Conheci o senador Nélson Carneiro nos anos 70, no velho MDB.
Nunca fui seu admirador político, mas seu eventual aliado na tentativa de evitar que o domínio de Chagas Freitas fosse total no único partido de oposição legal à ditadura.
Mas quando o cumprimentei da primeira vez, o fiz com um vigor especial.
É que eu era “filho da desquitada”, condição humilhante a que eram reduzidas as mulheres cujo casamento se tinha dissolvido.
Vai parecer incrível aos mais jovens, mas até menos de 50 anos atrás, 1977, uma mulher nestas condições era impedida de, perante a lei e a sociedade, restabelecer seus vínculos afetivos, salvo na condição – vejam que palavra – de amásia.
Minha mãe, mesmo só, era uma pária social. E eu e meu irmão, os sempre suspeitos -às senhoras de “boa família”- “filhos da desquitada”.
Foi a causa do divórcio, aliás, a razão da mudança de Nélson da Bahia para o Rio de Janeiro, pois lá a forte oposição da Igreja o derrotara eleitoralmente e, aqui, o povo carioca sempre o elegeu, salvo na última disputa, onde a sombra de Moreira Franco, este mesmo do Temer, fez derrotar o já velho senador.
Conservador, oriundo da UDN e depois integrante do PSD, o velho Nélson por conta de seu incansável apego à dignidade da mulher, findou a vida com o respeito da esquerda, malgrado os erros políticos do passado. Um destas mulheres, símbolo da lutas feministas por aqui, foi Heloneida Studart, que muito conviveu com ele no MDB que nos era possível, durante a ditadura.
Por isso, transcrevo a carta aberta de seu filho, João, à filha de Nélson, a deputada Laura Carneiro, que pretende votar pela destituição da primeira mulher a presidir o Brasil:
Li numa relação publicada no Estadão que você votará pelo impeachment da Presidente Dilma. Na mesma hora me veio a lembrança de seu pai, o Senador Nelson Carneiro e de minha mãe, Heloneida Studart.
Dois democratas que juntos passaram a vida lutando pelos direitos das mulheres e pela Democracia no Brasil.
Lembro-me de seu pai já velhinho, marchando na Rio Branco, de braços dados com Teotônio Vilela, Jorge Bittar, Marcelo Cerqueira, Modesto da Silveira, Heloneida e tantos outros, pela Anistia Ampla e pela Assembleia Nacional Constituinte.
Laura, não macule a memória de seu pai.
Afaste-se dessa gente que quer rasgar a Constituição que seu próprio pai escreveu. Não destrua a grande obra do Senador Nelson Carneiro, que nos deu a todos brasileiros a Constituição Federal de 1988.
Faça um exame profundo de alma, do ambiente familiar e político onde você foi criada e imagine como ele votaria nessa quadra tão difícil de nossa história.
Com os golpistas ou com a Constituição?
Laura, a filha a quem Nélson Carneiro deu o nome de sua mãe, será protagonista deste ato de violência contra uma mulher?
26 respostas
Votar pelo impeachment é violência aonde????
Em tempoA Globo vai televisionar ao vivo a votação do impeachment. Vai ser melhor que final da Copa do Mundo. Onde vai ser a cerveja?
De novo por aqui , imbecil?ainda não entendeu que a ausência de massa encefálica tem te colocado em situações ridículas? .
Não vai ter golpe, idiota!,
Vais ter que pedir cocaina pro teu ídolo ou filar alguma cachacinha na Fiesp,falou?.
Tu não é da elite,bobao,eles só te usam como massa de manobra!,,,
Pegou bem, Ana, com precisão reduziu a barata (desculpem baratas!) à sua verdadeira posição: facinorosinha de m….
Mas que apelação mais ridícula, deixar uma desequilibrada que vive à base de remédios para esquizofrenia continuar a afundar o Brasil porque ela é mulher!! O que a deputada tem que mostrar é que as mulheres do Brasil decente não compactuam com as criminosas de grelo duro, como diz o outro.
Sua avaliação está corretíssima! Esse impítima nada mais serve do que pão e circo para a porção odienta, desinformada e/ou desonesta da população brasileira
Pestilento, pobre de direita, verme de esgoto, saprófita da civilização brasileira, dá uma olhada no datafalha ( esta excrescência ) e vê que nem lá da pra disfarçar o que vai ocorrer logo, logo em 2018.
Ahhh aproveita e compra um consolo bem grande e enfia todo….
Sugiro que Laura Carneiro leia “Quarto de despejo” de Maria Carolina de Jesus.
O que esta em jogo no momento são poder e dinheiro . Caráter , democracia , civilidade não está em jogo .
Tenho certeza que para uma grande parcela da popução brasileira, “Caráter , democracia , civilidade estão em jogo, sim”. Basta você observar os movimentos vigorosos de parte da população em defesa do Estado de Direito nos últimos dias. Esta Laura é muito alienada, ou… deixa pra lá.
Se esse golpe acontecer, por muitos anos não se elegerá mulheres para cargos executivos.
A frase que as mulheres mais vão ouvir dos machista será “Lembra da Dilma”. Parabéns as mulheres coxinhas, vcs conseguiram destruir uma geração de lutas por puro preconceito de classe.
