O “chute” da capitalização

O Globo noticia que ontem – mais de três meses depois da apresentação da proposta de mudar o regime atual da Previdência para um novo, de contribuição e benefício individualizado – o governo apresentou as primeiras contas de quanto custaria complementar valores para um sistema que – está provado mundo afora – que não garante o mínimo de benefícios para o grosso da população.

“A transição do regime de aposentadoria para o chamado modelo de capitalização pode custar aos cofres públicos R$ 115 bilhões em dez anos e R$ 985 bilhões em 20 anos”, diz o papelucho apresentado pelo Ministério da Economia.

Notaram a diferença entre o prazo de 10 e 20 anos? R$ 870 bilhões.

Qual é a razão? Ora, e a genialidade presente em qualquer uma destas “correntes” de picaretagem que fazem você levantar a sobrancelha quando as vê.

É óbvio: como o sistema terá só “participantes novos”, quase não haverá aposentadorias a pagar-lhes. Depois, claro, a coisa engrossa e o déficit explode, porque o sistema não tem condições de se manter.

Não tenho detalhes dos pressupostos dos cálculos governamentais, mas o provável é que se tenha considerado, na melhor das hipóteses, uma complementação até o valor do salário mínimo, e olhe lá.

Há dias, o UOL publicou um estudo da Organização Internacional do Trabalho dando conta de que, de 30 países que adotaram a capitalização previdenciária, 18 já tiveram de voltar atrás, parcial ou totalmente, porque o sistema ruiu. Só lá no meio do texto a gente vê que o critério era mais que generoso com a capitalização, porque considerava “sucesso” as situações em que o valor da aposentadoria fosse  de “pelo menos 40% do salário-base de cada trabalhador após 30 anos de atividade”.

Lendo a matéria de O Globo, percebe-se que não há nada na previsão senão um conjunto de suposições. A única certeza é que isso iria inundar os bancos de dinheiro para investir.

 

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

11 respostas

  1. O nome disso é conto do vigário, corrente, pirâmide, estelionato, 171 onde os únicos ganhadores seriam os bancos, esbulhando, roubando na cara dura os trabalhadores brasileiros. Deveria ir pra a prisão quem fizesse uma proposta tão indecorosa e criminosa quanto está de capitalização para aposentadoria de trabalhador.

  2. Está demorando a articulação , movimentação e definição por parte dos movimentos sociais e sindicatos da primeira greve geral contra a reforma da previdência . Esperar que as oposições no congresso resolva a questão , não deve ser visto com bons olhos , as ofertas do governo para quem votar a favor estão num crescente . Tem se que acelerar agora e não esperar os dias de votações para se manifestar , a insatisfação popular tem que ser demonstrada agora .

  3. ———–O Comandante Militar do Sul, General de Exército Geraldo Antonio Miotto, defendeu um regime diferenciado de previdência para os militares em comparação aos civis.“Nós somos diferentes, isso a Nação tem que entender”, afirmou Miotto.———-

    Além de entreguistas,sabujos do império ,assasinos e torturadores de brasileiros ,eles querem ser tratados como casta, à que todos os brasileiros temos que agradecer por existirem.

    1. E são efetivamente diferentes; são até de outra espécie: têm mais proximidade com lagostas do que com seres humanos.
      São animais, têm casca grossa, m**** na cabeca e vivem nas costas do Brasil.

  4. ué?
    mas não ia “economizar” 1,16 trilhão em 10 anos?
    que raio de economia é essa?
    tira do trabalhador pra financiar um plano falido e fica com 600 mi? isso porque as contas são tudfo meia boca né?

    e desde quando banco investe em desesnvolvimento?
    até onde eu sei quem faz isso é o BNDS que querem fechar

  5. É o “Sistema Robin Roubo”: tirar dos pobres para dar aos espertos!
    Mas tenho ideia melhor: ratear o ônus entre os apoiadores do Bolsoimbecil!

  6. 7 milhões de reais para que a Fiocruz fizesse a melhor e mais completa pesquisa sobre uso de drogas no Brasil. E o Ministério da Justiça proibiu a divulgação do resultado, porque não gostou das suas conclusões. Isso demonstra que até mesmo as pesquisas agora deverão coincidir com o que que for politicamente apropriado para os mandachuvas deste governo autoritário, ou não terão validade reconhecida. A Fiocruz foi ameaçada com a obrigação de devolver os 7 milhões, se divulgasse o resultado por conta própria. O ministério chegou a questionar o método de pesquisa, para tentar encontrar um pretexto para a proibição, falando que não havia comparabilidade. Mas a Fiocruz provou que toda a pesquisa foi feita com todas as comparações necessárias. O resultado que incomodou os políticos/policiais foi que o Brasil não está a sofrer de nenhuma epidemia de consumo de drogas. Isso os políticos/policiais não podem suportar, porque bate de frente com a sua concepção oficial de que a sociedade brasileira está caindo aos pedaços e precisa ser totalmente desmontada para ser reconstruída debaixo da gloriosa concepção anti-marxista cultural. .

  7. Os bancos ……investir em picaretagem, agiotagem, embrutecimento da população.

    Que fique claro, esta proposta rasga o pacto social , rasga o contrato social de civilidade. Vamos sim, entrar na barbárie absoluta e por isso, andar armado será a única forma de defesa da turba que sequer terá o que comer todo dia.

    Vamos barrar essa joça ou seremos engolidos no maior genocídio da história moderna da humanidade.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *