Assassinato é estupidez – seja na Zona Sul, no subúrbio, na favela – e é mais que compreensível a comoção com a morte do médico que pedalava na Lagoa Rodrigo de Freitas e sofreu um assalto a faca.
O problema da criminalidade juvenil é grave e se presta pouco à discussão demagógica em torno da maioridade penal.
Este assaltante, se é o autor do crime, poderia ser colocado em um presídio e o que seria dentro de cinco ou seis anos, quando fosse solto?
Porque nem sequer seria esta pena se o médico – infelizmente não foi assim – tivesse sobrevivido às facadas.
Isso não diminuiria, porém, a brutalidade de ter sido esfaqueado como foi.
Há gente que compreende que este é um impasse que não se resolverá com ódio, mesmo gente que, por todas as razões, até poderia senti-lo, como ex-mulher e mãe dos filhos do médico assassinado, ao dizer que “são gerações de vítimas do nosso sistema, da nossa falta de educação, saúde. O ser humano caiu no valor banal, onde não existe o menor valor humano.”
Ou o editor de capa do jornal popular Extra, que fugiu da solução fácil do “monstro” e fez a boa capa da edição de hoje, que reproduzo acima.
Mas, infelizmente, há gente imbecilizada a fazer o contrário.
O “vejeiro” Felipe Moura Brasil faz hoje o impensável.
A partir de um projeto – bem intencionado mas provavelmente inócuo – de probir-se o porte de arma branca debocha, dizendo que “pronto: já querem proibir as facas”.
Até pensei que fosse irônico, ainda que ironia de mau gosto.
Não era.
Ele “argumenta” (é duro usar a palavra para isso) que “ a proibição do porte de armas brancas, no entanto, garante aos bandidos que o cidadão de bem, cumpridor da lei, estará sem facas para se defender quando eles quiserem roubá-lo, esfaqueá-lo e matá-lo.”
Sim, este microcéfalo é adepto da tese de que o cidadão de bem deve carregar uma faca para ” se defender quando eles quiserem roubá-lo, esfaqueá-lo e matá-lo.”
Quem sabe também lanças e tacapes, Felipe?
Quem sabe, em lugar de eliminar a barbárie marginal não nos tornamos todos bárbaros e sobrevivamos ou morramos segundo a nossa capacidade de atirar ou dar facadas?
Existe gente que se torna selvagem porque a selvageria do mundo a faz assim.
Há outros que ficam assim só pela insanidade.
13 respostas
Fernando, o argumento desse fulano é o mesmo dos donos do mundo e das armas, os fabricantes americanos dos assassinos que não se contentam em matar um proprietário de bicicleta, mas dezenas de colegas de escola.
Ainda vão descobrir que a culpa de ele não ter ido à escola e dos pais terem se separado é da esquerda….
Moro em Hong Kong. Aqui simplesmente nao pensamos em violencia. E uma sensacao indiscritivel nao se sentir amedrontado. Carregar quaisquer objetos de defesa pessoal e proibido e sera tratado como crime se a policia pegar o infrator…
Inquestionável a falta de talento e bom senso do “vejeiro”. E imperdoável um jornalista, na melhor das hipóteses, ter tanta dificuldade em se expressar. Não fosse ele um profissional da palavra, me esforçaria com certa condescendência em tentar entender o que, de fato, ele quis dizer. Se fizermos este exercício, talvez concluiremos que o infeliz estivesse tentando dizer que a proibição do uso de armas, brancas ou não, tem surtido no Brasil um agravamento da fragilidade do cidadão comum diante da criminalidade (ou a sensação da mesma), uma vez que é notória a incapacidade do Estado em desarmar o crime e impedir que armas de fogo sejam contrabandeadas aos montes todos os dias e chegue até o crime organizado. Na prática, o Estado se exime de defender o cidadão comum (e, sobretudo a classe trabalhadora) e impede ainda por cima que este possa sequer expressar alguma atitude de defesa. A população é submissa às leis, às instituições. E estas, por sua vez, se submetem à lógica da impunidade e apoio ao poder do crime, muitas vezes de forma deliberada. A situação é tão grave que não se pode, de forma alguma, colocar um jornalista da Veja no mesmo patamar que um trabalhador marmiteiro qualquer, quando este indignar-se de propostas como esta de impedir o uso de “armas brancas”. Considero uma insensibilidade total, sublimar o medo e a sensação de impotência perante o crime, da mesma forma que considero a total hipocrisia e má fé de um profissional da Veja em tentar cooptar a justa indignação, o medo e a fraqueza do cidadã civil para o lado da violência disseminada que tanto beneficia os setores mais conservadores do país.
