isso lhes ajude e me ajude a pensar um pouco, talvez a sentir um pouco mais de perto o que se passou. Ainda não tive condições de ler muito sobre o que ocorreu, e confesso que me choca a maneira ora abstrata, ora apelativa como se trata essas noticias. O fato é que não consigo esquecer o olhar frágil mas sereno das vítimas ao meu lado ontem à noite.
Passei um fim de tarde de sexta-feira adorável na companhia de dois ex-alunos da Fau, a quem foram se juntando outros amigos e amigas, quase todos brasileiros, arquitetos, e decidimos ir jantar no Petit Cambodge, um restaurante muito gostoso, numa parte alegre, juvenil, descontraída no 10eme. Por volta das 21:30, quando já terminávamos de comer, começaram os estampidos. Estávamos numa mesa à calçada, o som da metralhadora muito próximo, vi faíscas do outro lado da calçada. Juro que pensei que eram bombinhas de são joão, uma girândola talvez, que poderia fazer parte de alguma brincadeira cenográfica nesse bairro apinhado de artistas e gente animada, e achei meio estranho as pessoas sairem correndo. que exagero! mas os tiros não paravam e começaram a atingir os pratos e as garrafas em toda parte e impulsivamente lancei-me no fluxo das pessoas que corriam do restaurante para um supermercado ao lado. Lá dentro, dei-me conta que estava com dois de meus amigos, dos outros 5 não sabíamos. Ao fundo, éramos umas 20 pessoas, ninguém sabia o que se passara. Um de meus amigos sangrava, talvez de estilhaços que atingiram-lhe a testa.
Dez minutos depois, chegaram os bombeiros e saímos, depois a policia, como de praxe truculenta e insensível. A cena é indescritível. Um holocausto digno do velho Camboja. Não sabia pra onde olhar, pessoas pelo chão, grupos de amigos consolando os seus feridos, pessoas chorando, algumas pessoas já mortas sozinhas, outras quase morrendo. procurávamos os nossos amigos. Vi uma delas ao chão apoiada por seu amigo francês, também muito ensanguentado. Aproximei-me dela. Uma jovem linda, um corpo pequeno, uma pele fina, bastante ferida, que me dizia serena em português, “eu preciso sair daqui, preciso ir para um hospital.” Tentávamos consola-la, acaricia-la, ficar ao seu lado enquanto o socorro não chegava. Os bombeiros a ajudaram com o oxigênio e a manta, mas não sabiam quem estava pior, não sabiam o que fazer.
Outros dois amigos apareceram bem e nos levaram a um de meus ex-alunos, um jovem incrível, pessoa da cepa mais preciosa, que estava estirado no interior do restaurante. Ele estava muito machucado, mas acordado, meus amigos ao seu redor, ajudando-lhe como podíamos, ele repetindo conosco que ia se manter firme. Vez em quando eu tremia, suplicava por socorro medico, olhava para um lado e para outro e encontrava aqueles olhares serenos das outras vítimas, talvez as únicas pessoas que meio em choque, meio na modéstia ou resistência das pessoas vulneráveis, olhavam aquele movimento como anjos, esperando. Processando. Olhando o mundo do alto, talvez, mais do que nós, estarrecidos com esse mundo cada dia mais terrível, mais intolerante, mais cheio de ódio, de ressentimento, de pavor, de desespero. Não conseguia me mexer pra ajudar os outros, as outras, corpos tão frágeis, mais e menos feridos, com seu olhar atento a tudo o que se passava. Estávamos magnetizados pelo objetivo único de salvar nosso amigos, e os bombeiros e policiais sem saber quem resgatar antes, quem estava pior, dizendo-nos o tempo todo: “há 10 mortos, há 20 mortos, há 40 feridos, patientez!”
Não vou entrar na questão agora, mas é estranho ver tanta segurança, tantos militares e policiais pelas ruas de Paris, e tão pouco preparo para lidar com as vítimas eventuais do que eles tanto temem. Não vou entrar nisso, porque só quero lhes dizer que o que me preocupa mesmo, e cada vez mais na vida, é o sentimento no singular, a dor no singular, de gente no singular. Algo tão difícil de transmitir, de co-sentir como sabemos, e também (e não apenas) por isso tão negligenciada pelas análises, pelas notícias, pelos dirigentes, seus técnicos e tecnologias, pelos agressores, pelas pessoas e grupos, acostumados a falar de dezenas, de centenas, de milhares.
