Recuo pró-reforma é suicídio para Rodrigo Maia

Não creio muito nesta história de que Rodrigo Maia vá “blindar” a reforma previdenciária e insistir em aprová-la, com a brutalidade atual, na Câmara dos Deputados.

Não duvido que a crueldade de Maia e sua bajulação ao “mercado” faça disso o seu desejo, mas está criada uma situação que já não depende exclusivamente disso.

Os partidos e uma parcela dos deputados está irritada e convencida de que, se não confrontar o governo Bolsonaro na questão que é o centro das atenções do país, por sua repercussão, estará inapelavelente rendida diante do falangismo bolsonarista, apenas esperando a vez de ir para o matadouro das redes sociais.

Quererá Maia perder parte de suas “tropas parlamentares”, enquanto o ex-capitão torna as suas mais aguerridas e sanguinárias?

Não posso supor que Cesar Maia não tenha ensinado ao filho que cachorros sentem o cheiro do medo.

Além do mais, com ou sem “blindagem”, deterioraram-se as condições para aprovar uma reforma com a dureza que o mercado quer.

BPC, aposentadorias rurais, cortes violentos nas pensões, “transição” quase que imediata e até mesmo a idade mínima, que parecia poder prosperar, estão vulneradas, agora, já não só pela sua insensibilidade intrínseca, mas por uma crescente percepção de injustiça por parte da opinião pública, sobretudo porque comparada à generosidade com que foram tratadas as aposentadorias militares.

O forte aumento da rejeição à reforma nas próprias redes sociais, registrado hoje pela pesquisa que Monica Bergamo divulga na Folha, não é surpresa e pode ser sentido por qualquer um no cotidiano.

O conflito está criado enão se resolverá sem as concessões para as quais o Executivo não está ligando muito. Ainda assim, não as fará, para manter o queixo erguido diante dos “seus”.

“Faço o que você quer, mas faço sozinho” não parece ser uma alternativa política para Maia, até porque  se chegou a um ponto em qual a velocidade na tramitação passou a ser, por si, uma exigência do capital.

E será, com isso, difícil seguir o conselho do Senador Pinheiro Machado a seu cocheiro, diante de manifestantes hostis, para que a retirada não seja “tão depressa que pareça fuga”.

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7 respostas

  1. Maia está colocado, pelas circunstâncias, em uma posição em que o Congresso está a depender dele para seguir com independência trâmites normais e também para dialogar com a população, os eleitores, como sempre fez. Se ele atropelar isso para satisfazer grupos de pressão imediata e fechar os olhos às responsabilidades não assumidas pelo executivo, então a ditadura da falange bolsonarista terá dado um passo gigante para não precisar mais dele, Maia, para nada. Ele tem de continuar a ser, de cabeça erguida, o presidente da Câmara dos Deputados.

  2. Bolsonaro, Maia, Mourão, todos usam ferraduras ocultas nas almas. Não dá pra saber quem é o pior… O Bolsonaro, mesmo parecendo o pior, ao menos não faz como os outros dois, que vestem pele de cordeiro.

  3. Esta questão do Maia só reforça minha opinião de que, sem uma constituinte, a democracia não voltará nunca. Já com o Cunha, ficou claro que o poder detido pelo presidente da Câmara é quase imperial. Impressionante a manipulação que ele pode fazer com o andamento da casa. Isto não tem nada de democrático.

    1. Jamais! Uma constituinte, neste momento em que o ar está impregnado com os gases tóxicos de duzentos grupos nazi-entreguistas com suas fakenews e seu ódio sem nexo, e em que a Democracia não tem como se defender, seria o desastre final do país! Temos que ir afastando devagar, sem dar na vista, qualquer tentativa de destruição da Constituição Cidadã.

    2. Democracia é uma palavra muito usada pelas classes dominantes enquanto
      estão no poder. Fora dele, eles não tem limite. É só olhar o que
      aconteceu com o Golpe que derrubou a Dilma. Todas as instituições
      participaram do golpe rasgando a constituição. Agora que a Caixa de Pandora foi aberta, muita coisa ruim vai acontecer ainda!

  4. Mas, esse “suposto” recuo de Rodrigo Maia pode ter suas justificativas. Caso seja verdade (não creio em informações ditas por terceiros no G1), isso pode ser explicado não por uma suposta covardia do filho de Cesar Maia diante das hordas bolsonarianas. Mas, pode ser em relação aos pedidos de habeas corpus de Temer e Moreira Franco, a serem julgados nessa semana. Ao contrário do que dizem, o toma lá dá cá ocorre no governo. Libertam Temer e Moreira (aliados incondicionais do presidente da Câmara e caciques do velho MDB) e a Reforma da Previdência terá o apoio de DEM e MDB.

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