Vale exorciza fantasma de Agnelli e paga à União mais do que FH cobrou por ela

Ironia do destino, a Vale vai pagar ao Governo brasileiro mais do que este recebeu quando Fernando Henrique vendeu o controle da companhia, por US$ 3 bilhões.

E, de quebra, jogar um balde de água fria sobre o tucanato que está gritando sobre o seu querido “superavit primário”, que é o único dinheiro que, na visão deles, não pode ser cortado nas despesas públicas.

É que a companhia resolveu ontem, antevéspera do prazo final, aderir ao Refis e acertar o pagamento de sua dívida de Imposto de Renda – acumulada desde 2003 – e que soma US$ 9 bilhões.

E não vai pagar por uma “vingança” do petismo.

A história, para quem não a conhece, é a seguinte.

Em 2001, Fernando Henrique Cardoso  baixou uma Medida Provisória, que virou a Lei Complementar 104, determinando o pagamento de Imposto de Renda sobre o lucro apurado por subsidiárias das empresas brasileiras no exterior, quando este fosse internalizado, independente de sua distribuição aos acionistas.

A Vale realiza boa parte de suas exportações de nosso minério triangulando contabilmente as operações com suas controladas no exterior.

A mineradora – veja no gráfico publicado em março pelo Valor, com números parciais que não incluem todas as dívidas  – era disparado a que mais se beneficiava deste artifício. Sozinha, detém mais da metade dos créditos devidos por este tipo de operações, avaliado em R$ 70 bilhões, incluídas as multas de 100% sobre o não-recolhimento.

O impasse se arrasta há mais de uma década e -mesmo com um placar de 5 a 4 para a União na ação de inconstitucionalidade movida contra a cobrança – ameaçava seguir por muitos anos mais, com o adiamento, na semana passada, de outra ação sobre o tema, no STJ.

Para evitar uma disputa interminável – e o risco de reversão das decisões judiciais, tamanho é o poder de “convencimento jurídico” das empresas – o Governo criou um programa – que despertou polêmica entre os auditores da Receita – liberando o crédito dos acréscimos sobre o principal devido – para o que for pago à vista – e, na parte parcelada, reduzindo em 80% o valor das multas e em 50% o dos dos juros.

Com isso, a Vale vai pagar à vista – hoje ou amanhã –  R$ 6 bilhões, ou US$ 2,6 bilhões.

Recorde, quase o mesmo  valor pelo qual Fernando Henrique a entregou.

E, ao longo de 15 anos, corrigidas pela taxa Selic, em 15 anos e mensalmente, outros R$ 16,3 bilhões,  ou US$ 40 milhões por mês.

Portanto, as receitas do leilão de Libra e só a parcela da Vale no Refis vão somar perto de R$ 21 bilhões no resultado do Tesouro Nacional em novembro – os números de outubro saem hoje e já devem ser positivos – alcançando a cifra estabelecida no planejamento econômico.

Mesmo com os gastos extras de R$ 15 bilhões provocados pela seca deste ano, a maior parte devido à compensação dos valores da energia que teve de ser gerado pelas usinas termelétricas, as metas – exageradas e socialmente injustas, mas nas regras do “jogo jogado” com o mercado – serão cumpridas.

E o catastrofismo dos jornais e seus analistas, que pulou para da “explosão inflacionária” para as “contas públicas” depois que aquela não aconteceu, sai mais uma vez falando no vazio.

E os “Velhos do Restelo”, mesmo quando de Minas e Pernambuco e jovens na aparência, vão continuar espalhando deu mau agouro em que só a mídia e os tolos acreditam.

PS. Para que ninguém fique com “peninha” de a Vale pagar tanto em impostos acumulados em uma década, uma informação. A empresa faturou com vendas nada menos que US$ 32 bilhões ano ano passado. E só pagou de royalties sobre o minério – que pertence à União e lhe foi concedido, carca de US$ 200 milhões. 

 

 

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14 respostas

  1. Grande Fernando Brito!!!

    É ótimo ver que o Tijolaço está de volta.
    Já estava tendo crises de abstinência….rsrsrsrs
    Perdão pela pergunta, mas, porque a demora?
    Bem, à pauta;

    Esta é a grande diferença entre os governos trabalhistas e os voltados para o capital.

    E isto não apenas no Brasil, mas se revirarmos este mundão de Deus na geografia e no tempo, vamos constatar o óbvio:

    Só existem dois tipos de governo na face da Terra, os que SERVEM a sociedade, e os que SE SERVEM dela.

    Grande abraço, e bem vindo…. de novo!!!!
    rsrsrs

  2. Concordo plenamente. O PSDB jamais será igual ao PT, porque jamais fará um governo como este. A incompetência tucana é diretamente proporcional à sua pretensão e arrogância.

  3. Companheiros, a tucanalhada que gerenciou a entrega do patrimônio público a preço de banana nos oito tristes anos em que governaram acha que o PT copiou o projeto entreguista deles, essa é a maior piada que eu já ouvi, se é verdade por que é que eles não elegeram o Ze Bolinha em 2002, um reporte perguntou a Presidenta Dilma se os leilões que estão sendo feitos de Libra, dos aeroportos, portos e etc., não são cópia do estilo do psdb de entregar tudo , onde a Presidenta declarou: “Este é o meu estilo e, não o do psdb”, eles tentam afirmar que isto é privatização não, isto é aluguel, e, quem aluga pode pedir a coisa de volta!!E, em 2014 é a Dilma de novo com a força dos presos políticos, do LULA e do povo!!!

  4. Que bom o retorno deste grande Blog!!!! Todo dia monitorava a rede esperando a volta deste canal excelente. Obrigado Fernando Brito.
    E, por conta, por onde anda Brizola Neto ?…..

  5. Que bom te ver de volta, Fernando Brito, escavucando as verdades que precisamos conhecer e “não saem no New York Times”

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