Veto a comercial do BB não é só preconceito, é dano ao banco público

Por um acaso, sei dos antecedentes da campanha do Banco do Brasil que Jair Bolsonaro determinou que fosse retirada do ar.

Ela nasceu da necessidade de que o banco se posicionasse diante do crescente público jovem de serviços bancários, mercado onde o BB encontra, além da competição dos outros bancos comerciais “tradicionais”, os bancos virtuais e as “fintechs”.

O assunto é uma das preocupações dos grandes bancos há anos, atentos à renovação de sua carteira de clientes.

É uma área onde o BB tem dificuldades de competição.

Ao contrário do público formado por nós, os “coroas”, tradição, história, segurança, presença física disseminada em agências e outros valores próprios do “banco físico” importam pouco.

Ir à agência, falar presencialmente com o gerente, o “acolhimento” do cheque com a marca, coisas importantes para as gerações mais velhas, para este segmento são algo “sem noção”.

Tudo, para eles, é feito no celular. E “modernidade” é a identidade básica a encontrar no serviço.

No último “Top of the Minds” da Folha, em matéria de aplicativos de bancos, o BB ficou atrás de Itaú e Bradesco, ao contrário do que acontece na categoria de serviços financeiros, onde é o líder.

O Banco do Brasil, estatal, é um banco comercial, que disputa mercado, e a intervenção de Jair Bolsonaro lhe é danosa comercialmente.

O prejuízo vai além do filme e dos outros materiais “jogados fora”. São milhares de contas que o banco perde por estar ausente da disputa comercial e a perda de identidade que ele tem com o público “entrante” no sistema bancário.

Alguém tem de explicar ao senhor Bolsonaro que publicidade não é “marreta” com a qual apenas se “dá” dinheiro a veículos de comunicação. Publicidade “vende” e quem não “vende” tem prejuízo.

É o que Bolsonaro deu ao Banco do Brasil, suspendendo a campanha, que não tem nada que mesmo um obtuso poderia chamar de imoral. E, de quebra, causa um prejuízo maior porque ajuda a fixar a imagem do BB como um banco antidiversidade, onde a cor da pele, do cabelo,  e outras das mil identidades do público jovem não se sentem acolhidas.

Isso não é ideológico, senhor capitão, é mercadológico.

O senhor, além de preconceituoso, é uma besta.

A menos que sua intenção seja esta mesmo, a de fazer o BB perder mercado.

Fernando Brito:

View Comments (27)

  • Nós avisamos que um sem noção iria "governar" o país. Deu no que deu.

    • Com certeza. A propaganda transmitiria uma imagem positiva do banco justamente para os jovens progressistas, mas inteligentes, mais capazes, com mais iniciativa para conquistar um futuro melhor. E para quem quer privatizar, isso não interessa.

    • Exato. Causar dano ao BB é justamente o que a turma que manda no Bolsonaro - Paulo Guedes, Rubens Novaes, Olavo de Carvalho e outros iguais, do mesmo "clube" - quer . Aliás o que essa turma quer é causar dano ao nosso país, Brasil, para que tenham razão quando dizem que nosso país não presta, que bacana mesmo são os EUA , que nosso destino é sermos sempre terceira categoria, milhões de pobres devidamente alienados.

  • "Branco no Brasil, mais de 500 anos levando vantagens". O TV No Ar foi profético em relação à ideia de publicidade do atual governo para o BB.

  • Pare de criar factóides, Boçal Nato, e responda: Cadê o Queiroz?

  • Manei a manchete para uma conhecida que foi publicada no UOL . Disse me ela - Como pode , não é verdade , ele é amigo do " Junior Negão e ajudou a elege lo . Essa pessoa não é preconceituosa . Argumentei e coloquei várias situações , principalmente que era tudo antes das eleições .
    Ela é evangélica , jogou o problema todo para Deus . Ela está certa , nós não vamos nos encontrar nas ruas .

  • chamar de besta é pouco
    tem que ser de BESTA² pra baixo (ou pra cima, aí depende do ponto de vista)

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