36 horas após a morte de Ágatha Félix, Sergio Moro deu-se ao trabalho de ir ao Twitter, para fazer uma manifestação sobre as declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de que o episódio levaria a uma reavaliação das propostas de seu pacote anticrime.
“Não há nenhuma relação possível do fato com a proposta de legítima defesa constante no projeto anticrime.”
Duas frases antes alega que já cumpriu a obrigação burocrática: “Lamentável e trágica a morte da menina Agatha. Já me manifestei oficialmente.”
Esqueceu-se de dizer que só na tarde de hoje, enquanto à observação de Maia veio correndo rebater.
Talvez nada diga mais que isso sobre haver relações entre as políticas de segurança pública e o número de mortes causadas por ações policiais que, no Rio, foram responsáveis por mais de 40% dos homicídios praticados no Estado.
A PM é uma instituição militar e, como qualquer instituição militar, espelha-se nas ordens de seus chefes, as “autoridades constituídas”.
Quando elas propõem ampliar a licença para matar – e mais ainda, a licença para atirar – induzem seus comandados a não temer as consequências de um disparo imprudente.
Tudo vem sendo feito para isto.
Quando o Presidente da República diz que vai indultar policiais condenados por assassinatos, o ministro da Justiça diz que não serão processados e o governador manda “mirar na cabecinha” e atirar, será possível que isso não crie um estado de ânimos beligerante entre policiais, já historicamente cevado pelos discursos repressivos?
Se apenas 1% dos policiais militares do Rio de Janeiro forem estimulados por este discurso, são 450 homens armados prontos a atirar por um nada.
Como, no caso do Alemão, em um motoqueiro que não parou, quem sabe por não ter habilitação ou possuir documentos vencidos da moto. Isso seria razão para levar um tiro de fuzil?
E quantos outros policiais, mesclados às milícias – leia aqui, nas notícias de hoje, milicianos e PMs “patrulhando” juntos na periferia do Rio e fazendo chacinas na periferia – estariam dispostos a aproveitar o generoso patrocínio para matar por poder e dinheiro?
Sim, há toda a relação possível entre açular tropas já mal formadas e com parca compreensão dos seus deveres legais e transformá-las em agentes da morte.
Ao mesmo tempo, transformar os defensores da lei e do respeito ás garantias cidadãs em aliados dos bandidos, inimigos da polícia, defensores do criem e das violências dos criminosos.
É preciso tornar as vítimas inocentes desta guerra suja apenas acidentes de percurso.
14 respostas
Em um país civilizado, o descaso do Ministro da Justiça, que simplesmente lavou as mãos diante desse assassinato, limitando-se a dizer que a trágica morte da menina foi lamentável, daria demissão.
O Brasil caminha a passos largo para o fundo do poço çugar em que o Rio já está.
Não são militares ou togados, são agentes do governo, que odeia o povo brasileiro. CASSAÇÃO DA CHAPA BOLSONARO/MOURÃO !
É verdade, a morte da menina Agatha não tem nada a ver com o projeto do Moro. Ele, Moro, não tem projeto nenhum . E nem saber o que é ser Ministro da Justiça.
mORO É MESMO UM CANALHA, SUJEITO CÍNICO E CRUEL. DEPOIS DA DECLARAÇÃO DE RODRIGO MAIA VEIO CORRENDO EXPRESSAR SUA CANALHICE. Moro veste a carapuça e diz que morte de menina nada tem a ver com seu projeto
No ceara o numero de pms com problemas psiquiátricos é significativo. Deve ser assim no pais todo.
Em 20 ou 30 anos com esses malucos na reserva nao vai ser um cenario agradavel.
