Quem conhecia o general?

Duvido que 1% dos analistas brasileiros que estão tratando da crise entre Irã, Iraque e Estados Unidos tenha a menor noção de quem era o general Qasem Soleimani, assassinado com um míssil quando se dirigia ao Aeroporto de Bagdá.

Eu mesmo, inclusive.

Não tenho (e nem eles têm), portanto como escrever que ele era um terrorista ou um genocida. O que se tem de concreto é que ajudou a derrotar o Exército Islâmico no Iraque e na Síria, o que não chega a ser um demérito, tampouco possa se esperar que isso tenha sido feito com modos de lorde inglês, embora os lordes ingleses não tenham sido nada cavalheiros ao matarem 100 mil indianos na Revolta dos Sipaios, no século 19. Julio Verne, em tintas fortes, descreve uma das execuções, amarrando o indiano com a cabeça na boca de um canhão e disparando, em seguida. Dava um Isis, não é?

Também não corrobora a versão de um monstro as centenas de milhares de pessoas nas ruas chorando a sua morte. Na foto, o féretro do seu corpo, em Ahvaz, cidade de 700 mil habitantes, veja a proporção.

O coronel Ustra, pelas bandas de cá, só é chorado pela viúva e por Jair Bolsonaro.

Copia-se, sem nenhum senso crítico a versão da mídia norte-americana.

Vejo no Twitter a recordação de uma “pegadinha” feita por um centro de pesquisas de políticas públicas entre eleitores republicanos: 30% deles apoiavam o bombardeio a Agrabah, com o ligeiro detalhe de que Agrabah era o reino onde vivia Aladdin, o personagem do desenho da Disney.

O que há de concreto – e as coisas devem ser tratadas no concreto – é que os Estados Unidos violaram as leis internacionais e cometeram um assassinato contra uma autoridade estrangeira em um terceiro país.

Não foi a uma base militar rebelde, um acampamento armado, uma bateria de foguetes, mas a um comandante militar de um país reconhecido pelo mundo civilizado e com assento na ONU.

Essa visão se estende às expectativas sobre a reação iraniana. Muitos acham que isso vai ser feito com homens-bomba atirando-se sobre norte-americanos. Pode até acontecer, mas essa não será a essencial.

A turbulência econômica é o alvo do Irã e os meios para isso ele tem, militares ou políticos.

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

12 respostas

  1. Na verdade, usar o Cntl C/V de há muito tornou-se prática de nossa mídia. Basta olhar para a lava jato, quando os vazamentos eram divulgados sem maior verificação. Aliás, na última vaza jato, deu para ver um verdadeiro conluio (fazendo falta, Sr. Greenward)

  2. Eu também não sei detalhes da biografia do general mas fico abismada com a falta de consistência e qualidade dos analistas brasileiros, com raríssimas exceções (e existem) de uns poucos profissionais qualificados e experientes. Tenho acompanhado o noticiário de The New York Times, Washington Post, BBC News, Guardian e Le Monde, entre outros, e é chocante a quantidade e a qualidade dos comentários, informações e análises em comparação com a dos veículos brasileiros.

    Soleimani foi um dos poucos jovens soldados sobreviventes da revolta do povo iraniano contra a invasão do Irã por Saddam Hussein, então aliado dos EUA e armado até os dentes pelo tio Sam. Tornou-se um dos principais líderes das forças armadas e o artífice de uma estratégica união do Oriente Médio contra os ataques constantes e históricos dos EUA. Era ” bonzinho” ou “santo”? evidente que não, era um militar de alta patente envolvido na defesa de seu país a todo custo. Também não sei se era competente ou apenas um militar “superestimado” que armou uma série de ações sangrentas com seus parceiros do Hezbollah e da Síria, entre outros. Mas será que alguém aqui dos donos da ‘mídia especializada”, essa que morre de medo de ofender os milicianos do Flávio e de seu amigo Queiroz, evita magoar os bolsonaros e ernestos araújos, teria moral para chamar o general Soleimani de terrorista?

  3. E parece q nem o Trump e a ONU tinham noção de quem ele era. Trump o assassinou e a ONU….e a ONU…nada…nada de ação firme. Alguém informa à ela q um de seus membros foi assassinado. Ou ela vai ficar dizendo q é implicância do mundo contra o seu garotinho, q foi só uma peraltice?

  4. Saber quem foi o general não muda o fato de que ele foi vítima de um ataque terrorista!! Poderia ter sido um soldado, um mendigo, um professor, médico, um cidadão comum! Foi um ato terrorista cometido pelo farsante Trump pra agradar eleitores e tentar a reeleição e pronto!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *