Geralda Doca reitera, hoje, em O Globo, que as “medidas compensatórias” dadas às Forças Armadas para que elas aceitassem ser incluídas na reforma previdenciária reduzirão para R$ 9 bilhões a economia, em 10 anos, com os gastos dos militares inativos.
No trilhão pretendido por Paulo Guedes, menos de 1%. Ou seja, nada.
Se será tão pouco – menos de 10% do valor anunciado por Guedes, de R$ 93 bilhões – não se sabe, mas fica evidente que esta será, pouco mais ou menos, a proposta apresentada nesta manhã a Jair Bolsonaro pelo Ministério da Defesa, diferente da que virá do ministério da Economia.
É possível que algum corte ou enxerto seja acertado como forma de composição, num daqueles acordos em que os dois lados se sentem perdedores.
O problema é que a questão não para aí, como poderia parar se a previdência dos militares fosse tratada sem confronto com a previdência dos demais trabalhadores.
Rodrigo Maia acendeu ontem o alerta de que “ceder um pouco” com a caserna e “exigir muito” dos demais vai criar um confronto.
O Exército, por sua vez, trancou o pé em nota oficial.
Jair Bolsonaro, por sua origens, compromissos e suporte, tem menos condições de tirar dos militares os privilégios dos quais, aliás, ele próprio frui, desde os 33 anos de idade.
Não só diante da oficialidade e da tropa (aliás, já decepcionada), mas ante uma parcela do funcionalismo – as centenas de milhares de policiais e bombeiros militares – de onde lhe vem apoio e cumplicidade.
2 respostas
A tigrada, se não tiver garantias de que usufruirá de parte do butim, pode se amotinar. Os Bozo-milicianos sabem muito bem o que isso significa, pois é daí que lhes vem o apoio e sustentação. Generais com uniformes estrelados só têm comando efetivo sobre as tropas, principalmente sobre a baixa oficialidade, se os integrantes desta aceitam, se submetem a esse comando. Ao contrário do que tentam nos fazer crer, existe um sério risco de cisão nas casernas. Os Bozo-milicianos terão de manter, senão aumentar, os privilégios de alguns segmentos, além de reajustar os vencimentos da baixa oficialidade. Ou seja: apenas os trabalhadores das “privadas” e o funcionalismo público civil do Executivo terão a carne e os direitos previdenciários cortados ou extintos. Os deputados e senadores sabem que os votos das castas militares ou daquelas do sistema judiciário não são suficientes para lhes renovar os mandatos.
Impressionante ! Foi pra ISSO que derrubaram o PT ? O ÓDIO de classe, aos pobres, foi mais forte do que tudo. Parece aquela história do escorpião que picou o sapo que o atravessava no rio.