Vacinas acabam no Rio. Capital vacina a ‘conta-gotas’, mas vai parar

Duas das maiores cidades do Rio de Janeiro – São Gonçalo e Niterói, que somam 1,6 milhão de habitantes – suspenderam ontem a vacinação de idosos. Duque de Caxias está nas últimas doses. O motivo, claro, é o mesmo: acabaram-se as vacinas, com exceção de pequenas quantidades para a aplicação da segunda dose do imunizantes, que começa a ser aplicada esta semana aos que receberam as doses inaugurais da Coronavac, no dia 20 de janeiro.

Na capital, a vacinação só continua , pelo critério de vacinar “a conta-gotas”, a cada dia, pessoas de uma única idade (99 anos, depois 98, 97 e sucessivamente) o que dá a falsa impressão de que tudo vai bem.

Não vai, porque os postos de vacinação ( cerca de 250) estão subutilizados e das 188 mil pessoas vacinadas, apenas 45 mil eram idosos, o que representa menos de 4% da faixa – os de 60 ou mais – de alto risco e 12% do grupo de 371 mil com mais de 75 anos – os de altíssimo risco -, número estimado pela própria prefeitura carioca.

Como o Rio recebeu duas remessas de vacinas Coronavac, somando 249 mil doses, isso significa que deve (ou deveria haver) uma reserva de cerca de 125 mil doses para a segunda aplicação da vacina que, para os primeiros vacinados, precisa iniciar-se dia 25.

Mandaria a prudência que apenas 125 mil estejam sendo vacinados, mais os que receberam as 76 mil doses cariocas da vacina Oxford/AstraZeneca, que podem aguardar por até 90 dias pelo reforço.

Não é preciso ser um gênio matemático para saber que, então, há hoje um “saldo” de, sem contar as perdas (mesmo que haja todo o cuidado), 12 mil vacinas que não vão durar, é obvio, mais que dois ou três dias e, portanto, vão implicar a suspensão do processo de vacinação, porque não há entregas previstas para até o final do mês.

É onde esbarra o problema do “marketing da saúde”: na realidade crua de que não temos vacina nem mesmo para os grupos ultraprioritários. Isso, ao não ser dito claramente para a população, reduz a saudável pressão pela vacina sobre as autoridades e cria frustrações ainda maiores sobre que se prepara – e se mobiliza – para um calendário de vacinação que não tem como ser cumprido.

 

 

 

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