A 18ª parte dos arquivos da “Vaza Jato”, no The Intercept, prova cabalmente o que todos sabem e poucos têm coragem de afirmar: a Força Tarefa do Ministério Público em Curitiba era (e ainda é) uma central de vazamentos de informações seletivas e dirigidas, não apenas para moldar a opinião pública como para forçar delações premiadas dos acusados:
Procuradores da força-tarefa da Lava Jato usaram vazamentos com o objetivo de manipular suspeitos, fazendo-os acreditar que sua denúncia era inevitável, mesmo quando não era. O intuito, eles disseram explicitamente em chats do Telegram, era intimidar seus alvos para que eles fizessem delações.
Além de ética questionável, esse tipo de vazamento prova que o coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, mentiu ao público ao negar categoricamente que agentes públicos passassem informações da operação. Dallagnol participou de grupos nos quais os vazamentos foram planejados, discutidos e realizados. Em um deles, o próprio coordenador efetuou o tipo exato de vazamento que ele negou publicamente que partisse da força-tarefa.
Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima comentam, abertamente, como estão entregando informações protegidas por sigilo judicial e conduzindo o noticiário dos jornais para pressionar pessoas que querem “colocar de joelhos” e “oferecer redenção”.
A reportagem de Glenn Greenwald e Rafael Neves é puro ácido contra a hipocrisia de quem, agora, reclama do vazamento de suas armações.