Professor pedreiro, vendedor, ‘uber’. E o problema é a ideologia…

Mônica Manir publica, hoje, na Folha, reportagem que faria corar o futuro Ministro da Educação, que sustenta que o “globalismo marxista” é o maior problema da educação brasileira. Isto é, se aquele cidadão pudesse corar ainda, depois do que diz.

Ele mostra personagens de um magistério abandonado, entregue a remunerações deprimentes, tendo que se desdobrar em “bicos”, “biscates” e trabalho exaustivo para sustentarem suas família.

Conta a história de Cícero Ferreira de Lima, que dá aulas de educação física, mas assenta pisos e azulejos, faz chapisco de paredes, rebocos e outro serviços da arte de ser pedreiro, que aprendeu com o pai.

Também a da mulher, Daiane, que sustenta com venda de bananas fritas o curso de doutorado em Linguística Teórico-Descritiva na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

“Quase todo colega meu da escola pública faz alguma coisa por fora, vende cosméticos, lingerie, dá aula particular de violão ou de pintura”, diz.

Também está no relato o “jeitinho” do professor de Matemática e Física Alexandre Gonçalo Santana, que se divide entre aulas e o volante de um “Uber”.

É a realidade de 30% dos professores, segundo estudos apresentados no texto. Sem contar, é claro, aqueles que se desdobram em dois ou mais empregos de professor, realidade de grande parte do magistério, o que sei de casa, ainda menino.

A meta de igualar o salário do magistério ao de outras profissões, entretanto, avança da pior forma: não porque os vencimentos dos professores aumentem, mas porque o dos outros profissionais está diminuindo.

É uma vergonha, diante disso, que o homem que vai comandar a Educação só abra a boca para dizer que irá para o cargo com “a faca nos dentes”, para lutar contra o “marxismo” que dominaria as escolas brasileiras.

Não é só coisa de gente burra, é coisa de gente má.

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13 respostas

  1. Palmas para eles …. Já temos o ” Menos Médicos”, e ainda não contentes, eles desejam, claro, para os mais pobres, o “Menos Professores”…. E, para todos, o Menos Comércio com a China, e com os Árabes e sei lá mais oquê…..
    FMI à vista para breve….

  2. Mais um exemplo de como é grave a situação da educação no Brasil. Sempre foi nosso maior problema. O projeto dos CIEPs de Darci Ribeiro, as ideias de Paulo Freire e Anísio Teixeira são lapsos de lucidez e brilho numa área relegada ao obscurantismo desde sempre pelos governos federais. Não há possibilidade de construir uma nação sem educação de qualidade. Quantos séculos mais serão necessários?

  3. Não me assusta ver um canalha desse tipo no ministério da Educação, assim como não me assustou o mendoncinha do temer. O que me incomodou profundamente foram “colegas de trabalho”, não são, em hipótese nenhuma, amigos, terem votado no beócio, defendendo que a educação melhoraria. Os idiotas já começam a dominar o mundo. Aqui já são 57.797.847 boçais.

  4. Conforme os IMBECIS mal intencionados do “escola sem partido” existe um doutrinação marxista nas escolas ,uma falacia.
    Como explicam que esses marxistas na hora de votar escolhem um fascista de extrema direita que “odeia” marxistas ???
    Se computarmos os “adoutrinados” o peso deles no eleitorado é significativo ,e cadê a consequência do marxismo implantado nas escolas??? inclua-se professores doutrinadores ,todos “marxistas”.
    DEMENTES ,AINDA QUE PIORES SÃO OS QUE ACREDITAM NELES.,

  5. A gente fica num mixto de tristeza e indignação com todo esse descalabro que estamos vivenciando na atual conjuntura política do país. E o pior, parece, ainda está por vir.

  6. Com toda admiração pelas demais profissões… mas, o magistério, em especial da educação básica, é das mais ricas ocupações! A gente está sempre na luta, não há tédio, tem-se contato com pessoas maravilhosas, acompanha-se o coração do povo! Entretanto, tudo tem seu “lado B”: colegas, estudantes e seus familiares, gestores, cooptados em seu conservadorismo, tendo seus neurônios lavados, desqualificam as funções, os materiais, os métodos, os profissionais. E abrem caminho para uma massiva privatização, com a consequente piora do ambiente. Tornando-nos, todos, pessoas menos livres.

  7. – “Quase todo colega meu da escola pública faz alguma coisa por fora, vende cosméticos, lingerie, dá aula particular de violão ou de pintura”

    – “É uma vergonha, diante disso, que o homem que vai comandar a Educação só abra a boca para dizer que irá para o cargo com “a faca nos dentes”, para lutar contra o “marxismo” que dominaria as escolas brasileiras”.

    Num país, onde há esse tipo de dicotomia cultural, social e didática, não pode realmente prosperar…Infelizmente!!!

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