Vantagem de Boulos é poder ser livre; Covas está amarrado

Em política, quando você tem de se explicar, é sinal de que as coisas não vão bem.

Ontem e hoje, foi o que teve de fazer Bruno Covas, o candidato de João Dória à prefeitura de São Paulo.

Na terça, obrigou-se a desculpas pelas baixarias de um aliado, ditas sobre a mãe de Guilherme Boulos.

Hoje, teve de jurar ter anulado o voto no segundo turno de 2018 para não votar em Bolsonaro.

Tudo por causa de uma imagem que ele mesmo publicou em seu Instagram, em março de 2019, onde faz uma foto com o presidente, Doria e o então general Luiz Eduardo Ramos, agora ministro.

Não parece ser um momento de formalidade, destes que, a contragosto, a gente tem de se submeter na vida pública.

A declaração desaforada de rejeição a Bolsonaro não convence ninguém, a não ser os bolsonaristas, que já falam nas redes em devolver o “anula” no dia 29.

As aparições de Bruno Covas têm mostrado um candidato com ar triste, como que desempenhando um papel para o qual não foi talhado, enquanto a de Boulos esbanja alegria e descontração.

E é isso mesmo que acontece, porque ali já há uma imensa vitória política que anima a disputa eleitoral, enquanto do lado do atual prefeito tudo é lento e tristonho, exceto nos clipes para a internet, onde ressuscitam o sorriso que lhe desapareceu nos eventos públicos.

As pesquisas, pode apostar, vão reduzir a conta-gotas a diferença, esta semana, mas o início da campanha de televisão – que hoje só afeta fortemente o eleitor das classes D/E – tem tudo para ser o impulso de um candidato que, nitidamente, tomou conta do espaço da juventude, que se mexe e, portanto, empurra ondas.

Boulos é, nitidamente, o maior vencedor deste processo eleitoral, tanto quanto Bolsonaro é o maior derrotado.

Este é o placar político, que pressiona o placar eleitoral, coisas diferentes, embora partes de um mesmo processo.

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