Q pensem nisso
Mas eu desjo de todo coraçao q o pm q a matou a garota entre em profunda depressao e enfie uma bala de fuzil contra propria cabeça ainda este mes
Mas também, olha o cenário macabro:
– o PM mata em serviço;
– não recebe tratamento psicológico, porque isso é “frescura”;
– vai pra rua em 3 dias SE TUDO ISSO;
– na rua, mata de novo em serviço;
– novamente, volta pra rua sem acompanhamento psicológico;
– atende varias ocorrências e vê corpos humanos mortos de todo jeito;
– novamente, sem acompanhamento psicológico;
– salário ruim;
– mata de novo em serviço…
Na boa… tem até POUCOS psicopatas com essa estrutura da polícia! Sem falar nos que já entram na polícia pra “matar geral”, ou seja, já chegaram com distúrbios.
Na França, o stress dos policiais os estão levando ao suicídio, em uma onda que foi descrita como epidemia. Esta onde francesa se deveria ao ressurgimento do terrorismo e aos protestos incessantes dos Jaquetas Amarelas. Aqui, a violência aumenta até com o abertamente visível estímulo governamental. E os policiais não podem se dar ao luxo do suicídio. Os policiais, que deveriam ser treinados para bem servir à sociedade, sentem perfeitamente que estão sendo estimulados para se transformarem em uma espécie de jagunço cruel, sem qualquer sentimento de urbanidade e compaixão. Como você disse, tanta gente paranoica, e não apenas policiais, será problema em alguns anos que atingirá níveis tão preocupantes que exigirá um esforço específico de atenção devida pela recuperação psicológica das pessoas mais vitimadas pela atual violência generalizada. .
As pessoas no Brasil estão brutalizadas a tal ponto que defendem a criação de verdadeiros grupos de extermínio sob controle de estado.
Sempre considerei que a destruição do Brasil parecia ser irmã gêmea da destruição da União Soviética. Mas com a explicação sintética e urdida sobre dados e análises históricas irrefutáveis do professor José Luís Fiori, creio que esta questão fica inteiramente comprovada e esclarecida. Vale a pena conhecer em profundidade a experiência de quem já passou pelo mesmo lamaçal histórico que agora atravessamos. E é isto que encontramos no excepcional texto do Fiori, que pode ser lido aqui: http://www.vermelho.org.br/noticia/323530-1,
A barbárie chega quando discutimos ela como se fosse apenas atos administrativos, burocráticos. Aquilo (o Golpe) deu nisso (o vale tudo) e vice versa. É verdade também que além da trágica conjuntura há umas condições históricas e um transfundo determinante dessas condições repressivas e opressivas: a idéia de uma polícia de uma ordem oligárquica que trata problemas sociais como problemas policiais, que serve de proteção e arma afiada para o governante de plantão e não para a segurança dos cidadãos, que permite a corporação seja a carapaça de proteção do próprio crime que ela deveria combater. Enfim uma polícia contra a população e a serviço de uma minoria e dela própria. Imagino o inferno que deve viver um policial honesto, preocupado com a segurança da população e zeloso das instituições, se é que os há? Enfim estamos falando da oposição entre uma polícia para uma ordem oligárquica repressiva e opressiva e uma polícia para uma ordem democrática aberta e livre. As famílias e a população vivem as tragédia e o governante de plantão em seu cinismo típico as tratam como atos administrativos, burocráticos no máximo como “efeitos colaterais”, “redução dos danos” e ainda alegam que estavam protegendo as famílias. a população.
O artigo fala em 1% mas talvez a verdade chegue a 5% dos policiais assassinos, mas quem corre o risco de morrer baleado por revolta da comunidade são os 100%, então esses 95% dos bons policiais precisam se posicionar contra esse faroeste que está virando o Rio de Janeiro.
Estou esperando (sentado) as lideranças da esquerda convocarem um ato gigante em frente à sede do governo do Rio.
Essas lideranças estão ocupadas com coisas mais importantes: esperar 2022 chegar nos gabinetes com ar condicionado.
Meu Deus! Até quando viveremos o fim do repeito e solidariedade. Não é possível numa sociedade sem valores humanos, sem justiça.