Não falo de suas personalidades, se são inteligentes ou não, legais ou caretas, felizes ou nem tanto, bem sucedidas ou frustradas. Mas de seus corpos, sua dor, seu olhar, sua fragilidade, sua ínfima condição, de nossa pele que se rasga facilmente. de nossos ossos que se partem. mesmo. de nossos órgãos que às vezes falham. de nossa respiração, entrecortada às vezes. De nossa voz que murmura, que suspira, que geme, que fala, pede ajuda se precisa, quando pode, de nossos corpos que se chocam, travam, podem apoiar outros corpos, acalentá-los, proteger outros em risco, fugir quando ameaçado, de nossas reações meio automáticas que dizem o tempo todo, “eu quero a vida”, quero preservar a vida, essa potência de sentir, de agir, de pensar. Tão brutalizada hoje.
Mas o que queria dizer é que cinco brasileiros, entre os quais eu, não tiveram seus corpos atingidos pelas balas. Nossos dois amigos foram operados e estão se recuperando. Estamos todos juntos. Sua fragilidade e sua força, seu olhar sereno e vulnerável, sua maneira delicada de dizer “sinto dor, não sinto, aqui, me ajuda por favor”, hão de fazer diferença. Porque a vida não espera. Vamos voltar para o Brasil logo. E bem. Pra esse Brasil que tem dado tantos sinais de intolerância religiosa, ideológica, étnica, política, moral, de gênero.
Mas, enfim, nossa casa. Obrigado pela preocupação!
17 respostas
José Lira seja bem-vindo ao nosso País.
A barbárie humana que traz tanta dor, tanta tristeza….. Mas, a frase que não quer calar, dita pelo porta voz do grupo terrorista assumindo a autoria do atentado: “eles, agora, bebem no mesmo cálice”.
Enquanto isso, recebi esta
“Queridos amigos, péssima notícia.
A terceira barragem de Mariana teve barreira de sustentação trincada. O volume de lama lá é infinitamente maior do que o que desceu até agora. Se romper, Minas Gerais está ferrada. Rezemos muito! Buscas foram suspensas agora em Mariana, pessoal sendo retirado de lá sob risco de novo acidente. São 3 barragens em uma! São Germano é a maior e está trincando tambem! Não estão divulgando adequadamente por motivos diversos!
Mas a dimensão desse acidente é pior que a tsunami do Japão.
É uma massa de terra poluída com minério que está viajando a 60km/h destruindo tudo pela frente. E já viajou neste momento 500km. Já matou três rios, inclusive o Rio Doce! Vai acabar com em torno de 3000km do litoral do Espírito Santo!
Imagina um carro andando a 60km/h, agora imagina que ele é uma montanha de lama de um tamanho descomunal que já viajou 500km em uma semana! Agora imagina uma coisa 5x maior! É a barreira de São Germano! Se estivesse virada pro outro lado, Ouro preto já tinha sumido do mapa e metade de BH também! No caminho dela estão vários distritos, lugarejos que vão ser riscados do mapa!
Os jornais não estão falando nada! Estão dando a impressão de que foi um acidentinho qualquer! Se fosse em outro país a cobertura seria massiva, mas é em Minas né, e no esquecido Espírito Santo… Estados que parecem ser de segunda categoria, que nem “merecem” aparecer na mídia! Valadares está sem água… Os peixes já morreram… Agora serão as pessoas?? Não está tendo água nem pra comprar! Já que somos invisíveis para os telejornais nacionais, utilizemos as redes sociais para que todos saibam que Minas e o ES pedem socorro! “
Todos os que não perderam a humanidade se indignam com um ato covarde como este atentato terrorista em Paris, que ceifou a vida de dezenas de pessoas. Ato covarde, pois sequer dá às pessoas atingidas a possibilidade de se defenderem. Execução sumária de pessoas que não estão ligadas diretamente, pelo menos naquele momento, a qualquer palco de guerra. Estavam ali se divertindo, em ambiente fraternal, quando meia dúzia de malucos selou o destino daquelas pessoas às quais não conheciam, que mal nenhum lhes fizeram – pelo menos aquelas pessoas ali, assassinadas friamente.
