Ouvi, hoje, na Globonews, o médico Gonzalo Vecina, ex-presidente da Anvisa, naqueles momentos de “Meu Deus, preciso de uma esperança”, dizer que o Dr. Marcelo Queiroga, novo ministro da Saúde “é bolsonarista mas não é terraplanista”, como forma de dizer que ele preservava sua capacidade científica e que, com isso, poderia mitigar a loucura da atuação de Jair Bolsonaro.
Com todo o respeito à esperança do Dr. Vecina, não é assim.
E, para prová-lo não é preciso ir longe, basta ler o relato da insuspeita médica Ludhmila Hajjar, que havia sido convidada para o cargo, amplamente divulgado em sites e jornais.
Jair Bolsonaro não admite de forma alguma a única providência capaz de reduzir, no curto prazo, a montanha de mortes que o Brasil dia a dia está escalando: as restrições severas à circulação de pessoas. E isso é, literalmente, impossível sem a paralisação de tudo o que não for indispensável na atividade econômica e o aumento drástico das taxas de isolamento social.
A vacina é remédio de médio prazo, o lockdown – claro que com auxílio que permita aos desvalidos sobreviverem – é a medicação de emergência para um organismo social que perde mais de 2 mil pessoas todo dia.
Bolsonaro, porém, vai além de não admitir: sabota o pouco que governantes locais fazem e subverte com seus acólitos as medidas, ainda que paliativas, que se toma em cidades avassaladas pela explosão da epidemia.
Isso é claro, tão óbvio e evidente que a ninguém é lícito dizer que não o percebe e, agora, que ele não irá mudar.
Aproximar-se do governo Bolsonaro é tornar-se seu colaborador de suas atitudes genocidas.
Não é mais possível reconhecer nele institucionalidade, apenas o ódio e o furor com que se dedica à violência e à morte.