Ninguém deve se iludir com as consequências jurídicas do indiciamento de Jair Bolsonaro em 11 crimes pela CPI da Covid.

Serão poucas, se chegarem a ser alguma, tamanho o controle que Bolsonaro tem do Ministério Público e da Polícia Federal, a quem caberiam aprofundar as investigações desbravadas pelo Senado e, afinal, propor a denúncia por estes delitos.

Isso só acontecerá depois que terminar o mandato do atual presidente, com isso, romperem-se os cordéis de mando com que controla as duas instituições, embora alguns destes delitos sejam auodemonstráveis, como o de estimular, com aglomerações descabidas, a propagação da doença e a de fazer – e ainda a faz – propaganda de substâncias ineficazes para o seu tratamento.

Mas o indiciamento terá, sim, forte efeito político e será, durante toda a campanha, um fato a manter viva a criminosa omissão e charlatanismo do ex-capitão no enfrentamento à pandemia.

Será sempre a memória das seiscentas e tantas mil mortes das quais Bolsonaro desdenhou (“e daí? não sou coveiro”) e a vasta trupe de lobistas, charlatães e simples oportunistas aos quais a política cloroquínica arrastou para corredores obscuros do Planalto.

Pode-se dizer que será mesmo uma maldição da qual o atual presidente não terá como livrar-se e da qual até mesmo escusar-se de responsabilidade é algo que transmite a sensação de cinismo e de covardia.Dizer que lamenta e chora – quem sabe escondido no banheiro – àqueles que desafiou a saírem e contaminarem-se, chamando-os de “maricas”.

Por mais que os investigadores a quem cabe a tarefa de sucederem à CPI mostrem-se “mansos” – afinal, o que são 600 mil mortos, não é? -será necessário ao menos fingir que fazem o seu papel – e sempre pode haver a decência em alguns deles – e levam adiante a tarefa de investigar.

Mas o julgamento de Jair Bolsonaro- muito antes que em qualquer tribunal e sem o qual nenhum outro haverá – é o da urnas, que é o corolário dasoberania popular a quem tudo cabe avaliar.

E, neste caso, punir inapelavelmente.

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