Pode-se argumentar que o governo francês é parte do consórcio de países e grupos que dirigem ataques semelhantes ou piores até contra os povos do Oriente Médio. É fato. Uma coisa, contudo, não justifica a outra. Não podemos aceitar como normal ou natural que alguém resolva atacar e matar pessoas porque o governo do país onde moram essas pessoas promove políticas imperialistas.
Claro que não podemos aceitar também o que fazem os governos do países imperialistas, que de fato são os grandes responsáveis, por exemplo, pelo surgimento desse grupo chamado Estado Islâmico. As jogadas igualmente terroristas da geopolítica dos EUA e aliados europeus no Oriente Médio causaram a desestruturação de quase todos os países. No Iraque, desde a derrubada de Saddan Hussein, sob um pretexto falso – e que não custou qualquer punição aos EUA – aquele país não consegue construir um momento de paz; na Líbia, igualmente, desde a derrubada de Kadafi, o país vive uma barbárie que colocou as tribos que antes viviam em relativa paz, em guerra. Na Síria, há um claro processo de destruição e divisão da população, provocando além disso grande número de migrantes. No Egito, após a chamada Primavera Árabe, que mais parece um inferno árabe, a situação só fez piorar. Nos territórios palestinos, o estado sionista de Israel não se cansa de promover cercos e ataques covardes provocando destruição em massa, sempre sem qualquer punição.
Esta breve síntese não deve despertar em nós qualquer sentimento de que os atentados em Paris se justificam. Jamais. Assim como os atentados em Beirute, ontem mesmo, que ceifou a vida de mais de 40 pessoas, e provocado pelo mesmo Estado Islâmico, e que não mereceu tanta atenção da mídia mundial e local.
Nada justifica matar pessoas, tirar vidas humanas em nome de divergências ideológicas ou religiosas. Ou por interesses econômicos e empresariais. Isso denota profunda imprudência e renega um dos mais caros legados humanistas, cujo berço foi justamente a França dos iluministas. Respeitar o outro, saber conviver com a diferença, reconhecer os direitos humanos à liberdade, à expressão, à vida; a garantia de que ninguém será punido sem o devido direito de defesa; de que ninguém será torturado, humilhado, etc, deveriam ser direitos assegurados a todos.
Contudo, as práticas de alguns governos ou estados contra seus povos, ou contra outros povos não respeitam qualquer norma internacional. Da mesma forma, a ação desse grupo extremista chamado Estado Islâmico é algo inaceitável, uma espécie de alma gêmea do seu criador indireto, o imperialismo dos EUA e aliados ricos da Europa.
Infelizmente, pessoas não envolvidas diretamente nesse confronto de interesses escusos são as mais atingidas. Dezenas de mortos e feridos em Paris, numa casa de shows; outras dezenas de mortos e feridos em Beirute, em locais onde os fiéis religiosos se reúnem. É o retrato de uma realidade política internacional que deveria provocar em todos o desejo de mudança dessas políticas, e não o da vingança, que vai gerar mais violência, mais ódio, mais gente inocente sendo morta.
O Brasil, neste contexto, entre os países mais ricos do mundo, constitui um ótimo exemplo de nação que não promove guerras, que presta solidariedade aos povos atingidos, que recebe bem aos migrantes – à exceção desses lunáticos neofascistas criados pela mídia golpista que adoram atacar indefesos haitianos ou africanos que para cá se dirigem. A política externa defendida e colocada em prática por Lula e Dilma nos últimos 12 anos reafirmou o papel do Brasil como um país que luta pela paz mundial, pela autodeterminação dos povos e pelo não alinhamento às políticas imperialistas.
Que as mortes das dezenas de pessoas inocentes e indefesas em Paris e em Beirute reafirmem a necessidade de buscarmos a paz, não a guerra; de combatermos a intolerância e de lutarmos por um mundo mais justo e mais humano.
Euler, o meu comentário é apenas para elogiar a sua análise. Parabéns!
