É tão inevitável quanto é triste ter de dizer: ainda não chegamos sequer à metade da expansão da epidemia do coronavírus no Brasil.
A comparação das curvas do Brasil e de outros países do mundo, onde o surto epidêmico aconteceu antes só deixa uma conclusão: a de que as 338 mortes e os 4.613 casos a mais em 24 horas ainda são pequenos, ante o tamanho da população brasileira e a forte dispersão do problema pelo território nacional.
Embora os números oficiais sugiram, para usar as palavras do sr. Nélson Teich que a curva brasileira “performa” melhor, é nítido que só agora o número de óbitos vai se aproximando da realidade.
As cenas de Manaus, de Duque de Caxias, de Pernambuco são o reflexo macabro desta realidade, e o alerta para que o sistema de saúde começa a trincar, excedido em sua capacidade.
Isso, porém, não é dito com todas as letras à população, ao contrário. Toda a entrevista da cúpula do Ministério da Saúde foi um mimimi sobre nossa situação, que seria vantajosa até em relação à Alemanha, que é considerada a melhor no enfrentamento da pandemia, depois da China e da Coreia do Sul.
A causa disso é evidente, embora escamoteada, o teste, que só foi aplicado para algo como um entre cada mil brasileiros.
Simplesmente é inacreditável que a imensa percentagem dos casos “sob investigação”, muitos já há várias semanas, não sejam, na grande maioria, efeito da pandemia.
Há uma confusão inaceitável: o papel do Ministério de Saúde não é o de se autolouvar, mas o de advertir e orientar a população contra uma ameaça contra a qual nem ele – e nem ninguém, – tem uma resposta garantida e absoluta.
As bobagens são ditas em profusão, como a do general Edson Pazuello, que é o número 2 do MS, que há contaminação em “apenas” 192 dos mais de 5500 municípios brasileiros. Esqueceu-se de dizer que estes municípios representam mais de 40% da população!
Parecem não entender que saúde pública não é uma questão apenas para especialistas e tecnocratas, mas de um processo de mobilização da sociedade para que adote hábitos e atitudes que são, ao lado da rede hospitalar carente, as únicas armas contra a expansão da doença e de seus efeitos letais.
18 respostas
Está tudo sob controle……do vírus.
https://www.worldometers.info/coronavirus/
https://uploads.disquscdn.com/images/7d76d21a0aa8c6c48dfc4c47f396312d0267da3b40f6b9fd25a66982248dc58e.png
https://twitter.com/ricksenra/status/1253445050526248961
Qual será a justificativo desse atraso? Falta de insumos, dificuldade de comprar os testes, logística ou necropolítica mesmo? Sem testes massivos não há como ter controle da pandemia e já estão falando em abrir, vai ser um massacre.
Provavelmente devido à gestão de incompetentes no Ministério da Saúde.
Deixaram para comprar testes tarde demais. E hoje, ao que parece, o problema principal é a capacidade de processamento.
Mandetta chegou a declarar nas primeiras semanas as seguintes pérolas…
“Tudo que é comentado na história das epidemias é fazer as testagens até que você tenha transmissão sustentável. E a partir do momento que você tem transmissão sustentável, fazer por sentinela e amostragem”
“A Organização Mundial da Saúde, o senhor presidente da organização, Thedros, ele coloca ‘todo o planeta deve fazer o teste de 100% das pessoas’. Do ponto de vista sanitário é um grande desperdício de recursos preciosos para as nações. Segundo, há maneiras de se fazer percepção de quadro clínico, isolamento domiciliar, isolamento de famílias.”
Mandetta critica orientação da OMS e diz que Brasil testará apenas pacientes com sintomas
https://www.terra.com.br/noticias/brasil/mandetta-critica-orientacao-da-oms-e-diz-que-brasil-testara-apenas-pacientes-com-sintomas,f7ad421308c557bb5f0bc75bb96e65a1ce3zzexs.html
Brasil é um dos países que menos realiza testes para covid-19, abaixo de Cuba e Chile
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52383539
https://twitter.com/RenataMariz/status/1251585910879256582
Hoje o Brasil vai ultrapassar a China em número de mortos.
Isto com as subnotificações escandalosas. A verdade é talvez estjamos no grupo dos quatro países com maior número de mortos.
Já passou infelizmente…
Mais um grave problema a caminho com um de nossos principais mercados,Argentina.
Graças aos delinquentes neo-liberais caminhamos para outro conflito.
Vendemos grãos e compramos espelinhos com valor agregado dos coreanos ,os produtores bolsonaristas felizes,os industriais nem tanto,mas,eles nunca perdem.E nós ??,teremos que plantar para poder comer.
https://www.pagina12.com.ar/262467-el-mercosur-cerca-de-la-ruptura
Primeiro o apocalipse foi anunciado para o início de abril. Depois foi adiado para o final de abril. As coisas estão piores, não resta dúvida, mas muito longe ainda do fim do mundo anunciado. Então agora foi prorrogado para maio o caos total e as pilhas de corpos. Como é fato que essa doença ainda tem muitos aspectos que a ciência não compreendeu, eu prefiro ter esperança de que não ocorrerá a grande catástrofe.
É para isso que serve a meia quarentena.
https://twitter.com/oatila/status/1254169427848945664
Acompanhe o noticiário de Manaus. Lá você encontrará a situação que reserva às demais cidades brasileiras. Caixões com corpos sendo enterrados um “pilhas”, conforme você não enxerga.
Se o general disse que só 192 municípios têm casos de coronavírus, ele mentiu tão escandalosamente que eu custo a acreditar. Porque são quase 9 vezes mais que isso! 1.811 cidades agora, sem nem computar os dados do final da tarde…
https://www.coronavirusnobrasil.org/
Estas coletivas do ministério da saúde parece um teatro,todos sisudos,parecem representar algo mal ensaiado.
Numa guerra a primeira vítima é a verdade ,numa pandemía enfrentada por milicos ,também.
Fernando, o gráfico apresentado está em que fonte? Não entendi a apresentação dos números.
Olha no site:
https://www.worldometers.info/coronavirus/country/brazil/
Coronavirus Cases:68,188
Deaths:4,674
É triste..
Vamos ser francos. Nunca saberemos o número de mortos. Nem os vitimados pelo coronavírus, nem os vitimados (não contaminados) pela falta de leitos e menos ainda o número de contaminados. Além da subnotificação sabemos que muitas das amostras colhidas foram perdidas por problemas na coleta e ou no acondicionamento.
E não estamos nem no começo.
Poderemos ter uma noção, ainda que superficial, a posteriori: comparando-se a média de mortes anuais da última década com o que tivermos em 2020.