Como é bom ser de direita…

Disgusting!

Imaginem o que seria de um governante de esquerda aqui pelos trópicos se um ex-aliado escrevesse um livro com a “pobreza de detalhes” como fez Lorde (Lorde?) Michael Ashcroft contando as peripécias do primeiro ministro inglês David Cameron nos tempos de universidade.

Drogas, necrofilia suína, bebedeiras homéricas e vandalismo, uma festa para a imprensa sensacionalista britânica, que apelidou de Piggate o frisson provocado assumidamente por vingança por Ashcroft, que pretendia um cargo no governo do ex-amigo. (Aqui, a história no G1 sobre o que chama de “excessos” do primeiro-ministro)

Francamente, não tem a menor importância – embora seja deprimente e asqueroso – ao que Cameron fez com um porco morto.

Mas tem muita importância o que faz na sua nova confraria, bombardeando a Siria e ajudando a provocar a guerra civil e o êxodo em massa daquela população.

Como tem importância saber o que o nosso PIG (o partido da imprensa golpista, na tragicômica expressão de Paulo Henrique Amorim) faria aqui se o protagonista daquelas barbaridades fosse Chávez, Morales, Correa ou Maduro.

Animais, selvagens, monstros, para dizer o mínimo.

Cameron, por ser um “tory”, um conservador, tem um tratamento bem mais sereno, ainda mais que, no Reino Unido, uma esquerda menos “boazinha” que a de Tony Blair venceu as eleições internas do Partido Trabalhista.

Claro que menos discreto, pelas porcarias presentes no caso, não o silêncio que fariam (fariam?) com as estrepolias de juventude dos meninos de direita por aqui.

É que o PIG daqui, embora moralmente em avançado estado de putrefação, é sempre muito vivo e sabe da força das explorações de ordem moral sobre governantes e lideranças políticas.

É por isso que a “moralidade” aqui – longe de ser um dever universal na vida pública e um problema particular na vida privada – é quase sempre um biombo da manipulação imoral da opinião pública.

A imoralidade na direita, no sistema que suga, empobrece, mata, saqueia riquezas, povos e pessoas, é maior em sua própria causa do que  qualquer porcaria de Cameron.