“Terceira Via” briga pelo espaço de Bolsonaro

 

12% dos eleitores não votam nem em Lula nem em Bolsonaro , diz a chamada do UOL sobre a última pesquisa Poderdata.

Não há número mais expressivo para desmontar a conversinha, sustentada pelos defensores da tal “3ª Via”, de que uma grande parcela da população “não quer uma eleição entre o atual e o ex-presidente”.

12% são os que, em geral, votam branco, nulo ou deixam de votar, alegando uma recusa da política e dos políticos em geral.

Há, no levantamento, várias informações interessantes e absolutamente contraditórias com o que a crônica política costuma afirmar ou, pelo menos, insinuar.

Cruzem-se as informações sobre os que mereceriam o voto (único que poderia votar + poderia votar) com a rejeição total (não votaria de jeito nenhum) e fica claríssimo que a divisão dos votos segue sempre o padrão de referência dos dois favoritos: Lula e Bolsonaro.

Os que votam ou admitem votar em Bolsonaro (38%) são a parcela que rejeita Lula (40%). Ao inverso, os que votam ou admitem votar em Lula (58%) são o complemento quase exato dos 38% adeptos ou tolerantes a Bolsonaro.

Os candidatos a candidato da “3ª Via” – excluam-se desta afirmação Rodrigo Pacheco e Eduardo Leite, pelo fato de serem menos conhecidos – parecem ter os mesmos limites de rejeição de Bolsonaro (59%): Dória tem 59%; Ciro, 56% e, campeão dos campeões em rejeição, Moro, com 61%.

Um parêntese para comentar: que Irajá para acabar a Greta Garbo do moralismo cínico!

Não bastasse isso, a pesquisa, em detalhe, mostra que a sopa da “3ª Via” tem os legumes bem picadinhos, em pedaços bem pequenos.

De cada 100 nem-nem, quase um terço (28 ou 30, conforme o cenário, não escolhem nenhum outro candidato. 15 ou 16, ficam com Moro e Ciro, 11 (ou 8) com Mandetta, dez com Alessandro Vieira e oito com João Doria. Rodrigo Pacheco, José Luiz Datena e Eduardo Leite ficam, cada um, com três dos 100 eleitores nem-nem.

Que, repise-se, são, no total, 12%.

São todos nomes conhecidos, com posições de poder em grandes estados, no Parlamento e, no caso de Mandetta, com a exposição no Ministério da Saúde no início da pandemia. De Moro, nem se fala: foram seis anos sendo apresentado como o mais honesto dos homens.

Não ostentam estes baixos índices de preferência porque são um desastre em suas obrigações, mas porque todos têm colado às testas o estigma de Bolsonaro, que apoiaram, direta ou indiretamente, em 2018.

 

 

 

 

 

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