Já escuto isso dos coxinhas, quando alguma mulher é promovida a cargos de chefia “Essa raça não serve para isso, não vê a Dilma”
Espero que ela reflita sobre sua carta, como mulher e como eleitora. Vivi a mesma situação familiar, pais separados e minha mãe dizia que era viúva.
Tal a dimensão do preconceito e nós seus seis filhos ficávamos calados e era possível por ficamos anos sem ter contato com nosso pai, ele era invisível.
Diante desta carta me manterei em silêncio,
Pois não é com minha consciência que devo
falar..
Estou no aguardo da resposta.
Que teu SIM seja SIM.
Que teu NÃO seja NÃO.
É uma decepção em cima de outra com diversas figuras da política e da vida pública do país. Herança moral e cultural não quer dizer mais nada para filhos e netos abertamente desnaturados. Isso, embora cause sofrimento, tem sido muito bom, pois é melhor ver a extensão da enfermidade que deixá-la oculta e pulsante de modo invisível. Agora vemos quem são na verdade determinadas pessoas que julgávamos de maneira diferente. E há ótimas surpresas, também. Como a posição politizada e consciente do ator Wagner Moura.
como não emporcalhar a memória do pai, um filho (a) que tem história de imundícies?
melhor exemplo que carlos lacerda?
Este impeachment é uma fraude desde o seu nascedouro. Quem embarcar poderá preparar seu túmulo político, o povo não perdoará nas próximas eleições.
Brito, veja pesquisa Datafolha.
Pois é, Brito, eu também era filha de desquitada, que até perdeu todas as amigas que temiam que ela fosse dar em cima dos seus maridos. Na minha escola eu era avis rara, me olhavam torto por ser filha de desquitada que era o mesmo que ser filha de… Sempre defendi a minha mãe, mesmo sendo menina, entendia o absurdo da situação que a sociedade impunha a ela. E agora, não venham não, mulheres machistas, chega disto, está na hora de todas as mulheres defenderem umas às outras, qual que é??? E assumir o poder, sim, somos competentes, inteligentes, multitarefas, fortes biologicamente, capazes de muita coisa. Não sei porque a figura de uma mulher forte no poder é tão ameaçadora, eu acho ótimo, acho legal, acho o maior barato e quero ver mais disto acontecendo.
Aproveito o espaço para fazer uma homenagem a Gleisi Hoffmann que ontem foi ofendida por um monte de dementados no aeroporto de curitiba.
FORÇA GLEISI ! ORGULHO DO PARANÁ.
Além de ser a mais linda SENADORA DA REPÚBLICA de todos os tempos !!!!!
Alegar que impeachment é violência contra uma mulher é esculachar os mais de 60% de brasileiros que pedem por este instrumento constitucional.
Se Dilma sair, não será porque foi a primeira mulher na presidência ou porque defende os mais pobres.
Sairá porque cometeu crime de responsabilidade e porque perdeu a capacidade de governar.
Brito, você fez-me lembrar de grande parte de minha juventude. Tenho apenas um sobrenome. Quando ia a um guichê para o atendente preencher algum documento, respondia Apio Gomes, à famosa pergunta “nome completo”. A pessoa, geralmente, não escrevia (ficava chocada): olhava para mim, com aquele olhar que era um misto de pena e desprezo. E eu tinha sempre a frase feita: “pode escrever; fique tranquilo: o Gomes é do meu pai”. A alguns mais com cara de babaca eu completava: “não sou filho de mãe solteira”. Claro que a pessoa ficava corada com minha resposta.
Sempre me perguntei como deveria ser a vida de um filho de mãe solteira: na escola; no trabalho – no dia a dia.
Era também com estas pessoas que o senador Nelson Carneiro se preocupava.
Em uma campanha eleitoral, aqui no Rio, algum concorrente argumentou que ele estava muito velho; a o que respondeu: “Envelhecer não é sinônimo de envilecer”.
Que esta senhora, siga o conselho de seu pai.
Laura você está ão lado de Jair bolsonaro?
Que momento estranho estamos vivendo no Brasil. Será que essa deputada não aprendeu nada em casa? Não é por fatla de “berço”…
Deve existir algum motivo escuso.
Boa noite Bruno,
Quem vai votar, se é crime ou nao é o Cunha e amigos?
Aécio perde uma cidade de fãs. 70.000.000 pessoas deixam de curtir Aécio.
E há uns burritos aqui que acham que ainda vale a pena curtir fascinaros, aéticos, itaús, entreguistas, moralistas, cunhas, e outros trastes.
Uma das facetas na tentativa de impeachment da Presidenta Constitucional do país é o viés antifeminista. Por isso é chocante caso haja uma única mulher que vote a favor do golpe que é também contra os direitos conquistados pelas mulheres.
Só lembrando para a deputada Laura que o procedimento do Governo Dilma visou atender, minimamente, pessoas, principalmente mulheres e crianças, cujas necessidades, com certeza, a deputada não gostaria de sofrer. Desse ponto de vista, Dilma não fez uso indevido de recursos públicos, seja do orçamento do Governo, seja do orçamento das estatais. Ela fez o bem público.