Vacina contra Bolsonaro é a rua

O ‘superimpeachment’ protocolado hoje na Câmara por representantes de um arco político que vai da esquerda à direita – extrema mas não bolsonarista – ajuda a preparação dos atos de sábado, mas não deve provocar ilusões sobre ter um final diferente das mais de cem pedidos já engavetados na presidência da Casa desde que Rodrigo Maia fazia o que faz agora Arthur Lira.

O deputado alagoano, que não sabe mais o que é entendimento e composição desde que venceu a eleição, vai, provavelmente, esperar alguns dias para fazê-lo, apenas para cacifar-se com Jair Bolsonaro, ainda mais num momento em que este está acuado e sem discurso para sustentar a sua fama artificial de incorruptível.

Lira não tem qualquer simpatia pelo seu correligionário Ricardo Barros, não se incomoda nem um pouco com o seu desgaste, mas não parece disposto a pedir sua cabeça. Já o fez e Pazuello também e, mesmo assim, ele continuou mandando nas compras da Saúde. A esta altura, chacoalhar o barraco da base governista é um perigo.

E, claro, a um ano e quatro meses ainda de governo, há âncoras milionárias a mantendo por lá.

O caminho para destituir ou, ao menos, bloquear o desastre bolsonariano, cada vez mais, passa pelas ruas, mais do que por qualquer corredor ou gabinete do Legislativo.

Encher mais ainda a rua no dia 3 é mais eficiente, agora, do que qualquer documento que, sem piscar sequer o olho, o comando da Câmara meterá no arquivo.

Não vai parar o desgaste de Bolsonaro e é preciso que a força popular da oposição tem de se agigantar para que as instituições se movam.

E para mostrar que, se não o fizerem, as urnas as farão mover-se muito mais do que as elites desejam.

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