O relato do José Lira é tocante. Pena que nunca publicaram no ”Face” o relato de algum sobrevivente das festas de casamento no Afeganistão ou que viajava num ônibus nas estradas entre vilarejos (carregado de camponeses, crianças, cabras e galinhas), atacado por drones. Eu não chamaria esse atentado de ato ”covarde”. Prefiro ato ”desesperado e malvado de represália”. Isso sim, é covardia: pilotar um drone mastigando chiclete, disparar um ”hellfire” e voltar pra casa ”numa boa”. O Oriente Médio e o norte da Africa vivem num estado de caos, agravado nos ultimos 30 anos, e cada ano traz carnificinas e sofrimentos para aqueles povos. Do Afeganistão ao Iraque, da Líbia — que era estável e próspera e hoje é desgraçada e falida, devassada por milícias alucinadas—, à Síria. Os EUA/NATO desgraçaram a Ex-Iugoslávia. Contra a Iugoslávia em 1999, a OTAN empregou 1.100 aviões que, durante 78 dias, fizeram 38 mil ataques, lançaram 23 mil bombas e míssies, que até hoje causam vítimas e mortos civis por causa do urânio baixo enriquecido e substâncias químicas liberadas das refinarias bombardeadas. Na agressão contra a Líbia, em 2011, a aviação de EUA/OTAN realizou cerca de de 10 mil ataques, com mais de 40 mil bombas e mísseis. E às vítimas desses bombardeios devem-se somar as mais numerosas do caos resultante da demolição daquele Estado. A política da plutocracia ocidental tem sido a causa direta do caos que se vê hoje no mundo. — O staff do Manic?mio Casa Branca (MaCaBra) não temem as implicações morais, legais e políticas de invadir nação soberana, matar dezenas de milhares de civis e arrancar da própria casa milhões de outros.
O primeiro golpe da CIA para tentar derrubar governante sírio aconteceu em 1949, contra o general Husni Zaim. Importante analista escreveu: ”A recente agressão na Síria começou há quase cinco anos, com forças de EUA, França, Grã-Bretanha e Arábia Saudita empenhados em derrubar o governo sírio apoiado pelo Irã e a Rússia. Até agora o balanço é estimado em 250 mil mortos, 9,5 milhões de refugiados inundando a Europa (mais refugiados que o Iraque), e a Síria destruída. — Não há um único veículo da mídia-grande-empresa, ocidental, que tenha publicado o óbvio: os EUA-OTAN são 100% culpados pelos milhares que perderem casa, bens, o próprio país, a vida. Os crimes da plutocracia ocidental são inquantificáveis. Destruiram a mais antiga civilização do mundo e condenaram aquele povo honrado a existência miserável por no mínimo 20/30 anos até que consigam reconstruir o próprio país. Mas nem assim Baback logrou seu objetivo: remover Assad, balcanizar o país e assegurar para as majors do petróleo a via livre para seus oleodutos com acesso aos mercados na União Europeia.”
