Reportagem do UOL, hoje, mostra que, de 2014 até hoje – e ainda sem contar os cortes anunciados pelo “Encarregado da Educação” (aproprio-me da ótima expressão usada ontem por Delfim Netto, na Folha) – os investimentos em educação decresceram na inacreditável marca de 56%.
As despesas totais do MEC, no mesmo período, caíram 11,7%.
É o retrato contábil do que se comentou ontem aqui: cortes orçamentários são, em geral, um incremento da perda de eficiência de qualquer instituição e muito especialmente as de ensino.
Vejam, segundo os números produzidos pela assessoria técnica da Câmara e publicados na reportagem.
Em 2014, cada real investido em educação (R$ 11,3 bi) representava R$ 4,32 em pessoal e encargos (R$ 48,8 bi).
Ano passado, depois do corte dos investimentos para R$ 4,9 bi, cada real despendido nesta rubrica passou a representar R$ 11,10 em pessoal mais seus encargos.
Com os cortes anunciados por Weintraub, esta relação crescerá mais e não é improvável que, de quase três vezes maior, passe a quatro ou até a cinco vezes mais.
De novo, peço desculpas aos leitores por tratar do assunto de forma “contábil”, porque ele tem uma importância que transcende imensamente esta visão. O problema é que, da boca pra fora, todos louvam o investimento em educação e até o “Encarregado” diz que vai lançar o dinheiro dos cortes em “creches”, o que qualquer criança sabe que não se fará.
Mas por ser uma das áreas onde a hipocrisia nacional, a que desmonta em nome do “progresso”, mais se agarra para explicar o estado de penúria em que vivemos. é onde se precisa demonstrar, com seus próprios argumentos, como é falso o que dizem de forma cínica.
Na Educação, esta conta perversa é ainda mais grave. Ela se reflete em estagnação e, sobretudo no grau superior, na pesquisa pura ou aplicada da ciência, estagnação é morte.
Esta, sim, é o objetivo da turma do “corta-corta”. Não é para não ter festa no campus ou para reprimir “extravagância” de jovens em nome da “moral”.
Enquanto isso, as empresas privadas, aquelas que fazem uma educação “meia-boca”, escancaram por inteiro as suas bocarras, prontas para devorar o público formado por jovens que, sem o “canudo”, têm chance zero num mercado de trabalho cada vez menor.
11 respostas
Cortar mais na educação é dar aula magna de como destruir um país.
“Quando diz que vai cortar verbas de universidades que “promoverem balbúrdia” e não deixa claro ao que se refere, o governo dá a entender que o que considera “balbúrdia” é a produção de conhecimento que não lhe convém, diz o diretor da Faculdade de Direito da USP, Floriano Peixoto de Azevedo Marques. E se o objetivo dos cortes é fazer controle ideológico, diz ele, a medida é “absolutamente inconstitucional”.”
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48130548
É como dizia Hannah Arendt: “A perseguição constante de cada forma superior de atividade intelectual pelos novos dirigentes de massas procede de algo mais que seu ressentimento natural contra tudo o que não podem compreender. A dominação total não permite a livre iniciativa em nenhuma atividade que não seja inteiramente previsível, em nenhum campo da existência. A iniciativa intelectual, espiritual e artística é mais perigosa para o totalitarismo que a simples oposição política.” Hannah Arendt, “Origens do Totalismo”.
Menos educação, mais mistificação olavista.
https://uploads.disquscdn.com/images/ce6f10b2a53b7ee16ca156e414a8bf313556e30a7b6d86c8ed415e86a453534c.jpg a verdade tem preco
esperávamos que pelo menos nas universidades as reações fossem mais visíveis, efetivas, à altura.
Neste mês de maio fazem três anos que tiraram Dilma.
É o equivalente a 3/4 de um mandato presidencial e a economia continua indo de mal a pior, ao contrário do “milagre” que pregavam. Mentira e canalhice sempre caminharam lado a lado.
O pior é que ainda há 35% de brasileiros que concordam com este asno.
Será que são asnos também?
pesquisas internacionais afirmam que cerca de 80% dos brasileiros são ignorantes ou analfabetos funcionais. Deve ser este o motivo.
Quem diria, Brasil virou país q ataca a educação e pensamento crítico para enaltecer o Pinto.
https://youtu.be/V3eOgOs0ejE
Eu vejo aqui uma conta que não fecha. A conclusão lógica é que faltando vagas na educação pública o candidato a estudante irá, forçadamente, pra educação privada que vai encher as burras de dinheiro. Talquei, mas tamo esquecendo de combiná cos russo.
A educação privada, no governo do PT, cresceu absorvendo milhões de excedentes da escola pública. No primeiro e no segundo grau com crianças e adolescentes de famílias que adentraram à classe média e puderam ir em busca de uma educação melhor fugindo do péssimo serviço de educação prestado na maioria das escolas sob a égide de governos estaduais e municipais nas mãos de governos de “gestão eficiente” como o PSDB, DEM, MDB e similares. Nas universidades, em que pese a criação de novas unidades federais e de novos campus das existentes, houve o impulso adicional dado pelo ProUni e pelo Fies, bancados pela União e agora praticamente desativados.
Sem renda, desempregados, subempregados e sem perspectivas grande parte da população não terá como pagar pelo ensino privado. Aliás, já não tem como, basta ver a redução de matrículas observada desde o ano passado e que aumentou esse início de ano. Somada à inadimplência crescente e ao aumento das desistências de alunos cursando, as instituições privadas de ensino entraram em guerra de mercado, baixando preços e fazendo ofertas “criativas” de financiamento privado. Em paralelo, estão ampliando a oferta de ensino à distância. Baratinho e uma outra desgraça pedagógica e educacional que irá cobrar um alto preço em conhecimento e formação dos que estão sendo enganados com isso. Em um primeiro momento, tudo isso surte um certo efeito e ajuda a empurrar com a barriga, mas, não durará. Pelo simples motivo que não há grana para pagar escolas.
Quem (sobre)viver verá.
Adoro charge, mas tenho que fazer uma observação: Bolsonaro e toda sua famíglia não tomam cachaça, algo ” genuíno” demais pra eles, a bebida preferida dos” mininos” é suco de laranja.