O bem-informado Tales Faria, no seu recém-iniciado blog no UOL, apresenta o cardápio do Cérbero bolsonarista – a tripla prole do ex-capitão: “A ordem na família é deixar quieto por enquanto, até a reforma da Previdência ser aprovada na Câmara. Depois disso, a avaliação é que o governo não precisará tanto assim de [Rodrigo] Maia”.
Bolsonaro e seus filhos não gostaram nem um pouco de Rodrigo Maia ter se metido na briga entre o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro e o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gustavo Bebianno.
Maia defendeu publicamente a permanência do ministro, disse que Jair Bolsonaro estava por trás dos tuítes de seu filho e que isto poderia atrapalhar a votação da reforma previdenciária.
Para a família Bolsonaro, o presidente da Cãmara mostrou que pretende se imiscuir nas decisões do presidente da República, chefe do Poder Executivo.
Na prática, foi isso que ele reivindicou durante o governo Michel Temer. Não atendido como queria, lavou as mãos sobre o projeto de reforma da Previdência que o emedebista enviou ao Congresso.
O texto de Tales pode ser lido, na íntegra, aqui.
Sobre isso, faço duas observações.
A primeira, a de que este sentimento pode estar entre as raízes da supostamente planejada iniciativa de Jair Bolsonaro de levar, pessoalmente, à Câmara dos Deputados levar a proposta de emenda constitucional da Previdência, “roubando” o protagonismo que teria Rodrigo Maia no evento, logo ele que posa de “campeão da reforma”.
A segunda, a de que isso não escapa ao conhecimento de Maia e que, por isso, vai lhe permitir uma série de manobras defensivas com a própria votação da reforma que não precisa andar tão depressa que não considere o desgaste do pai e dos filhos e que não precisa ser tão mantida no original que não permita ao presidente da Câmara ser o contemporizador, o promotor de acordos que a alterem a ponto de obter maioria.