Batalha sem front — ”Ontem pela manhã (14/11), todos os jornais e canais de TV só repetiam e repetiam noticiário sobre extensos e ‘heroicos’ ataques de drones no Iraque e na Síria, como apoio à batalha por Sinjar. Todos falaram, sem parar, sobre o assassinato de Jihadi John. Nos disseram que alguma vingança poderia estar a caminho. Como antecipado, ontem à noite Paris foi afogada em sangue.?Bem-vindos à 3ª Guerra Mundial – conflito global com ilimitadas frentes de batalha. Nós, o povo do mundo, fomos apanhados no fogo cruzado desse desastre. Vemos o mundo desmoronando, queremos paz, mas não sabemos sequer onde está o inimigo.?Para alguns de nós a escalada recente não é surpresa. Há anos escrevemos precisamente sobre isso. Examinamos sem descanço o impacto desastroso da matriz do imorais lobbies intervencionistas sionistas-conservadores, que incansavelmente só fazem ‘exigir’ mais e mais conflitos. Organizações como o Conseil Représentatif des Institutions Juives de France [Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França] CRIF, em Paris; os Conservative Friends of Israel [Conservadores Amigos de Israel], CFI no Parlamento inglês em Londres; e a Comissão para Assuntos Públicos EUA-Israel, AIPAC em Washington, todas elas só fazem clamar por escalada na guerra contra árabes e muçulmanos, exatamente como reza o plano israelense para um novo Oriente Médio. (continua)
Batalha sem front (continua) – Somos forçados a aceitar o fato de que muçulmanos extremistas estejam furiosos e que podem ferir muito fundo e em pouco tempo. A Rússia assistiu a um de seus aviões despencar dos céus, matando mais de 200 homens e mulheres inocentes que voltavam de um fim de semana. Paris padece novamente. É obrigatório perguntar: e é necessário? Temos de viver com medo, agora, para sempre? A paz ainda é possibilidade real? O terror é mensagem que temos de compreender. Diz o quê, essa mensagem? Diz “deixem-nos em paz” – isso é o que esses terroristas homicidas nos dizem e repetem, repetem, repetem. Complicado demais para que os inteligentíssimos e espertíssimos e cultíssimos ‘ocidentais’ entendam? “Viver e deixar os outros viverem” – é disso que se trata. A implicação paradigmática é óbvia. O ‘ocidente’ deve parar imediatamente de servir aos interesses globais sionistas e de Israel. Temos de pôr fim a todas as operações na Arábia e no Oriente Médio. Para que isso aconteça, e para dar à paz uma chance real, é imperativa a total oposição ao sionismo global e ao lobby israelense. ?Aqui vai uma ideia prática: na próxima vez que Bernard Henri-Levy, David Aaronovitch ou Alan Dershowitz tentarem vender novo pacote de guerras sob o rótulo de ‘direitos humanos’, todos devemos polidamente fazê-los saber que aprendemos nossa lição: nunca mais o mundo fará guerras por Sion. Aí, então, afinal, a paz terá chance de sobreviver. (Gilad Atzmon, tradução Vila Vudu) http://www.gilad.co.uk/writings/2015/1/1/a-battle-with-no-front
Eliseu Leão é por isso que não deixo de frequentar este Blog. Excelente! Parabéns!
Temos que agradecer ao coletivo VilaVudu
Texto recheado de lucidez e humanidade, precisamos de mais pessoas assim.
Peço aos amigos tentar me ajudar a ir alem do que se tem noticiado. Por ex ., a pergunta: vamos elencar o que ate agora, de absolutamente certo e liquido… há?
>> Uns caras fanatizados, todos mortinhos ah, foram eles.
>Mas eles tem chefes, um coordenador que entende de guerrilha e sua logistica – estes chefes estao vivos e soltos.
> Objetivo foi multiplicar a morte ao maximo, e maximizar o panico e horror (shock and awe, que tal?)
> Isso ajuda muito quem nao sabia o que fazer da vida diante da retomada russo-siria de seu proprio territorio. Os que nao sabiam o que fazer da vida mas agora tem pretexto seriam OTAN, Turquia e obvio que seus controladores remotos. Agora tem um pretexto. So nao sabemos se tem tempo, impulso politico midiatico suficiente ou nao.
> Alem de chefes vivos, eles tiveram comunicações entre si antes, não?As quais sao rastreaveis parcial ou plenamente. Caso as divulguem, ok. caso nao se diga nada delas, eu pelo menos desconfiarei.
Perguntas feitas pelo internauta Makário, no blog do Nassif, ao presidente francês Françoise Hollande
Massacre em Paris
dom, 15/11/2015 – 07:36
Algumas perguntas que eu faria ao Presidente da França, François Hollande:
As armas utilizadas pelos terroristas eram de fabricação francesa? Daquelas vendidas ou doadas aos terroristas do Estado Islâmico pelo próprio governo francês para que eles derrubem Bashar al-Assad na Síria?
E aí eles resolveram utilizá-las em Paris. Não seria o feitiço virando contra (o) próprio feiticeiro, Sr. François Hollande?