Acho engraçado que se tenha certa condescendência com certas atitudes ditas “politizadas”, como quebra-quebras nas famigeradas “jornadas”, que se veja com tolerância atitudes como as de blackblocs, sempre encaradas como reação à truculência do Estado, mas sejamos insensíveis quanto ao desespero de quem vê o crime armado e hidrofóbico na sua porta, afrontando a todos os direitos, com as bênçãos de parceiros institucionais que deveriam combatê-lo. E o pior é quando você precisa da polícia, de um fiscal, de um juiz e ele cinicamente diz que não pode fazer nada porque o sistema não deixa, mas se você tomar qualquer atitude deliberada (uma denúncia na imprensa ou um simples questionamento) você pode ser preso por ameaça, desacato ou qualquer outro motivo, pra defender os direitos do “cidadão” que usa arma na cintura pra assaltar sem o menor perigo de ser preso por porte de arma ilegal.
São 6 horas da manhã e meu bairro não dormiu ainda por causa de um casal de traficantes que reuniu uma criançada pra dar “balinha” e fazer zoeira numa praça aberta. Se ligar pra polícia, vão dizer que os cidadãos “têm o direito de ir e vir” e que se a denúncia não for confirmada, podemos ser presos por trote ou obstrução dos trabalhos da polícia. Como se os aliciadores não fossem avisados antes que uma viatura estivesse seguindo pra lá. Da geração anterior de bandidos, este casal está entre os pouquíssimos sobreviventes. Agora, eles ajudam a levar outros pra viver não mais que quatro ou cinco anos. Isto não para por aqui. Não há a quem recorrer. Mas, não se pode sentir raiva, não é mesmo? É preciso ser racional. A não ser pra fazer a revolução, sob as ordens de alguma liderança bastante civilizada que nunca tenha pego numa arma e não odeie a ninguém.
Antonio Victor, Marcelo Miranda e M. Thereza Freitas,
Parabéns pelos comentários! Vocês disseram tudo.
Esse Felipe é um coitado. Nada do que ele escreve faz sentido. Os outros blogueiros, por mais que se discorde, têm estilo, coerência, senso do ridículo. Esse não. É só mais um coxinha idiota tentando se passar por intelectual.
Eu sugiro que cada membro da esquerda caviar, dos direitos humanos, de ONGs inclusivas e afins, pegue um “anjinho destes” (16 crimes em 16 anos de vida) e leva para sua casa par ajuda-lo a se re-educar, deixe-o dormir no quarto ao lado de suas filhas e ficar sozinho em casa.
É Muita, mas muita mesmo, hipocrisia d vcs.
16 em 16 anos de idade, é para ir para o saco preto!!! Uma bala na cabeça e o sono tranquilo dos trabalhadores. Menos um a aterrorizar a população.
Me impressiono com o fato de existirem pessoas que acreditam que tais seres tem recuperação.
Dilter Folha
Dilter, até você tem recuperação
Não, este não Dilter não tem recuperação.
Não tinha nem que comentar o que disse o “vejeiro”. Resultado, fica repercutindo essas besteiras e dando cartas a essas mulas.