Um Riocentro no Paraná

Em 1981, o inquérito oficial aberto pelo Exército para “apurar” o frustrado atentado a bomba no Riocentro, que acabou explodindo dentro do Puma onde o sargento e o capitão que iam colocá-la em um show de música, foi apresentado, para espanto de todos, como tendo sido uma “armadilha” montada contra a dupla, por alguém que colocou a bomba dentro do carro.

Guardadas as proporções e circunstâncias, as conclusões da polícia paranaense segue o mesmo roteiro inacreditável.

Jorge Guaranho foi à festa petista de Marcello Arruda deliberadamente e por razões de ódio político, fez provocações e ameaças por razões políticas a pessoas que ele jamais vira antes, apontou-lhes uma arma, retirou-se quando confrontado, deixou em casa mulher e filho e voltou para apontar e disparar uma arma contra o aniversariante, mas aí a motivação deixou de ser política, mas o sentimento de humilhação por ter sido arremessado nele um punhado de terra.

Como no caso Riocentro, é evidente que isso visa enterrar a raiz profunda do crime, que é política.

A mesma que, contra todo o bom-senso, é sustentada por Jair Bolsonaro e Hamílton Mourão, presidente e vice-presidente da República.

Juridicamente, a questão de haver ou não motivação política, sob o prisma da punição ao autor homicídio, abre espaço para que se busque atenuar ou até livrar Guaranho de punição, pois abre espaço para alegar-se “homicídio privilegiado”, pois seu autor estaria agindo “sob violenta emoção”.

Politicamente, porém, só serve de estímulo à escalada da violência que ameaça nosso processo eleitoral, ao mostrar que as autoridades públicas estão dispostas a, em algum grau, acobertar a gravidade de agressões motivadas por intransigência política.

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