O que esteve e está por trás da “Guerra ao Terror” de Bush Jr., segundo um destacado estadunidense:
https://dinamicaglobal.wordpress.com/2015/11/15/mais-e-mais-pessoas-estao-vendo-a-verdade-a-guerra-ao-terror-nada-mais-e-do-que-um-engano/
Os doutores no assunto são unanimes: o imenso período chamado ”pré-história” terminou numa planície sem confins, iluminada por sol abrasador, alimentada pelos rios Tigre, Eufrates e Nilo. Foi ali que o homem deu início ao lento estágio evolutivo chamado ”civilização”. O que é história, o que é civilização? Os doutores respondem: a história é a narração escrita de ações, idéias e fatos. A civilização ocorreu gradativamente: interesse pelo saber e pelas artes, grau de organização política, complexa ordem economica e social, especialização de conhecimentos práticos e profissionais, submissão do individuo às impessoais exigencias de um Estado. Para tudo isso, a capacidade de anotar e transmitir notícias foi fundamental. A escritura e a roda são frutos da inteligencia do homem de Sumer (a biblica Sennaar, região da extremidade do Golfo Pérsico, na parte meridional da chamada mesopotamia, atuais Síria e Iraque). Os doutores no assunto vão mais além: do ponto de vista da ciencia e das invenções, o período entre 4500 e 2900 a.C, chamado período formativo, foi uma das épocas mais fecundas da inteira história humana antecedente aos tempos de Galileo e de Newton!: difusão do uso dos metais, invenção da roda, primeiras formas de escritura, aritimética, geometria, conceito de dinheiro, arquitetura monumental e abundancia sem precedentes pelas artes figurativas. Aquela gente habitava cidades-Estado, separadas, autosuficientes e politicamente autonomas, de nomes potentes que emocionam ao serem pronunciados: a sacra Nippur, a rica Ur, a soberba Lagash, e muitas outras como Uruk, Khafaje e Kish.
A maior rapina dos ultimos 150 anos — «Os saqueios constituem compreensível reação de anos de brutal repressão» – declarava o porta-voz da Casa Branca Airi Flesher, em 2003. Em Doha no Qatar, o general Brooks é evasivo, embaraçado, mas inteligível quando explicou que as forças anglo-americanas envolvidas não eram suficientes para garantir a ordem pública. Quando a jornalista da rede TV alemã Ard, perguntou sobre os saqueios de sitos arquelógicos, o invasor responde ”estou por fora; cabe ao povo do Iraque defender o seu patrimonio artistico e histórico”.
Enquanto o general distribuia abobrinhas para a imprensa, Museu Nacional de arquelogia de Bagdad era invadido; o mais importante do inteiro Oriente Medio, segundo em número de artefatos somente ao Museu do Cairo, mas absolutamente único no mundo pelo acervo que inclue obras primas de valor inestimável da arte sumérica, assíria e babilonesa. NOVE MIL ANOS não apenas de arte (encontrava-se nesse museu o famoso busto de marfim de Cleopatra, cabeças de reis sumérios, ceramicas do islam), tabuletas de argila com escritura cuneiforme, manoscritos transferidos em incunábulos de documentos sobre a civilização que deu origem à nossa, ocidental. Segundo os diretores do museu os ladrões sabiam exatamente o que estavam procurando. Existem outros seis museus menores, mas não menos importantes, em outras cidades do Iraque e são mais de dez mil os sitos arqueológicos identificados e parcialmente escavados. Numa entrevista ao Le Monde um bunda mole que parecia o marionete vestido de general no filme satírico ”Team America: Detonando o Mundo” (Team America: World Police, 2004), respondeu impávido: se disparassem do Louvre contra a minha unidade, eu não hesitaria transformar o vosso museu em escombros.
Ninguém desconhece a existencia do mercado internacional semiclandestino de antiquariado. Sobre esses crimes publicaram no final de 2009 nos EUA e na Inglaterra, tres volumes: “Reclaiming a plundered past” di Magnus T. Bernardsson, “Antiquities under siege” de Lawrence Rothfield e outros, “The distruction of Cultural Heritage in Iraq” uma série de ensaios de estudiosos e arqueólogos con prefácio do Robert Fisk, “Catastrophe!” de Geoff Emberling e Katharyn Honosn. Nos últimos anos, na Síria, os quarenta ladrões voltaram a trabalhar para atender uma clientela selecionadissima e Ali Baback sabe disso.